O surpreendente título do Leicester no Campeonato Inglês, confirmado nesta segunda-feira, animou o elenco, a comissão técnica, a torcida e até responsáveis indiretos pelo feito. Nessa última categoria estão aqueles que viram os heróis improváveis do título crescer para o futebol e se transformar na temporada. Antes anônimos, jogadores se transformaram em ídolos, como o argelino Riyad Mahrez, de 25 anos, eleito pela Associação de Jogadores Profissionais o melhor da competição.
De divisões inferiores do futebol francês até o estrelato na liga mais cara do mundo, poucos anos se passaram. “É uma satisfação, e mais uma vez, é uma bela história. É um orgulho ver um garoto com o seu estado de espírito ser bem sucedido. É um garoto que representa os bons valores do futebol. Ele está no esporte simplesmente porque ele ama o futebol”, afirmou o diretor das categorias de base do Le Havre, Johann Louvel.
O dirigente do clube da segunda divisão da França foi o responsável por descobrir e alavancar a carreira do jovem meia. Em 2010, em um torneio de jovens, o time viu Mahrez em campo por uma equipe amadora, o Quimper. “Ele chamou a atenção. Fiz Riyad vir ao clube fazer um teste, que confirmou a qualidade que nós vimos. Foi aí que tudo começou”, contou.
O jovem, então, estava apenas com 19 anos. Quatro anos antes, tinha perdido o pai, que faleceu após sofrer ataque cardíaco. Ex-jogador de futebol, ele atuou em equipes da Argélia e incentivou bastante a carreira do filho. Riyad, apesar de ter a nacionalidade argelina, nasceu em Sarcelles, nos arredores de Paris.
O começo do jogador no Le Havre foi apenas em contrato de experiência. No ano seguinte, assinou o primeiro vínculo profissional e foi promovido ao time principal. “A velocidade, os dribles e as subidas ao ataque eram impressionantes, assim como a sua resistência. Sempre teve muita qualidade”, relembrou o dirigente.
O espaço no time francês rendeu convocações para a seleção argelina. Após disputar a Copa do Mundo de 2014, a proposta do Leicester chegou ao Le Havre. Antes de fechar a transferência, o jogador foi conversar com Louvel para saber o que achava da possibilidade. “Ele estava indeciso sobre deixar o clube, penso que ele também não acreditava em uma progressão tão rápida naquela época, finalmente ele fez a escolha de ir”, afirmou.
De acordo com o diretor, pesou para Mahrez a possibilidade de atuar com regularidade, e não tanto a visibilidade do futebol inglês. Naquela época o Leicester tinha apenas como objetivo não ser rebaixado. A baixa expectativa do passado e a euforia do título em 2016 não deslumbraram o argelino. “Ele continua equilibrado, sabe porque está lá, o que o fez avançar e a partir de agora quais são as escolhas que são importantes para ele no futuro”, disse o dirigente. Mahrez e Louvel se falaram por telefone recentemente, dias antes da decisão do título.