Derrota obriga o Paraná a vencer sete dos nove jogos

O bom segundo tempo frente ao Corinthians não foi suficiente. A décima derrota no Brasileirão deixou o Paraná Clube mais distante do seu sonho de, pela primeira vez, disputar uma Libertadores da América. Para chegar lá, o Tricolor terá que superar em muito seu rendimento atual, conquistando quase 80% dos pontos que disputará a partir de quinta-feira, quando recebe o São Caetano, no Pinheirão. Ou seja, um mínimo de sete vitórias nos nove jogos que tem pela frente.

O tropeço no Pacaembu custou ao time de Barbieri uma posição na classificação geral do Brasileiro. Em sétimo lugar, o Paraná terá que ultrapassar Santos, Palmeiras, Fluminense e Internacional para garantir vaga de forma direta na maior competição do Continente. Se levar a melhor apenas sobre três desses concorrentes, o clube ainda garantiria a quarta posição e presença numa etapa classificatória da Libertadores. Além de fazer sua parte, restou a torcida por tropeços desses rivais, em especial Flu e Inter, que ainda têm um jogo a mais para realizar.

"Difícil sempre foi. Mas, temos que acreditar e manter a concentração nas nove decisões que vamos disputar", comentou o atacante Borges. Mesmo tendo "passado em branco" frente ao Corinthians, o artilheiro paranista foi o atacante mais lúcido do Paraná no jogo e deu muito trabalho à zaga corintiana. "Merecíamos pelo menos o empate. O Fábio Costa estava em uma tarde inspirada e fez duas ou três defesas decisivas." Apesar do volume de jogo citado por Borges, o Tricolor mais uma vez finalizou muito pouco.

Com Marinho e Betão se revezando na marcação sobre Borges, o artilheiro teve que trocar finalizações por assistências e em uma delas André Dias bateu no canto direito para a defesa, com os pés de Fábio Costa. Os dois atacantes reclamaram muito e com razão das sucessivas faltas cometidas pelos zagueiros corintianos. A arbitragem de Djalma Beltrami Teixeira não foi das melhores, mas ele acertou ao não dar o pênalti reclamado pelos tricolores, quando Borges tentou tocar por elevação e Wendel fez o corte. O volante estava com o braço erguido, mas a bola tocou em seu rosto.

Reclamações à parte, ao encarar de frente o líder o Brasileirão sem o excessivo respeito dos quinze minutos iniciais o Paraná comprovou ser um time competitivo, que com alguns ajustes pode retomar o caminho das vitórias. Para atingir sua meta e não ter que se contentar apenas com a Copa Sul-Americana, o Tricolor precisa repetir, nas próximas rodadas, o aproveitamento que obteve na melhor série de jogos sob o comando de Barbieri. Entre a 27.ª e a 31.ª rodada, o clube obteve quatro vitórias e um empate, conquistando 86,6% dos pontos disputados. Deixando a matemática de lado, restou ao Paraná uma única saída, vencer, vencer, vencer…

Barbieri elogia "reação" do time

O técnico Luiz Carlos Barbieri deixou o Pacaembu satisfeito com o rendimento geral do time, mas com algumas preocupações. Mais uma vez o meia Éder não conseguiu (implacavelmente marcado por Marcelo Mattos) dar ritmo ao time. Peça-chave para o crescimento do time, Éder sofre com esse tipo de bloqueio, que deverá ser uma tônica nesta reta final do Brasileirão.

Por isso, Barbieri decidiu apostar suas fichas em Maicosuel, até então com uma tímida participação neste Brasileiro. "Ele é garoto e ainda está vivendo a fase de adaptação", lembrou o treinador. Durante a semana, Maicosuel fez treinos excepcionais e entrou em campo mais "solto" e confiante. Atuou diretamente para o crescimento do time no segundo tempo e supriu, na visão de Barbieri, a ausência de Sandro, até então sua "carta na manga" para mudar o perfil do time.

Lesionado, Sandro não viajou a São Paulo, mas deve ficar à disposição da comissão técnica para o jogo frente ao São Caetano. Quem também volta ao time é o zagueiro Daniel Marques, que cumpriu suspensão. Ele entra e Neguete sai. Mesmo tendo feito um bom jogo, o experiente Neguete recebeu o terceiro cartão amarelo e está suspenso. O treinador ganhou uma nova preocupação: Pierre deixou o campo lesionado (levou uma joelhada à altura da bacia) e Mário César talvez ainda sentindo os efeitos da amigdalite que o debilitou na semana passada não estava bem. Rafael Muçamba e Beto, titulares do time ao longo do primeiro turno, foram bem e melhoraram a qualidade de passe do time.

Satisfeito com o time, mas frustrado com o resultado, Barbieri reclamou muito da arbitragem.

Um acadêmico tricolor

Da arquibancada para a Academia Paranaense de Letras. No último dia 17, o publicitário Ernani Buchmann tomou posse da cadeira número 2 da casa dos imortais da literatura do Paraná. Como torcedor, jornalista, dirigente ou escritor, o novo acadêmico teve sempre sua trajetória ligada ao futebol.

Catarinense de Joinville, Buchmann conheceu em Curitiba a paixão pelo Ferroviário, que depois passou a se chamar Colorado. Foi um dos idealizadores da fusão com o Pinheiros e fundação do Paraná Clube, em 1989. Presidente do Tricolor em 1996 e 97, participou da conquista do pentacampeonato estadual (1993/97).

Dos quatro livros que levaram Buchmann à Academia, dois têm ligação direta com o futebol: a coletânea de crônicas Cidades e chuteiras, de 1987, e Quando o futebol andava de trem, 2002, que conta a história dos clubes brasileiros formados por trabalhadores ferroviários. Os outros são Heróis da liberdade, de 1999, e Onde me doem os ossos, de 2005.

A cadeira número 2 da Academia, hoje ocupada por Buchmann, tem como patrono Cândido Martins Lopes, fundador do primeiro jornal paranaense: O 19 de Dezembro. "De certa forma, mantenho a tradição de que todos os ocupantes da cadeira serem "jornalistas", diz Buchmann, lembrando de sua experiência como radialista, cronista esportivo e comentarista de televisão. "É ótimo fazer parte da Academia", diz. "É um local onde pessoas de alto nível cultural se reúnem para discutir literatura, poesia, história, assuntos que me agradam muito."

Aos 57 anos, Buchmann comanda sua agência de publicidade. Mas, mesmo sem fazer parte da atual diretoria do Paraná, continua ligado à administração do clube. Atualmente, participa do projeto de construção da nova Vila Capanema.

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