Derrota expõe os problemas do Coritiba

Foi só uma derrota, é verdade – apenas a décima na temporada. E ela aconteceu com uma incrível falha da arbitragem, que permitiu que o Guarani abrisse o placar com um gol impedido. Mas o Coritiba viveu em Campinas sua pior tarde no campeonato brasileiro, e o sinal de alerta foi aceso. A semana é decisiva para definir qual é o caminho da equipe na competição, e vencer o Goiás amanhã (20h30, no Couto Pereira) e o Atlético no sábado é fundamental nos planos de ainda se aproximar do Cruzeiro e sonhar com o título.

O técnico Paulo Bonamigo foi o primeiro a reconhecer que a atuação contra o Guarani foi fraca. “Nosso primeiro tempo foi muito ruim, e por causa disso o resultado do jogo foi justo”, confessa. Nem a já conhecida vontade, que foi tão importante em outros jogos, apareceu. “Se a gente jogasse com a atitude que mostramos nos quinze minutos finais, nós poderíamos ter melhor sorte. Foi quando equilibramos a partida e tivemos chances de empatar”, comenta.

Só que as falhas da equipe foram tão evidentes que acabaram tornando a derrota inevitável. Logo no primeiro lance do jogo, quando Rafael Silva marcou (o gol foi anulado por falta do atacante do Guarani em Reginaldo Nascimento), viu-se a desatenção da defesa nas bolas paradas. Isso se repetiu no gol de abertura -apesar do impedimento – e na falta cobrada por Alex, quando o lateral bugrino não foi pressionado e chutou com força, vencendo Fernando.

O goleiro, por sinal, foi um dos destaques da partida, salvando o Cori em diversas oportunidades. E ele também foi o principal ?armador? da equipe, já que, pela dificuldade na transição entre defesa e ataque, Fernando tinha que arriscar chutões para frente. “Eu tenho seis segundos para sair jogando. Se não aparece ninguém, tenho que me desfazer da bola”, justifica o goleiro. Como Jackson e Lima não viveram boa tarde, o meio ficou reduzido a Roberto Brum, que foi obrigado a fazer o que lhe foi orientado (ficar à frente da defesa) e o que era “proibido”(partir para o apoio).

Dessa forma, a maior dificuldade do Coritiba foi fazer a bola chegar ao ataque, isolando Marcel e fazendo com que Edu Sales voltasse para buscar jogo, ficando em uma zona congestionada – o lado esquerdo, onde Adriano era marcado por dois jogadores e ainda tinha que se desdobrar para acompanhar os avanços de Ruy. Na barafunda tática, o Coxa só conseguiu mesmo reagir após as entradas de Souza e Helinho. “Nós tivemos, por algum tempo, aquela identidade que nos fez estar onde estamos no Brasileiro”, diz Bonamigo.

Agora, o objetivo é a recuperação na mais difícil semana do campeonato. Amanhã, o adversário é o perigoso Goiás, equipe que mais evoluiu durante o segundo turno, e no sábado o Atletiba tem mando rubro-negro – apesar de haver a possibilidade do jogo não acontecer no Joaquim Américo. “Nós temos que vencer essas partidas se queremos chegar em algum lugar”, reconhece Roberto Brum.

Edu e Odvan fora; Lima pode ser sacado

Chegou a hora. Para o jogo de amanhã, contra o Goiás, o técnico Paulo Bonamigo já seria forçado a fazer duas mudanças, pois não terá os suspensos Odvan e Edu Sales. Mas o treinador alviverde estuda novas alterações, tentando criar um “fato novo” na formação alviverde que faça o time ser mais agressivo contra o time de Cuca. E a tendência é que o esquema 3-5-2 “alternativo” volte a ser utilizado.

As ausências de Edu Sales e Odvan são por causa das reclamações. O atacante, inclusive, irritou a comissão técnica e a diretoria por ter recebido dois cartões amarelos por reclamar de marcações de Alício Pena Júnior – fato que dá a Edu a “liderança” de advertências entre os jogadores do Cori, com treze cartões amarelos e um vermelho. Como Edu vem tendo atuações irregulares nas últimas partidas, sua posição como titular está ameaçada, dependendo da atuação de Helinho, que será seu substituto, contra o Goiás.

Para a vaga de Odvan, há duas situações visíveis no pensamento de Bonamigo. A primeira seria a alteração pura e simples por Danilo, mantendo a formatação tática habitual. A outra seria a entrada de Wil-lians, que jogaria como primeiro volante, passando Ceará para a zaga e liberando mais Roberto Brum e Jackson para o jogo. A explicação para a mudança seria a possibilidade de jogar o time mais para o ataque, principalmente porque o Cori precisa do resultado.

Mas Bonamigo deve mexer ainda mais. Irritado com o rendimento de alguns jogadores, ele ameaça. “Tem atletas que não estão mais se empenhando como antes, e se for assim eu tenho que mudar”, afirma. O “favorito” é Lima, que mais uma vez não conseguiu render, e já tinha sido chamado semana passada para uma conversa privada com o treinador.

Para a função – o jogador que liga meio e ataque -, Bonamigo tem várias opções. A primeira é Souza, que marcou o gol coxa em Campinas. Mas Alexandre Fávaro e Djames, que jogaram domingo o Atletiba da Copa Sesquicentenário, também podem ser usados. Como são dois dos principais cobradores de faltas do elenco, é possível que um deles jogue para o Cori ter (de novo) a opção das bolas paradas. Como o treinador alviverde ficou ontem em São Paulo, participando de programas de TV, as mudanças só serão anunciadas hoje.

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