Se o sinal de alerta já estava ligado no Atlético, agora são os alarmes que soam – e soam muito alto – no CT do Caju. Após a terceira derrota seguida no campeonato brasileiro, nenhum ponto e apenas um gol marcado na competição, a crise ameaça se instalar no Rubro-Negro, na véspera do jogo mais importante do clube no primeiro semestre. Uma situação desconfortável para o líder do grupo 1 da Copa Libertadores, que enfrenta o Independiente Medellín amanhã precisando de um empate para seguir em frente no torneio.
O clima poderia ser outro, afinal, o time vem de vitória sobre o Libertad, fora de casa. No entanto, os problemas físicos seguidos, o planejamento equivocado e a suspensão de Alan Bahia, sem contar o fiasco no Brasileirão até aqui, só fazem aumentar a pressão em cima de um time que ainda não se encontrou na temporada. Alterna grandes partidas com apresentações sofríveis. Por isso tudo é que o técnico Edinho Nazareth reúne o elenco hoje para juntar os cacos e montar o time para a partida das 21h15 de amanhã, na Kyocera Arena.
O semblante do treinador rubro-negro não era dos melhores, no sábado. Abatido, viu a equipe fazer qualquer coisa em campo, menos o que tinha sido combinado. "Os jogadores poderiam jogar melhor porque as coisas estavam a nosso favor. Tínhamos que ter tranqüilidade para isso e infelizmente nós não tivemos. Quando você não tem tranqüilidade e confiança para colocar a bola no chão, ainda mais jogando contra o Santos, na Vila Belmiro, você sofre uma derrota como aconteceu", apontou, com diplomacia.
Na verdade, sem poder fazer nenhuma alteração no grupo de jogadores, Edinho tem se esmerado para usar o que tem nas mãos. E o que tem não é muito, apesar da quantidade. Jogadores machucados em série, alguns inexperientes em competições importantes e outros que não mostraram ainda porque foram contratados concorrem também para os fracassos rubro-negros. "A gente sabe que a avaliação e o planejamento foi feito para daqui a dez, 15 dias. Na hora em que você perde um jogo, perde dois, certamente tem que ter um pouquinho mais de bagagem para segurar esse rojão, e infelizmente a equipe não conseguiu segurar", analisa Edinho.
O tom polido do treinador contrasta com o desabafo do zagueiro Marcão. "Não podemos deixar que esse resultado nos abata para a partida de terça-feira (amanhã) porque é o jogo de nossas vidas, e depois pensar no Corinthians. O Atlético não pode passar um ano disputando o título e outro disputando o rebaixamento", finalizou.
Edinho define hoje o time
Depois do retorno de Santos, os jogadores do Atlético já entraram em regime de concentração, ontem mesmo, no CT do Caju. Hoje, o técnico Edinho Nazareth comanda o treinamento apronto, à tarde, para definir o time que enfrenta o Independiente Medellín, às 21h15 de amanhã, na Kyocera Arena. O volante Alan Bahia, suspenso, está fora. No entanto, o atacante Aloísio, o zagueiro Baloy e o ala Jancarlos poderão regressar ao time que vai tentar a classificação para as oitavas-de-final da Copa Libertadores da América.
Mais uma vez, o treinador terá que esperar pelo departamento médico para definir a equipe. O zagueiro Baloy sentiu a panturrilha direita na quinta-feira e foi poupado da partida contra o Peixe para estar em condição de atuar contra os colombianos. A mesma coisa aconteceu com o atacante Aloísio e o ala Jancarlos, que trabalharam fisicamente para estarem na melhor condição possível amanhã. Se eles estiverem em condição, terão escalação garantida.
Já para o lugar de Alan Bahia, Cocito e Rodrigo Souto deverão disputar posição. Como não estão inscritos para a Libertadores, o ala Etto e o meia Rodrigo acompanharão a partida das arquibancadas. O mesmo acontece com o meia Fernandinho e o atacante Jorge Henrique, que estão machucados. A provável equipe do Furacão deverá ter Diego; Baloy (Durval), Danilo e Marcão; Jancarlos, Cocito (Rodrigo Souto), Ticão, Fabrício e Marín; Aloísio (Lima) e Maciel.
Rubro-Negro começou na frente, mas deixou o peixe virar
Não deu para o Atlético. No duelo entre os melhores times do Brasileirão-2004, deu Santos, sábado, na Vila Belmiro. A vitória por 2×1 de virada mantém o time paulista na liderança da competição, com 100% de aproveitamento. Na outra ponta da tabela, o Atlético completa três rodadas sem um ponto sequer e com um time que não é nem sombra daquele que empolgou sua torcida no ano passado. Principalmente no setor ofensivo.
Mas, não foi tão fácil assim. Por mais que o Santos quisesse a vitória, o Atlético era respeitado pelos donos da casa. Tocando a bola com precisão, o Furacão era alvo de precauções. Na primeira jogada em que Lima teve chance de dominar, ele abriu o placar. Na falha de Cristiano Ávalos, o atacante teve tempo até de ajeitar a bola para tocar no canto esquerdo de Henao. Um susto para o bom público que foi à Vila Belmiro, mas que (por incrível que pareça) dificultou muito a vida atleticana.
Tudo porque a partir deste instante o Santos se lançou por completo ao ataque, mas sem deixar terreno aberto para os contra-ataques atleticanos. Robinho começou a desequilibrar: com dribles e pedaladas, o atacante passou a levar muito perigo. Numa das jogadas, ele recebeu de Deivid e emendou de primeira, empatando o jogo. O golaço fez com que o Peixe assumisse de vez o controle tático da partida.
Veio o segundo tempo e logo de cara um contragolpe eficaz para o Rubro-Negro. Marín avançou pela esquerda e cruzou para Maciel, que bateu para fora. A resposta aconteceu com erro da defesa atleticana. Robinho roubou a bola e só não fez o gol porque Diego foi preciso na saída da meta. Logo depois, no entanto, a bola foi alçada na área e Durval se atrapalhou. Deslize mortal, pois Deivid só rolou para o zagueiro Halisson fuzilar: 2×1.
A partir da virada, o Atlético se viu obrigado a partir para o ataque, mas nem Caetano, que entrou no lugar de Lima, nem Maciel conseguiam levar vantagem sobre a zaga santista. Do outro lado, o Santos explorava os espaços com Danilo, jogando no costado de Etto e Ricardinho. Mas o Atlético não teve qualidade para chegar ao empate.
Médicos visitam Arena
O presidente João Augusto Fleury da Rocha, do Atlético, recepcionou, no sábado, cerca de 60 integrantes da Associação Norte-Americana de Treinadores de Futebol. Eles estão realizando um curso de aperfeiçoamento no CT do Caju e foram conhecer a Kyocera Arena, o estádio mais moderno do Brasil. A vinda deles para o país e a utilização das dependências rubro-negras se deve a Miguel de Lima, brasileiro radicado há 37 anos nos Estados Unidos. ?Nós trabalhamos muito para utilizar a imagem e a estrutura do Atlético no exterior. Em termos de modernidade e qualidade de gestão o Atlético já é considerado referência mundial no futebol", comemorou Miguel. Durante toda a semana, os treinadores permanecerão em Curitiba participando do Premier Course. Amanhã, eles acompanharão a partida entre o Furacão e o Independiente Medellín.