Depois do susto inicial, Coxa iguala placar, mas pára por aí

O dia era de comemoração, mas o convidado quase estraga a festa. Em partida que marcou os vinte anos do título brasileiro de 85, o Coritiba não passou de um empate com o Brasiliense, por 1 a 1, ontem à tarde, no Couto Pereira.

O Coxa chegou aos 22 pontos na tabela. Com o resultado, a equipe do técnico Cuca completa quatro jogos sem perder. Venceu o Flamengo (3 x 2) e empatou com Cruzeiro (2 x 2) e Figueirense (0 x 0).

Sem apresentar a mesma desenvoltura dos últimos confrontos, o Coritiba entrou em campo desatento. O pior, no início da partida, foi o zagueiro Alexandre Luz. Logo aos 2min, o defensor coxa teve um ?apagão?, e o veterano atacante Agnaldo agradeceu. Roubou a bola na intermediária, invadiu a área, tirou Vizzotto da jogada e empurrou para a rede, jogando uma ducha de água fria na empolgada torcida que voltou a dar boa resposta à promoção da Nestlè – mais de 27 mil alviverdes foram ao Alto da Glória ontem à tarde. Em relação ao zagueiro, a torcida não perdoou. A cada toque na bola, a galera vaiava.

E o gol deixou os coxas com os nervos à flor da pele. Os jogadores não faziam uma grande partida e quem agradecia era o Brasiliense, que dominava com certa facilidade o meio-de-campo. O excesso de erros de passe, facilitava os desarmes do Brasiliense, que só atacava na boa.

Mesmo sem apresentar um futebol brilhante, o time, empurrado pela exigente e contagiante galera, foi para cima. E num dos poucos lances de área, Régis derrubou Alexandre na área. O árbitro Sálvio Spínola marcou o pênalti.

Na cobrança, Rafinha bateu à meia altura e fraco e Eduardo defendeu. Mas o auxiliar Valter José dos Reis indicou que o goleiro não teria respeitado a posição sobre a linha. Na segunda cobrança, Rafinha trocou de lado e empatou o jogo.

O gol deu alívio e organização tática à equipe de Cuca. Embora tenha ampliado o domínio sobre o Brasiliense, o Coxa fez pouca coisa até o fim do primeiro tempo, mesmo com Alexandre ?ciscando? muito no ataque, a falha de finalização voltou a ser a tônica, ora com a falta de pontaria, ora com erro no último passe.

No intervalo, Cuca poupou Alexandre Luz, reforçando o ataque com Tiago. Mas o centroavante não soube aproveitar a oportunidade. Quem se destacou foi Caio e Jackson, dando mais mobilidade ao ataque alviverde.

Quem chegou perto de fazer o serviço para o ataque Coxa foi o volante Deda. Ao melhor ?estilo? Júnior Baiano, ele quase marcou um golaço, obrigando Eduardo a se esticar todo para evitar o segundo gol coxa.

Totalmente dedicado ao ataque, o Coxa se abriu aos contragolpes do Brasiliense. Num deles, Reginaldo Nascimento, que já havia recebido amarelo, foi obrigado a fazer falta em Alex Oliveira, sendo expulso. A diferença equilibrou as ações e o Brasiliense passou a avançar mais.

Mas logo depois, o próprio Alex Oliveira foi expulso por fazer falta violenta em Jackson e receber o segundo amarelo.

O final da partida foi de um jogo franco e aberto, mas sem maiores emoções.

Gionédis admite que está atrás de um matador

Agora é oficial: o presidente do Coritiba admitiu ontem, pela primeira vez, estar atrás de um centroavante para resolver os problemas de falta de pontaria do Alviverde. O cartola se disse decepcionado com o que viu ontem no confronto contra o Brasiliense.

Fazendo coro ao técnico Cuca, que soltou o verbo e criticou todos os setores de sua equipe, Gionédis disse que faltou à equipe ontem, o que havia em abundância no elenco de 1985 e que foi ?repatriado? para a festa dos 20 anos: raça e amor à camisa.

?Estou arrependido de estar com a folha de pagamento em dia, os ?bichos? em dia?, desabafou o manda-chuva do Alto da Glória, argumentando que todos os esforços da diretoria não estão sendo correspondidos pelo atual elenco. Ele afirmou que a diretoria, que preparou uma mega-festa para a comemoração do título, não viu em campo um time de pegada.

Sobre o centroavante matador, Giovani disse, pela primeira vez, que o clube está se movimentando. ?Respondi um email de um torcedor, pedindo uma lista. Mas da lista de quinze nomes que este torcedor enviou, a maioria dos nomes é de jogadores que custam muito caro?, explicou o dirigente, que já acionou o coordenador de futebol, Oscar Yamato, para correr atrás de possíveis reforços para o ataque.

De forma aberta, Cuca ?rifou? o zagueiro Alexandre Luz. ?O Alexandre tem que aprender que dar chutão não é feio?, detonou o treinador. Sobre a expulsão de Nascimento, ele voltou a criticar a falta de aplicação tática de sua equipe, pois foi um erro de passe do Capixaba que obrigou o capitão a cometer a falta que lhe rendeu o segundo amarelo.

E o Coxa sem Rafinha?

Ontem pode ter sido a despedida do último grande jogador que o Coritiba tem em seu elenco. Incontestavelmente considerado um craque de bola, destaque da seleção sub-20, Rafinha pode embarcar para a Alemanha hoje, onde defenderia o Schalke 04, time da primeira divisão da Bundesliga.

Em entrevista após o jogo, o presidente do clube, Giovani Gionédis disse que ainda não recebeu a proposta oficial dos alemães. Mas, se receber a documentação – leia-se depósito ou garantia bancária – libera o jogador para o clube alemão.

Além de ser o cobrador oficial de pênaltis, Rafinha é uma das principais armas para atacar. Seguro na defesa, ele é uma peça fundamental desde que subiu do time júnior, no início de 2004. Quando chegou à equipe titular, ainda com Antônio Lopes como treinador do Coxa, ele era uma das referências do elenco.

Uma pergunta, no entanto fica no ar: caso o negócio com os alemães dê certo, como ficaria o Coxa?

Volta olímpica em casa

Ontem foi um dia para a torcida coxa-branca reviver bons momentos. Com uma festa para relembrar o título de campeão brasileiro de 1985, uma partida disputada na preliminar do confronto contra o Brasiliense (que hoje comemora cinco anos de vida), a diretoria alviverde reuniu todos os jogadores que naquele histórico 31 de julho alcançaram a maior conquista do clube.

O confronto foi entre os campeões e um combinado de master. Ao final da peleja comemorativa, empate em 1 a 1. A festa foi completa, com direito a volta olímpica. No intervalo do jogo principal, os heróis da conquista do título carregaram o troféu de campeão de 1985 e foram aplaudidos pela torcida.

?Na época demos a volta olímpica no Maracanã, pois demoramos para chegar e não conseguimos dar a volta aqui no Couto Pereira, que estava lotado. Hoje conseguimos. Relembrar é viver?, vibrou Rafael, ex-goleiro do Coritiba.

À noite, no Jockey Clube, os jogadores voltaram a se reunir numa outra festa, onde a torcida alviverde pôde ver de perto os ídolos da conquista, com direito a autógrafos e muita conversa sobre futebol.

CAMPEONATO BRASILEIRO
Local: Couto Pereira
Árbitro: Sálvio Spínola Fagundes Filho (FIFA-SP)
Assistentes: Valter José dos Reis (FIFA-SP) e Geraldo José Vollet Pinheiro (SP)
Gols: Agnaldo, aos 2? e Rafinha, aos 25?, do 1.º tempo.
Cartões amarelos: Régis, Deda e Márcio Careca.
Expulsões: Reginaldo Nascimento e Alex Oliveira
Público: 27.276 pagantes.
Renda: R$ 102.660,00.

CORITIBA 1X1 BRASILIENSE

Coritiba: Vizzotto; Rafinha, Vágner, Alexandre Luz, Reginaldo Nascimento e Jackson; Ricardinho, Márcio Egídio, Luís Carlos Capixaba (Rodrigo Batata), Caio (Alcimar) e Alexandre. Técnico: Cuca.

Brasiliense: Eduardo; Dida, Régis, Jairo, Márcio Careca, Deda, Pituca, Vampeta, Róbston, Alex Oliveira eAgnaldo. Técnico: Joel Santana.

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