A arbitragem foi a grande culpada pela derrota da Adap na tarde de ontem. Essa é a opinião de todo o elenco mourãoense e do técnico Gilberto Pereira. Após o confronto de ontem, eles não pouparam críticas ao árbitro Evandro Rogério Roman.
Dois lances revoltaram o time de Campo Mourão: o pênalti que propiciou a abertura do placar para o Paraná e o gol anulado de Marcelo Peabiru, aos 21? do primeiro tempo.
?O pênalti não foi e o impedimento também não. Não acredito que ele teve má intenção, mas foram dois lances cruciais?, lamentou o treinador da equipe do interior.
Os jogadores também não estavam nada satisfeitos com a atuação de Roman. ?Além de anular um gol legítimo e marcar um pênalti que não existiu, as faltas que ele marcava para eles, ele não via do lado de cá?, reclamou o atacante Marcelo Peabiru.
Para Gilberto Pereira, o principal erro da Adap foi apostar demais na individualidade. ?Temos que jogar mais em conjunto, e não tão individualmente. Então, o projeto de jogo do Paraná, marcando forte e saindo em velocidade, foi superior. Nós jogamos como Paraná e o Paraná jogou como Adap?, resumiu.
Agora, o grande desafio de Gilberto é não deixar o elenco desanimar com a ampla vantagem aberta pelo Tricolor. ?Não podemos entregar nada. Se não der para reverter, temos que pelo menos buscar uma vitória, para mostrar que o que aconteceu aqui foi uma fatalidade?, afirma.
Os atletas garantem que ainda acreditam no título e que podem reverter a situação no Pinheirão. ?Da mesma forma que eles ganharam de 3 a 0 aqui, nós podemos reverter, se tivemos um pouco mais de audácia. Foi isso que faltou hoje (ontem), audácia?, crê o meia Warlley. O elenco da Adap retornou ontem a Campo Mourão. Hoje, o dia é de descanso e amanhã recomeçam os treinamentos.
Bastidores da final
A tarde de ontem parecia perfeita para mais uma conquista histórica da Adap. Desde o final da manhã, o movimento era grande nas ruas próximas ao Estádio Willie Davids. Os ônibus com torcedores da Adap não paravam de chegar, deixando a região parecendo uma parte de Campo Mourão.
No total, mais de 30 ônibus deixaram a cidade-sede da Adap, além de centenas de automóveis. Assim, pelo menos 5 mil pessoas se deslocaram cerca de 80 km até Maringá. Mais de 5% da população de Campo Mourão, que tem 80 mil habitantes.
Entre as camisas e bandeiras rubro-negras, um grupo em especial se destacava. Com uma grande panela, aquecida por um fogareiro montado sobre a calçada, o cozinheiro Peteleco preparava arroz de carreteiro para cerca de 50 torcedores.
Entre eles estava o pecuarista Carlinhos Teodoro, que organizou a excursão até Maringá. ?Está tudo preparado para mais uma vitória. Vai ser 2 ou 3 a 1. A Adap é um time que cresceu na hora certa e vem forte na decisão. Merece o título, porque é um time novo, que vem se organizando com uma visão empresarial?, acreditava.
Já a torcida paranista era mais difícil de ser notada. Eram três ônibus da torcida Fúria Independente, além dos torcedores que preferiram enfrentar de carro os mais de 420 km que separam Curitiba da Cidade Canção. Como o funcionário público João Amaro, de Colombo, que veio com a esposa Sônia e a filha Jeannie. ?O Flávio vai fechar o gol mais uma vez e vai garantir a vitória do Paraná?, apostava João. Já Jeannie preferiu lembrar que um membro da família havia ficado na capital. ?Tenho uma irmã que é coxa. Como ela já foi adaptada, fica em casa?, brincou.
Quando a bola rolou, parecia que a torcida da Adap iria tomar conta do ambiente. Mas o gol paranista, no início do confronto, esfriou a galera, e o canto tricolor do Willie Davids passou a prevalecer.
No final, os paranistas deixaram o estádio aos gritos de ?é campeão?. Já a galera da Adap estava revoltada com a arbitragem. Houve até um princípio de tumulto nas cadeiras, com muito bate-boca entre os torcedores mourãoenses e dirigentes tricolores, que estavam em um camarote. Mas com os ânimos acalmados, a caravana partiu de volta para Campo Mourão, bem mais silenciosa do que antes.