O Desafio Internacional de BMX, evento-teste para os Jogos Olímpicos do Rio-2016, acabou sendo um desafio à paciência de atletas, organizadores e até mesmo do público que compareceu ao Complexo Esportivo de Deodoro, na zona oeste da cidade. Apesar de a posição oficial do Comitê Rio-2016 ser de que “o balanço final foi muito bom”, o evento ficou longe do ideal. A pista, reformada às pressas no último sábado, foi pouco testada neste domingo porque a competição foi abortada com pouco mais de duas horas em função da chuva, que tornou a prova perigosa. E isso incomodou o presidente do comitê, Carlos Arthur Nuzman, que considerou um erro a mudança na pista.

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A competição estava marcada para acontecer durante todo o fim de semana, mas na última sexta-feira os atletas se negaram a entrar na pista por considerarem muito perigosa. Após reuniões ao longo do dia, ficou decidido que a organização faria mudanças no traçado durante o sábado, o que permitiria que o desafio internacional fosse disputado no domingo. Isso de fato aconteceu, mas a chuva que caiu na zona oeste no início da tarde atrapalhou de vez a competição; ela começou por volta do meio-dia e foi interrompida pouco depois das 14 horas. Às 16 horas, a organização deu o evento por encerrado.

O motivo foi o perigo aos atletas, como confirmou o Comitê Rio-2016. Mas, mesmo assim, a avaliação da entidade foi positiva. “Acho que não poderíamos ter feito um melhor teste. Todas as modificações que fizemos na pista, as adaptações e as conversas com os atletas e os líderes das equipes fizeram deste teste real. Nós tivemos ainda outro componente que foi a chuva no fim, que faz com que a gente tenha que tomar muito mais cuidados no ano que vem, mesmo sendo um período de seca”, afirmou Agberto Guimarães, diretor de Esportes do comitê. “O balanço foi muito bom”.

Um pouco mais cedo, porém, o presidente da entidade, Carlos Arthur Nuzman, não conseguiu esconder o incômodo com o evento-teste abreviado. Ele criticou a decisão de alterar a pista e chamou o delegado da União Ciclística Internacional (UCI) de “fraco” por ter atendido a solicitação dos atletas para mudar a pista sendo que ela já havia sido autorizada pela federação internacional.

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“Nós cumprimos o que a federação internacional pediu. É ela que tem que se explicar com seus atletas”, disse Nuzman. “O delegado tem que entender o que sua federação aprovou e não aprovou. Me surpreendeu muito o delegado técnico ser fraco e não ter segurado e ter dado as determinações do que deveria ser feito. Quem quisesse descia, quem não quiser acho que deve procurar outro esporte. Esse esporte é radical”.

O delegado de provas Kevin Maccuish não entrou em polêmica. “Apesar de não termos completado o evento hoje (domingo), nós fizemos um bom teste. A pista não pode ser aprovada antes de termos um evento-teste de sucesso. O percurso foi aprovado pela federação internacional, mas identificamos algumas questões que deveríamos mudar”.

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Para Renato Rezende, melhor brasileiro no ranking da modalidade, a pista de fato precisava de mudanças. “Ficou um pouco perigoso alguns pontos da pista, mas já arrumaram esses pontos. Tenho certeza que, para os Jogos, ainda vão dar uma lapidadinha”, disse. “O asfalto da curva está soltando um pouquinho, precisa de uma compactação maior e colocar um produto em cima da terra para ficar mais duro, pra bike andar mais. São pequenas coisas que não deu pra colocar em 24 horas”.

Mesmo com o pouco tempo para teste, o Comitê Rio-2016 descartou realizar uma nova competição antes da Olimpíada. “Nós não faremos nenhum evento-teste mais. O que nós conversamos com as equipes é a gente abrir a pista a partir do ano que vem para que eles possam treinar. A gente faz a partir daí algumas observações do uso dessa pista, a manutenção, e qualquer alteração a gente faz”, declarou Agberto Guimarães.