Depoimentos de ex-namorada traída complicam Pistorius

O quinto dia do julgamento de Oscar Pistorius, nesta sexta-feira, foi marcado por declarações polêmicas e muita emoção no tribunal de Pretória. E relatos de Samantha Taylor, ex-namorada do astro paralímpico, devem complicar ainda mais a situação do paratleta sul-africano, que é acusado de ter matado de forma premeditada a sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, atingida por quatro tiros disparados pelo renomado esportista no dia 14 de fevereiro do ano passado. Ele alega que atirou por tê-la confundido com um ladrão em sua residência.

Emocionada, Samantha precisou se recompor por várias vezes durante o seu depoimento, no qual disse que o paratleta biamputado sempre carregava um arma de fogo consigo, que algumas vezes gritou raivosamente com ela, sua irmã e seus amigos, e uma vez atirou para cima com uma arma através do teto solar do seu carro. Para completar, também confirmou que seu relacionamento com Pistorius terminou quando ele a traiu com Reeva.

Samantha também descreveu alguns dos hábitos do paratleta enquanto eles estavam namorando, entre os quais o de que ele sempre dormia com uma arma na cabeceira de sua cama ou junto às próteses que coloca no chão enquanto está deitado. As observações apontadas por ela entram em conflito direto com as alegações de Pistorius, que atirou contra a porta do banheiro do próprio quarto, atingindo Reeva nas primeiras horas do dia 14 de fevereiro do ano passado.

O testemunho de Samantha nesta sexta desenhou a figura de um homem que tem um temperamento forte e gostava de usar armas. De acordo com ela, o atleta carregava uma pistola 9mm consigo “o tempo todo”, sendo que a ex-namorada ainda relatou uma ocasião no qual Pistorius foi parado por um policial por estar dirigindo acima do limite de velocidade e teria apresentado um comportamento assustador ao se enfurecer com o oficial. No caso, ao colocar a arma que portava no assento do carro, foi advertido pelo policial de que a arma não poderia estar ali.

Advertido, o paratleta, que estava no carro ao lado do amigo Darren Fresco, reagiu da seguinte forma, segundo relatou Samantha: “Oscar gritou com o policial e disse que ele não deveria ter tocado na arma. Cerca de dois minutos depois (já fora do local onde foi abordado pelo policial), Oscar pegou a arma e atirou para cima, dentro do carro. Ele atirou porque estava muito bravo com o policial e achou engraçado irritá-lo. Ele riu depois do disparo”.

Samantha começou a namorar Pistorius em 2011, depois de ter o conhecido no ano anterior. Neste período de namoro, ela também descreveu outro incidente no qual Pistorius usou uma arma para ameaçar uma pessoa dentro de um carro, enquanto ele acreditava que estava sendo seguido por outro veículo quando voltava para casa. “Quando nós chegamos em sua propriedade, ele pulou para fora do carro com sua arma e a apontou para janela de alguém, e eles então foram embora”, revelou.

A ex-namorada de Pistorius ainda fez questão de enfatizar que não é válida a argumentação da defesa do paratleta, que chegou a dizer que o mesmo costuma gritar como uma mulher quando está nervoso. A defesa adotou essa estratégia após relatos de vizinhos confirmarem que foram ouvidos gritos de uma mulher dentro da casa do velocista na madrugada do crime. Pistorius nega que tenha discutido com Reeva na noite do assassinato.

Também nesta sexta-feira, o médico radiologista Johan Stipp deu prosseguimento ao depoimento que começou a fazer na última quinta no julgamento. Ele esteve presente na cena da tragédia logo após ouvir os tiros, assim como chegou a apontar que Pistorius tentou ressuscitar Reeva e disse a ele que a confundiu com um invasor em sua residência. Porém, Stipp admitiu que viu luzes acesas na casa do paratleta no momento dos tiros, contradizendo a versão do ícone do esporte sul-africano, que disse ter disparado contra a porta do banheiro onde estava a modelo quando as luzes do seu quarto estavam apagadas.

Antes mundialmente admirado, Pistorius viveu o ápice de sua carreira em 2012, quando participou dos Jogos de Londres, se tornando o primeiro competidor paralímpico a disputar uma edição da Olimpíada. Além disso, o sul-africano conquistou oito medalhas em Jogos Paralímpicos, sendo seis delas de ouro.

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