Treze dirigentes e árbitros do futebol paranaense vão sentar no banco dos réus do Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paranaense de Futebol (TJD-PR). Ontem, a procuradoria do TJD apresentou denúncia aos acusados de envolvimento em manipulação de resultados. Todos vão a julgamento, provavelmente no início do mês que vem, e correm risco de eliminação do futebol. Em seu relatório, o procurador Davis Bruel ofereceu denúncia a todas as pessoas indiciadas pelo auditor Octacílio Sacerdote Filho, responsável pelo inquérito. O único nome que não vinha sendo mencionado era o do ex-diretor de árbitros da FPF, Fernando Luiz Homann, acusado de receber dinheiro para escalar determinados árbitros.
Os denunciados têm prazo de três dias para apresentar defesa por escrito. Depois disso o dia do julgamento será marcado, mas o presidente do TJD, Bôrtolo Escorsin, adiantou 10 de outubro como a data provável. Os 13 acusados foram inclusos nos artigos 241 ou 242 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que prevêem eliminação do futebol. Alguns deles serão julgados por infração a outros artigos do CBJD.
O TJD confirmou que uma cópia do relatório será protocolada em forma de notícia-crime à Promotoria de Investigação Criminal (PIC). O órgão do Ministério Público vai analisar o documento antes de determinar a abertura ou não de inquérito. Sacerdote notou durante as investigações indícios dos crimes de estelionato, extorsão, apropriação indébita, sonegação fiscal e formação de quadrilha.
O presidente do Tribunal disse que há uma possibilidade, ainda que remota, de reversão de resultados, caso comprovada a manipulação. ?Os casos serão avaliados um a um. Mas é difícil haver anulação de partidas em torneios já homologados?, adiantou Escorsin. Para avaliar a questão, o TJD pediu à FPF a escala de todos os jogos apitados pelos denunciados e a classificação do Paranaense da 1.ª e 2.ª divisão nos últimos cinco anos.
Os denunciados são os árbitros José Francisco de Oliveira (?Cidão?), Carlos Jack Rodrigues Magno, Antônio de Oliveira Salazar Moreno, Marcos Tadeu Silva Mafra e Sandro César da Rocha, além do presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Paraná, Amoreti Carlos da Cruz, apontados por Evandro Rogério Roman como membros da ?máfia do apito?; Valdir de Souza e Antônio Carvalho, que eram presidente e vice da Comissão de Arbitragem da FPF; os dirigentes Sílvio Gubert, do Operário, e Genezio Camargo, do Foz do Iguaçu, e Gilson Pacheco, do Marechal Cândido Rondon, que são suspeitos ou já confessaram suborno a árbitros em jogos da Série Prata; e o diretor administrativo da FPF, Johelson Pissaia, que pediu afastamento temporário de suas funções. Outras 13 pessoas foram convocadas pela Procuradoria para prestar depoimento como testemunhas de acusação.