Ainda não dá para dizer que a torcida o perdoou, mas Dênis Marques pode ganhar uma nova chance com a galera. A boa apresentação, em poucos minutos, contra o São Caetano, e o gol da vitória sobre o Juventude já credenciam o atacante a pedir uma vaga no Atlético. A bola está com o técnico Givanildo de Oliveira, que pensará a respeito disso para a partida contra o Cruzeiro, quarta-feira, no Mineirão.
?Essa vitória foi fruto do nosso trabalho. Sei que se jogar bem, a torcida apoiará. E que se jogar mal, eles vão vaiar?, analisa Dênis. Criticado pelos torcedores, o jogador garante que tem mantido o profissionalismo e que sua má fase coincide com a do time. ?Essa vitória representa muito para nós e para a torcida?, destaca.
Sacado da equipe ainda na era de Lothar Matthäus e depois por Giva, ele quer reconquistar o lugar que já foi dele. ?Independente do gol que fiz, vou sempre esperar a opção do treinador para que eu jogue?, garante. Mas, assim como o treinador, o alívio também veio para Dênis.
?Eu e o Givanildo não estávamos passando por um momento bom dentro do clube, por isso fui abraçá-lo.
Sei muito bem o que ele estava passando, senti na pele?, diz.
?Estávamos precisando vencer aqui na Arena. Agora teremos uma partida contra uma grande equipe que é o Cruzeiro?, antecipa. Para tanto, os trabalhos já acontecem hoje no CT do Caju. Sem nenhum desfalque, o treinador terá o retorno de Jancarlos após suspensão automática e ainda pode ter Dagoberto e Pedro Oldoni, que se recuperam de lesão.
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Sem a mesma pressão de jogos anteriores, o técnico rubro-negro deverá voltar a conversar normalmente com os repórteres. Em duas semanas de altos e baixos, Giva só tinha falado uma vez com uma equipe de tevê na partida contra o São Caetano. Ele se mostrava resignado em responder se sairia ou ficaria no clube. Perguntas que se tornaram constantes após ele declarar que poderia entregar o cargo após a derrota (2 a 1) para o Internacional.
?Temos muito para fazer ainda?, diz Givanildo
?Nós não fizemos nada porque ainda estamos devendo.? Foi assim que o técnico Givanildo de Oliveira quebrou o silêncio e desabafou após a suada vitória de sábado sobre o Juventude por 1 a 0. Visivelmente emocionado ao deixar o gramado da Baixada, ele confirmou que havia pedido demissão, mas que a diretoria não aceitou. Ele não agüentava mais ver o time perder tanto, mas recebeu o apoio dos dirigentes e dos jogadores e continuou no cargo. Aliviado, voltou a falar com a imprensa, abriu o coração, disse que a pressão é grande, que não pôde contar com jogadores importantes e que ainda não conseguiu o zagueiro que queria.
?A alegria por essa vitória é maior porque foi sofrida, em cima da hora. Fiquei mais aliviado porque a bola não estava entrando no gol adversário e agora entrou?, desabafou. E não deve ter sido fácil mesmo suportar a pressão. ?Não dão tempo. Perdi o Dagoberto, depois perdi o Pedro Oldoni, estamos em dificuldade para contratar um zagueiro. Perder cinco jogos em sete, mas eles (os jogadores) me deram força?, apontou.
E não foi só os jogadores.
Ao contrário do que a diretoria alardeou, Giva pediu demissão. ?Eu entreguei o cargo, mas ele (Petraglia) não aceitou. Não sou de puxar o saco, mas ele falou que o projeto estava em andamento e era para ficar?, revelou. De qualquer forma, ele (Petraglia) sabe que essa vitória ainda não é o Rubro-Negro que ele quer. ?Nós estamos devendo. Se há uma coisa que ninguém pode dizer é que os jogadores não estão correndo. Mas não fizemos nada ainda?, projetou.
Para o treinador, a pressão por não vencer em casa estava chegando ao limite. ?Essa história estava chateando a mim e ao grupo. Há uma cobrança exagerada, sistemática, mas essa vitória não apagou tudo não.
Pelo menos, tirou essa agonia de não ganhar aqui (na Baixada)?, disse. Depois da coletiva improvisada no gramado mesmo, toda a cúpula do Furacão foi até a entrada da zona mista recepcionar Givanildo e cumprimentar o treinador pela brilhante vitória.