De 110 a 220 volts. O atacante Denis Marques, alagoano que tem toda a tranqüilidade de um autêntico baiano, mudou. O calor dos jogos e a proximidade do término do campeonato deixaram Denis “ligado”. Uma prova clara foi a reação que ele teve ao perder um gol no último domingo, contra o Flu. Ele recebeu da direita e, sozinho com o goleiro, chutou rente à trave esquerda.
“Explodi e chutei a placa. Mexeu comigo. Eu já estava comemorando e a bola saiu. Subiu o sangue”, confessa, agora em tom mais calmo. A atitude intempestiva do jogador chamou a atenção do companheiro de ataque Washington, acostumado com o jeito tranquilo do parceiro. “Ele é muito calmo. No teste de stress, deu quase zero. Acho que ele andou tomando uns choques”, brinca o artilheiro.
Para o treinador, a atitude explosiva tem mais a ver com a grande cobrança que Denis tem feito a si mesmo. Justamente por isso, Culpi deu apoio a ele e o manteve em campo. Deu no que deu: foi dele o passe para o primeiro gol de Washington. “Ele é importante também para servir os companheiros.”
A cobrança de Denis em relação ao próprio desempenho é natural. Afinal, após um rápido período de adaptação, ele recebeu a dura missão de substituir ninguém menos que o queridinho da torcida, Dagoberto, vice-artilheiro da equipe e um dos grandes destaques atleticanos na temporada. “Não foi fácil, mas agora a pressão passou. A cobrança já foi bem assimilada”, diz.
Um fator importante para a nova fase, mais “ligada”, é o crescimento do entrosamento com a equipe, em especial com Washington. “Isso não vem de uma hora para outra. Agora, estamos mais adaptados ao estilo um do outro e a tendência é que essa sintonia continue crescendo.” Washington assina embaixo e dá o voto de confiança em Denis. “Eu estava 100% com o Dagoberto, mas vínhamos jogando há mais tempo. É natural que o índice tenha caído, mas estamos recuperando. O Denis já pegou a manha e agora é só tabela.”
Torcida faz fila na Arena, mas ainda restam muitos ingressos
Time na liderança isolada do Brasileirão, retorno à Arena após quatro rodadas e revanche contra um dos poucos times que conseguiu bater o Atlético por um placar elástico – 4 a 1 no primeiro turno. Na teoria, esses ingredientes prometem casa lotada no domingo, às 16h.
Mas, por ora, é só teoria mesmo. Talvez pela pequena expressividade do adversário ou em função da necessidade de economizar dinheiro para as rodadas finais, apenas 6.500 ingressos foram vendidos até agora. O feriado da Proclamação da República, que cai na segunda-feira, também pode estar prejudicando as vendas.
Apesar da fila formada nas proximidades da Arena, o movimento não foi o esperado. Tanto é verdade, que sobraram até mesmo ingressos mais baratos, que custam R$ 10,00 e são destinados a estudantes e idosos, nas retas dos gols. Entretanto, estes estão perto de se esgotar.
Divisor
Mais do que manter a liderança, de preferência com o apoio da torcida, o Atlético quer dar o troco no adversário, que sapecou 4 a 1 no primeiro turno, em Criciúma. Não que exista um clima de revanche, mas ninguém esconde que seria ótimo uma reafirmação em cima do Criciúma. “Nesse momento, não escolhemos adversários. Mas jogar contra o Criciúma é interessante. Aquela partida serviu como um divisor de águas. Depois daquela derrota, ficamos 18 jogos sem perder”, diz Diego.
De fato, a partida foi disputada em uma série curiosa do Atlético. Depois de bater o Goiás por 6 a 0, o time foi goleado pelo Inter por 6 a 0, venceu o Flu em casa por 4 a 1 e tomou de 4 a 1 do Cricíuma. “Estávamos nos encontrando no campeonato e passamos por um período montanha-russa. Depois daquele jogo, nos reunimos e definimos o caminho. Aí veio a invencibilidade e afirmação no campeonato”, diz o goleiro.
Justamente em função do período de instabilidade da época, o zagueiro Marinho acredita que a goleada do Criciúma tenha sido um acidente de percurso. “Não que o adversário não tenha de ser respeitado. Mas aquele jogo foi estranho. Tomamos dois, tivemos um gol anulado descontamos e no ímpeto de reverter, tomamos mais dois. Foi um alerta. Encontramos o equilíbrio emocional depois daquele jogo.”
Lori Sandri mantém o esquema
Criciúma
– O técnico Lori Sandri deverá utilizar novamente o esquema de jogo 3-6-1 no duelo contra o Atlético, na tarde de domingo, em Curitiba. O comandante do Criciúma aprovou o sistema no empate em 1 x 1 com o Santos, no último final de semana.“Vamos destacar novamente a marcação. O jogo será difícil porque é fundamental para as duas equipes, e nosso objetivo é sair de Curitiba com um resultado interessante”, afirmou Lori Sandri.
Luciano, Duílio e Ronaldo deverão formar o trio de zagueiros. Como Paulo César será obrigado a cumprir a chamada suspensão automática, a tendência é que Geninho receba uma nova oportunidade para atuar entre os titulares, formando a dupla de volantes ao lado de Cléber Gaúcho.
Na ala-esquerda, Luciano Almeida começou a semana entregue ao departamento médico, mas deverá ficar normalmente à disposição de Lori. Após ter desfalcado o time no confronto com o Peixe, Douglas retomará o seu lugar no meio-de-campo.