Depois de fracassar na realização do único objetivo real que traçou para marcar sua administração, a conquista do hexacampeonato na Copa do Mundo em casa, José Maria Marin começa a preparar sua saída de cena. Ele deixará a presidência da CBF, passando o cargo para Marco Polo Del Nero, eleito em abril e com quem forma parceria afinada desde que assumiu a entidade, em março de 2012 – quando herdou o cargo com a renúncia de Ricardo Teixeira.
Estatutariamente, a transferência de cargo se dará em abril de 2015. No entanto, vira e mexe surgem comentários de que Marin poderá renunciar antes desse prazo em favor de Del Nero – hoje, ele assumiria por ser o vice-presidente mais velho. “Eu vou cumprir o meu mandato até o final”, garante o octogenário dirigente. Del Nero, por sua vez, não se mostra disposto a assumir já o poder de fato e de direito. Quer evitar o desgaste do fracasso da seleção, cuja comissão técnica foi formada a partir de uma ideia sua – formar a dupla Scolari-Parreira.
Além disso, de acordo com pessoa próxima ao atual presidente da FPF, em época de turbulência nas relações entre CBF e governo federal, ele prefere aguardar as eleições de outubro para ter um quadro mais claro de como se comportar na “relação institucional”. Marin ressalta que Felipão teve todas as condições para preparar a seleção para a Copa, a começar pela reforma da Granja Comary. O fato de o título não ter vindo, garante, não vai mudar sua maneira de administrar a CBF. “A vida segue. Vou continuar trabalhando pelo futebol brasileiro.”
MAIS DO MESMO – A transferência de cargo não muda muito em termos administrativos. Marin e Del Nero pensam da mesma maneira e, desde que chegaram ao poder, incrementaram o “toma lá da cá” para garantir apoio de presidentes de federações em troca de incentivos financeiros – praticados de várias formas, entre elas arranjar empresas que patrocinem estaduais – e benesses tradicionais, como dar a um cartola de federação a “honra” de chefiar a delegação em viagens da seleção ao exterior. Presidentes de clubes também têm sido convidados.
Marin, na próxima administração da CBF, voltará a ser vice-presidente para a região Sudeste. E, como vice mais velho, assumiria a presidência no caso de impedimento de Del Nero.