Um esquema tático cauteloso, com jogadores malposicionados. Apesar de ter sérios problemas estruturais, o Paraná Clube parecia que iria conseguir a primeira vitória no campeonato brasileiro ontem. Mas o Juventude, que optou por jogar pelo empate, aproveitou duas falhas defensivas dos donos da casa e conseguiu o 2×2 no Pinheirão. O resultado aumenta as dúvidas quanto ao real aproveitamento tricolor, e sobre as escolhas técnicas do treinador Lori Sandri.
No primeiro tempo, o jogo começou animado e terminou sonolento. O Paraná, empolgado pelo bom resultado em São Paulo, iniciou a partida com a mesma estrutura tática da semana passada – Edinho na armação e André Dias na frente, ao lado de Renaldo. Só que a empolgação definhou após a incrível chance desperdiçada por Edinho, que apareceu na cara do goleiro Douglas e chutou por cima.
Dali em diante, o Tricolor foi diminuindo o ritmo. Alguns jogadores, como André Dias e Neto, erravam muito e faziam com que o time caísse de rendimento. Mesmo claramente jogando pelo empate, o Juventude percebeu que tinha espaço e equilibrou as ações, tendo inclusive, boa oportunidade com Marcelo, que obrigou Flávio a fazer boa intervenção. No final da primeira etapa, a torcida cobrou muito Lori Sandri – e, ironicamente, preferiu aplaudir a árbitra Sílvia Regina de Oliveira, que teve atuação apagada.
Na volta do intervalo, Lori abdicou de sua experiência tática e colocou Thiago Neves, retomando o 3-5-2 com um armador no meio-de-campo. Mas foi preciso tomar um gol – que a defesa ?entregou?, dando de bandeja para Zé Carlos, para o treinador colocar o jogador que foi decisivo para a recuperação tricolor. Borges entrou, mas no lugar de Renaldo, levando a torcida ao desespero. ?Vamos ganhar?, disse um irritado Renaldo, ao sair de campo. Poucas palavras. O grande ídolo recente do Paraná deixou o Pinheirão possesso.
Mas Borges e Thiago Neves agitaram a partida, e fizeram com que seus companheiros reaparecessem – o maior beneficiado foi André Dias. E em quatro minutos o Paraná empatou o jogo, com Beto. E sete minutos depois Borges, logo ele, marcou o gol da virada, após a boa jogada de Vicente.
Mesmo assim, o clima não era dos melhores – Renaldo deixara o campo nervoso, o time ainda apresentava erros e tinha que se virar para manter o resultado. Em outra falha da defesa, Bruno Lança, ex-Atlético, teve tempo para tentar duas vezes para conseguir o empate, ducha fria nas esperanças do Paraná. A semana promete ser agitada na Vila Capanema.
CAMPEONATO BRASILEIRO
PARANÁ 2×2 JUVENTUDE
Paraná: Flávio, Da Silva (Everton Cesar), Daniel Marques e Aderaldo; Neto, Rafael, Beto, Edinho (Thiago Neves) e Vicente; Renaldo (Borges) e André Dias. Técnico: Lori Sandri
Juventude: Douglas; Chicão, Camazzola e Naldo; Magal (Diogo), Bruno Lança, Leandro Moreno, William e Zé Rodolpho; Zé Carlos (Daniel) e Marcelo (Lauro). Técnico: Ivo Wortmann
Súmula
Local: Pinheirão
Árbitro: Sílvia Regina de Oliveira (FIFA-SP)
Assistentes: Flávio Lúcio Magalhães (SP) e Aline Lopes Lambert (SP)
Gols: Zé Carlos 6, Beto 10, Borges 17 e Bruno Lança 37 do 2º
Cartões amarelos: Bruno Lança, Leandro Moreno, Magal, Diogo (JUV)
Renda: R$ 37.316,00
Mais um reforço: Juliano
Além de enfrentar o Juventude dentro de campo, o Paraná trabalhou fora de campo ontem. A diretoria apresentou o meia Juliano (foto), contratado junto ao Ituano, e espera para o início da semana o goleiro Marcos Leandro (que estava no Olaria) e o meia Joelson, outro oriundo do Ituano. Com eles, o Tricolor reforça o grupo, mas ainda não fecha o ciclo de contratações.
Juliano, de 24 anos, é ?rodado?. Ele começou a carreira no Vitória da Bahia e depois passou por Santo André, Ituano, XV de Campo Bom, Ceará, Caixas, Widzew Lodz (Polônia) e novamente pelo time de Itu antes de chegar ao Paraná. Já acertado há alguns dias, o armador passou a buscar informações sobre o clube e acompanhar os jogos. ?Era para o Paraná ter vencido o São Paulo. Pelo que vi, podemos fazer um bom Brasileiro?, afirma. (CT)