O advogado Charles Stillman, que representa o ex-presidente da CBF, José Maria Marin no julgamento do “Caso Fifa”, destacou na defesa final de seu cliente que ele “é inocente” das sete acusações de conspiração em esquema internacional de corrupção feita pelos promotoria norte-americana, sendo três delas relativas a lavagem de dinheiro.

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Na sua argumentação, o advogado apontou que Marin não tinha ideia da conspiração para pagamentos de subornos. Stillman declarou que o seu cliente era considerado como uma figura “decorativa”, sem poder no futebol brasileiro. Por isso, foi excluído do esquema para pagamento de propinas em troca de benefícios para empresas de marketing em contratos comerciais.

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“Não há nenhuma evidência de que o senhor José Maria Marin obteve recursos ilegais e esteve envolvido numa rede de pagamento e recebimento de propinas”, comentou. Também estão sendo julgados Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol e Manuel Burga, ex-presidente da Federação Peruana de Futebol.

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O advogado apontou que para Marin, “a presidência da CBF caiu do céu no seu colo”, pois assumiu a instituição logo depois da renúncia em 2012 de Ricardo Teixeira daquele cargo. “O mundo do futebol no Brasil era visto como uma espécie de monarquia: Marin era o rei, que fazia discursos e brindes em eventos, mas todos sabiam que quem comandava o show era Marco Polo Del Nero, que era visto como o sucessor natural de Ricardo Teixeira quando terminasse seu mandato à frente da CBF”, disse.

“Quando estava à frente da CBF, José Maria Marin não participou do Comitê Executivo da Fifa, e isso ocorreu por causa de Marco Polo Del Nero”, apontou Charles Stillman. “Ricardo Teixeira era muito influente no futebol da América do Sul e participava daquele comitê.” O advogado apontou que Marin não recebeu e não leu o código de ética da Fifa, que foi produzido em quatro idiomas e passou a ser distribuído para entidades internacionais de futebol a partir de 2015.

Com voz suave, Stillman centralizou na sua linha da defesa na exibição de um quadro branco aos 12 jurados titulares, no qual estavam fixados por material aderente o nome das testemunhas da procuradoria que prestaram depoimento no julgamento. Na medida em que o advogado tratava de cada testemunha, que para ele não mostraram provas de que Marin “recebeu suborno de qualquer espécie” seu colega de defesa, James Mitchell foi retirando o nome dessas pessoas do quadro branco, até o final, quando ficou vazio, indicando que ninguém mostrou documentos que comprovassem atos de corrupção do ex-presidente da CBF.

“O futebol é corrupto, como mostraram testemunhas como J. Hawilla e Alejandro Buzarco que pagaram vários milhões de dólares em propinas no mundo deste esporte”, disse, referindo-se aos ex-controladores da Traffic e da Torneos y Competencias, duas grandes empresas de marketing esportivo com sede no Brasil e na Argentina, respectivamente. “O senhor Marin estava no campo, mas não participou do jogo”, apontou. “J. Hawilla disse que não pagou e não viu ninguém pagar propinas para José Maria Marin”, destacou. “O senhor Buzarco disse que pagou suborno para muitas pessoas, mas não apresentou nenhuma evidência contra o senhor Marin.”

Sobre extratos de cartões de conta bancária no banco Morgan Stanley em Nova York de Marin, apresentados há dois dias pelos promotores, que apontaram despesas de US$ 138 mil (aproximadamente R$ 461 mil, na cotação atual) em lojas de luxo em Nova York em dezembro de 2014, Charles Stillman disse: “O senhor Marin é uma pessoa rica, o que ocorreu antes de assumir a presidência da CBF. Ele tem um apartamento em Nova York há muito tempo”, afirmou. “Pessoas ricas gastam dinheiro e isso não é contra a lei.”

Antes do início do julgamento, Marin apresentou um pequeno sangramento no nariz e precisou de 30 minutos para lidar com o problema, que, segundo um dos seus advogados, pode ter sido provocado pelo clima seco do inverno nos Estados Unidos.