Já está virando tradição. Decisões do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) do Paraná em casos polêmicos são sempre revertidas quando a disputa chega ao STJD. E polêmica é algo que não falta no futebol paranaense. O “caso Adriano”, que culminou com a permanência do Rio Branco na Primeira Divisão estadual e o rebaixamento do Paraná Clube, é só mais um exemplo.
Desde 2006, pelo menos outros três casos “cabeludos” tiveram, no tribunal superior, um desfecho totalmente diferente do decidido pela corte local. Em todos eles, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), sediado no Rio de Janeiro, se posicionou contrário às teses defendidas pela Federação Paranaense de Futebol (FPF), que geralmente encontram respaldo no TJD estadual.
Supermando
O caso mais notório, e que trouxe mais prejuízo e constrangimento ao futebol paranaense, aconteceu em 2009: a famosa regra do “supermando”, que surgiu de um erro na redação do regulamento do campeonato estadual e da incapacidade da FPF de negociar com os clubes uma solução para o problema.
O texto dava ao dono da melhor campanha na primeira fase o direito de disputar em seu estádio todos os sete jogos do turno final. Da mesma forma, o oitavo colocado era obrigado a atuar longe de casa em sete partidas consecutivas.
Na ocasião, o TJD paranaense acatou um “remendo” proposto pela FPF. Mas o Atlético, que foi o melhor na fase inicial do torneio, se sentiu prejudicado por ter que jogar o Atletiba do turno decisivo no campo do rival e recorreu. No STJD, o Rubro-Negro teve sua tese acatada por oito votos contra um e o artigo 9.º, que continha o erro, teve que ser cumprido à risca por, dois anos seguidos.
Quem é que sobe?
Outro caso aconteceu às vésperas do Paranaense 2007. Toledo e Engenheiro Beltrão disputavam vaga na competição, aberta pelo União Bandeirante, que fechou as portas. No TJD, o Toledo venceu a disputa. O Engenheiro, que sempre teve relação conturbada com a FPF, foi à corte superior, reverteu a parada, e foi incluído na disputa.
Tchau, Moura
Seis meses depois, em junho de 2007, o STJD voltou a definir os rumos do futebol paranaense. O ex-presidente Onaireves Moura, que sempre passou incólume por qualquer denúncia do tribunal local, foi suspenso do futebol por seis meses pela corte superior, acusado de desvio de recursos da entidade, através de fraude nos borderôs das partidas. A decisão acabou definitivamente com o “reinado” de 22 anos de Moura, que, já prevendo a punição, havia pedido afastamento no mês anterior.
Bruxaria
Uma das poucas decisões do tribunal local respaldada pelo STJD, pelo menos em parte, aconteceu no “caso Bruxo”, em fevereiro de 2006. A corte superior confirmou a eliminação de seis dirigentes e árbitros envolvidos no maior escândalo de corrupção do futebol paranaense.