Foram 15 anos longe de casa, na NBA, com duas breves passagens por Flamengo (2011) e Pinheiros (2013). Aos 35 anos, o armador Leandrinho, campeão da maior liga de basquete do mundo pelo Golden State Warriors na temporada 2014/2015, escolheu voltar ao Brasil. Pelo Sesi Franca (SP), bastaram três jogos no NBB para comprovar que não ficou tanto tempo nos Estados Unidos à toa.
Motivado pelo retorno, Leandrinho não vê como seu último ato na seleção os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. Em entrevista ao Estado, o armador se coloca à disposição do técnico Aleksandar Petrovic para ajudar, com sua experiência, no processo de transição de uma geração para outra. “Sempre disse que meu maior orgulho era defender minha pátria”, afirma.
A próxima convocação do croata será feita neste mês para os jogos contra Colômbia e Chile, ambos no Brasil, nos dias 22 e 25 de fevereiro, respectivamente, pelas Eliminatórias para o Mundial da China, em 2019. No que depender da vontade de Leandrinho em seu retorno ao basquete brasileiro, com certeza o seu nome será lembrando pelo técnico.
Como foi o reencontro com o basquete brasileiro?
Foi muito especial. O ginásio cantando meu nome, me aplaudindo, calor humano dentro do meu País. Eu estava com muita saudade disso.
Você esteve por aqui pela última vez em 2013. Como vê o nível das equipes atualmente no NBB?
O equilíbrio existe e as equipes hoje se preparam com uma estratégia muito mais definida. Eu analiso como uma evolução constante do NBB com o passar dos anos. E ainda acho que podemos crescer muito mais.
E o desenvolvimento da Liga Nacional de Basquete? Com tantos anos de NBA, o que você ainda sente falta na LNB?
É difícil falar de fora, mas acredito que a LNB está no caminho certo. Claro que sempre vão existir pontos para ajustar, mas estão tentando seguir no caminho certo.
Como está sendo o trabalho com o Helinho, que, em pouco tempo como treinador, já se mostrou bastante competente?
Muito positivo, ele vem me ajudando muito. Por ter encerrado a carreira há pouco tempo, ele entende muito bem e fala a língua dos atletas. Taticamente, ele já tem uma base incrível, que vai nos ajudar muito.
Com tantas contratações importantes para esta temporada, Franca tem uma pressão maior de conquistar o título?
Temos de provar dentro de quadra, jogo a jogo, que estamos prontos para lutar pelo título do NBB, pois existem outras boas equipes que sem dúvida também estão na briga por esse título.
A história de Franca é repleta de conquistas. A equipe, no entanto, vive um jejum de dez anos. Você se sente pressionado para ser campeão?
Pressão é diferente de motivação. Eu me sinto motivado para ser campeão e pôr um ponto final neste jejum. Mas pressionado jamais. Estamos realizando um bom trabalho, confiantes para fazermos uma grande temporada.
Por que decidiu voltar ao basquete brasileiro?
Passei temporadas incríveis na NBA, conquistei o tão sonhado anel de campeão, mas tudo tem seu tempo e agora era hora de estar aqui no Brasil. Conversei bastante com as pessoas que sempre me apoiam e estão ao meu lado, e tomei essa decisão depois de muito estudar e pensar sobre ela. Agora é hora de fazer acontecer por aqui.
Aos 35 anos, não existe mais espaço para você na NBA?
Não cabe a mim dizer isso. Mas recebi sondagens e interesses de algumas equipes da NBA. Sei que as portas lá estão abertas, mas acabei decidindo voltar pro Brasil, por uma opção totalmente minha.
O contrato, segundo o presidente do Franca, Luis Aurélio Prior, não tem cláusula de liberação para voltar à NBA. A decisão foi sua ou uma exigência do clube?
Prefiro não comentar questões específicas de negociações e contratos com clubes. É algo que acho que é um direito do atleta e do clube.
Apesar de revelado pelo Palmeiras, você ganhou notoriedade em Bauru, rival de Franca. O que motivou o acerto com Franca?
Eu gostei muito do projeto que me ofereceram para voltar ao Brasil. Eles se preocuparam em me agradar em mínimos detalhes e me deixar à vontade para fazer o que amo. Sou mais experiente e vencedor. A questão da rivalidade não me incomoda, pelo contrário, é bom para o crescimento e interesse pelo basquete.
Falando um pouco de seleção, você ainda está à disposição para defender o Brasil?
Sim. Sempre disse que meu maior orgulho era defender minha pátria. E continua sendo. Estarei sempre à disposição.
A opção pelo terceiro técnico estrangeiro consecutivo, agora o croata Aleksandar Petrovic, depois do espanhol Moncho Monsalve e do argentino Rubén Magnano, te agrada? Como vê o início de trabalho?
É uma linha de trabalho que vem sendo adotada. Não significa que os treinadores brasileiros não tenham condições de assumir o comando da seleção. O Petrovic vem de uma escola de basquete com intensidade, força de marcação e liberação do talento individual. Estou na torcida para que case bem com a escola brasileira.
Como vê o atual momento de reconstrução do basquete brasileiro, sob o comando do Guy Peixoto, após um período difícil, inclusive com suspensão da Fiba?
Toda reconstrução é muito difícil. Precisa muita paciência e confiança no projeto por parte de todos os envolvidos. Não é algo rápido. É preciso dar tempo ao tempo e confiar que possa dar certo.