Após mais de 100 anos fora da Olimpíada, o golfe voltará a ser disputado nos Jogos do Rio, em 2016. Com a proximidade do evento, a Federação de Golfe do Estado do Rio de Janeiro (FGERJ) criou o projeto “Golfe do Futuro” com o objetivo de popularizar o esporte no estado.

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A iniciava consiste em desenvolver 12 jovens promissores do esporte e torná-los atletas de alto rendimento. Eles passam por treinamentos intensivos e são acompanhados por uma equipe que reúne fisiologistas, um técnico esportivo, preparadora física, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista e médico. A maioria das atividades é realizada nos dois principais campos da capital fluminense, o Itanhangá e o Gávea Golf Club, ambos privados.

Os 12 atletas contemplados no projeto passaram por uma rígida avaliação antes de serem escolhidos. Além da qualidade técnica, fizeram vários exames para testar a capacidade física. “Fizemos testes físicos, psicológicos, técnicos, nutricionais e bioquímicos”, relatou Estélio Dantas, supervisor do Futuro do Golfe. “O somatório de todos esses índices nos deu a resposta dos jovens mais promissores da modalidade”, explicou.

A intenção dos responsáveis é criar uma base sólida de formação de atletas. “Esperamos resultados em um período de médio a longo prazo. O esporte brasileiro não tem mais um Guga que sai do qualifying – etapa classificatória do tênis – para vencer Roland Garros”, explicou Abílio Pereira Jr., diretor de projetos da FGERJ e idealizador do projeto.

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Devido à proximidade da Olimpíada, o dirigente reconhece que não há tempo de os jovens serem classificados para a competição. A expectativa, no entanto, é que os jovens disputem vaga nos Jogos de Tóquio, em 2020. “Não queremos apenas um jogador de ponta. Estamos nos estruturando para criar uma geração de grandes atletas. Passo a passo”.

Ao criar o projeto, Pereira Jr. usou como referência um modelo de ensino esportivo norte-americano, o IMG Academy, que promoveu atletas campeões de diversas modalidades como André Agassi, Pete Sampras e as irmãs Williams. Pereira Jr. ficou mais de um mês nos Estados Unidos estudando os padrões de ensino esportivo da academia. Apenas depois disso definiu o formato do programa.

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Os recursos para conduzir o projeto vêm de parcerias com empresas privadas, por meio da Lei de Incentivo Fiscal. Um desses parceiros é a Universidade Estácio de Sá, que contribui com a doação de bolsas de estudos integrais. “No Brasil, muitas vezes o jovem se destaca e deixa a escola de lado. E só vai ter chance de ser bem sucedido na vida se tiver sucesso no esporte”, criticou Pereira Jr. “Com uma boa formação educacional, o jovem pratica o esporte com segurança e, se depois não der certo, pode ter uma profissão”.

Em dezembro do ano passado, o Futuro do Golfe completou um ano e o trabalho tem dado frutos, com atletas despontando no ranking amador do País. Um exemplo é o jovem Daniel Ishii, de 22 anos. Desde o início do projeto, conseguiu uma evolução rápida no ranking nacional amador, pulando do oitavo para o segundo lugar. Além disso, é o líder do ranking estadual.

Ishii ocasionalmente recebe convites para competir entre profissionais, condição em que pretende estar definitivamente em pouco tempo. “O que tem feito mais diferença é o acompanhamento psicológico, principalmente nos momentos de competição. No golfe, conta muito”, afirmou.

Apesar de não disputar os Jogos do próximo ano, Ishii acredita que o evento no Brasil irá popularizar o esporte. “O novo campo (que está sendo construído na Barra da Tijuca) vai ajudar bastante”.

Opinião semelhante é compartilhada por Pereira Jr. “O golfe é um esporte mistificado, as pessoas têm preconceito por pensar que é algo de rico”, considerou. “Só existem campos privados no Rio, o que causa uma demanda reprimida”. O diretor espera que o retorno ao programa dos Jogos, ajude a consolidar o golfe no País. “Daqui a três anos o esporte vai estar mais acessível e vai dar um salto no Brasil”.