Tite chega à seleção brasileira com uma vantagem em relação aos seus antecessores: forte apoio popular. Fora da CBF, já existia um consenso de que, se o substituto de Dunga fosse brasileiro, seria ele o treinador mais indicado. Mas nem sempre foi assim. Por um bom tempo, o nome de Adenor Leonardo Bacchi, 55 anos, esteve associado à retranca, às vitórias por 1 a 0 ou ao termo que ele detestava: “Empatite”.
A história de como o gaúcho de Caxias de Sul iniciou uma mudança radical em sua carreira começa em 2010, quando ele dirigia o Al Wahda e trocou os Emirados Árabes pelo Corinthians. Foi ideia de Andrés Sanchez resgatar aquele treinador que havia sido demitido no meio do turbilhão da MSI, em 2005, para substituir Adílson Batista, que só durou 14 jogos no comando da equipe.
Em 2010, Tite assumiu o Corinthians com a sombra de Mano Menezes, que resgatou o time da Série B, conquistou títulos e havia assumido a seleção brasileira.
Seis anos depois de Mano, é Tite quem chega à seleção, amparado por títulos como o da Copa Libertadores, Mundial de Clubes, Recopa, Campeonato Brasileiro e Paulistão. E agora associado ao bom futebol, à aplicação tática e ao chamado “padrão” europeu. Tudo que faltou na fraca seleção de Dunga.
Por um ano, Tite viajou, conversou com treinadores que ele considera de primeiro nível, como Carlo Ancelotti, estudou italiano. Ele tinha dois sonhos: dirigir a seleção brasileira ou comandar um time europeu, na Itália ou na Espanha. Ele tinha certeza que de, após os 7 a 1, ele seria eleito pela CBF como novo treinador da seleção. Afinal, havia levado o Corinthians ao topo do mundo. Mas Del Nero escolheu Dunga.
Tite fez de 2014 seu ano sabático e regressou ao Corinthians em 2015. Venceu mais um Brasileiro e sua equipe foi campeã com folga: 12 pontos a mais que o segundo colocado. E mais: com maior número de vitórias (24), melhor defesa (31) e o melhor ataque do campeonato (71).
A seleção será comandada, mais uma vez, por um gaúcho, mas de perfil e pensamentos bem diferentes de Felipão, Dunga e Mano Menezes. Tite não vê inimigos em toda a parte e nem cria guerra com a imprensa como Felipão. Tite não é teimoso como Dunga. E pensa um futebol mais ofensivo que Mano Menezes.
O novo treinador da seleção é rigoroso nos treinos, obcecado por montar equipes “equilibradas” também e acostumado a cobrar os atletas: não aceita indisciplina, tampouco “baladeiros”, principalmente se o comportamento comprometer o rendimento no campo.