O único clube de uma cidade do interior do Brasil que pode ostentar o título de campeão brasileiro faz 100 anos neste sábado. Com uma história de glórias, dificuldades presentes e esperanças futuras, este é o Guarani, que ajudou a colocar a cidade de Campinas, a 100 quilômetros de São Paulo, no mapa do futebol nacional e internacional.
O passado é glorioso. Especialmente a fase que começa em meados dos anos 70 e vai até metade da década de 90. Foi neste período que o Guarani conseguiu sua principal conquista, o título brasileiro de 1978, com duas vitórias sobre o Palmeiras por 1 a 0 nos jogos finais. Ao currículo acrescenta-se dois vice-campeonatos brasileiros, em 1986 e 1987, além do vice-campeonato paulista, em 1988. O time também se orgulha da Taça de Prata de 1981, que rendeu a segunda estrela no escudo, e de três participações na Taça Libertadores da América, em 1979, 1987 e 1988.
Com a formação de jogadores em seu DNA, o clube também pode se orgulhar de fazer ou revelar ídolos. O primeiro foi Nenê, que integrou a seleção paulista na década de 20. Depois vieram nomes como Careca, Zenon, Renato, Jorge Mendonça, Amaral, Evair, Júlio César, Ricardo Rocha, Djalminha, Neto, João Paulo, Amoroso, Luizão, Mauro Silva, Elano, Renato – todos com passagens pela seleção brasileira, alguns com Copas do Mundo disputadas.
O passado de alegrias contrasta com a dura realidade de um time que está na Segunda Divisão dos Campeonatos Paulista e Brasileiro e um clube com dívida de R$ 120 milhões que deve ser quitada às custas de seu patrimônio imobiliário. Revelar jogadores é cada vez mais raro em uma realidade de bastidores dominados pelos empresários.
O atual presidente do Guarani, Leonel Almeida Martins de Oliveira, viveu os dias de glória do Guarani – era presidente do Conselho Deliberativo em 1978 e foi presidente em várias gestões na década de 80. Agora, tem seu maior desafio pela frente.
“É complicado, com tantas dívidas”. Diz que não raro tem as rendas dos jogos bloqueadas pela Justiça e já pediu adiantamento das cotas de TV na tentativa de saldar alguns débitos. Culpa a crise atual pelas más administrações anteriores e suspira pensando no tempo no qual o clube teve 25 mil sócios. Agora tem cerca de 1,5 mil.
A solução para o dirigente é uma negociação que envolve a atual sede do Guarani e o deteriorado Estádio Brinco de Ouro da Princesa, situados em uma área nobre da cidade. “A proposta é fazer uma permuta. O terreno atual do clube em troca do pagamento de todas as dívidas, da construção de uma nova sede social do clube em um terreno que temos aqui perto, a criação de um novo estádio para 32 mil pessoas e a entrega de um centro de treinamento de primeira linha com alojamentos para 200 atletas das categorias de base. E só deixaremos as atuais instalações quando tudo estiver pronto”, diz o presidente, que espera anunciar novidades em breve.
Luta pelo acesso
O presente de grego da semana foi a eliminação na Copa do Brasil pelo modesto Horizonte do Ceará, em pleno Brinco de Ouro, na quarta-feira. Mas pelo menos o time ainda tem esperanças de subir para a Primeira Divisão do Estadual ainda no primeiro semestre. Joga neste domingo, às 16 horas, contra o São José, no Brinco de Ouro pela primeira rodada da fase final da Série A2. Na Série B do Brasileiro, para a qual o time caiu no ano passado, estreia em maio.