Em um ano de redenção no circuito, Roger Federer tentará a partir das 10 horas (de Brasília) deste domingo reaver aquela que considera sua maior conquista da carreira: o trono de Wimbledon. Foi no torneio mais tradicional do circuito que o tenista suíço despontou para o tênis mundial, em 2003, ao faturar seu primeiro título de Grand Slam e abrir caminho para uma carreira recheada de troféus e recordes.
O feito de 2003 foi o primeiro de uma série de cinco títulos consecutivos na grama de Londres. Lá também foi campeão em 2009 e 2012. Pelo caminho, um vice-campeonato, em 2008. Nos últimos anos, porém, Federer tem batido na trave. Parou nas semifinais no ano passado. E foi vice nas duas temporadas anteriores, batido pelo sérvio Novak Djokovic.
Em 2016, o suíço atribuiu a decepção nas semifinais a dores no joelho e nas costas. Decidiu, então, dar um tempo no circuito para se recuperar totalmente, com a meta de voltar ainda mais forte neste ano. Deu certo. Ele surpreendeu no Aberto da Austrália ao emplacar vitórias fulminantes, com direito a um triunfo sobre o arquirrival Rafael Nadal na final.
Depois, o veterano de quase 36 anos emplacou títulos nos Masters 1000 de Indian Wells e Miami. Novamente, deixou o espanhol pelo caminho nos dois torneios. O saibro, porém, foi preterido neste ano. O suíço dispensou a temporada sobre o piso lento para se concentrar totalmente no seu maior objetivo do ano: levantar o troféu em Wimbledon.
A estratégia tem dado certo até agora. Ele foi campeão em Halle, na Alemanha, em um dos torneios preparatórios para o evento em Londres. E, no Grand Slam, ainda não perdeu sets. Obteve vitórias convincentes sobre adversários complicados como o canadense Milos Raonic, seu algoz na semifinal de 2016, e o checo Tomas Berdych.
O triunfo sobre o último lhe garantiu a vaga na 11ª final de Wimbledon na carreira. Será ainda a 29ª final de um Major no seu currículo. Em jogo, estarão a ampliação do recorde de títulos de Grand Slam – seria o 19º – e o sonhado oitavo troféu em Londres.
Se alcançar o feito, se isolará como o maior campeão da história do mais tradicional torneio do mundo. Superaria, assim, o norte-americano Pete Sampras e o britânico William Renshaw – esse ainda no século XIX -, ambos com sete taças.
Para tanto, o quinto colocado do ranking terá que superar um adversário indigesto na decisão. O croata Marin Cilic, de 28 anos, fez uma dura batalha contra Federer nas quartas de final do ano passado. O suíço venceu, mas precisou salvar três match points. Antes disso, o croata levara a melhor sobre o rival na semifinal do US Open de 2014, quando emplacou vitória por 3 sets a 0. Naquela edição da competição norte-americana, Cilic faturou seu único título de Grand Slam.
O segundo poderá vir neste domingo. Se desbancar o favoritismo de Federer, Cilic reafirmará seu status de campeão de Grand Slam no circuito. O croata, atual número seis do mundo, se acostumou com a desconfiança dos especialistas desde o início da carreira. E, mesmo após o título do US Open, enfrentou resistência.
Não por acaso. Depois da grande conquista, Cilic só conseguiu um troféu de relevância: o Masters 1000 de Cincinnati, em 2016. Não teve destaque em nenhum outro Grand Slam que disputou e vem se equilibrando no Top 10 do ranking com títulos de menor expressão. Foram cinco desde então.
Na manhã deste domingo, o troféu de Wimbledon significaria não apenas a maior conquista da carreira, principalmente pelo triunfo sobre um dos ícones do torneio, mas também o fim definitivo da desconfiança.