De Irati para a final da Libertadores

Começou nos idos de 2003, no interior paranaense, a parceria que levou o Grêmio à decisão do maior torneio do continente. No Iraty, o ainda desconhecido Mano Menezes comandou a equipe que contava com o veterano volante Sidnei Lobo, ex-Paraná e Atlético. Juntos a partir do ano seguinte como técnico e auxiliar, a dupla experimentou uma ascensão meteórica, que agora chega ao auge com a disputa da final da Copa Libertadores contra o Boca Juniors.

A sintonia percebida por Mano em Irati, durante o Brasileiro da Série C de 2003, rendeu a Sidnei o convite para abandonar a carreira de jogador e tornar-se assistente no XV de Novembro de Campo Bom (RS). Depois de consultar amigos como Caio Júnior, Ricardinho (ex-Paraná) e Carlinhos Neves, o volante, então com 33 anos, decidiu aposentar as chuteiras e agarrar a prancheta, em novembro daquele ano. O sucesso veio em questão de meses: já em 2004, o pequeno XV chegou à semifinal da Copa Brasil.

No mesmo ano a dupla salvou o Caxias do rebaixamento à Série C do Brasileirão, e em abril de 2005 já estava no Grêmio para a dura batalha da Segundona. ?É realmente uma trajetória maravilhosa para quem acaba de iniciar a carreira. Espero coroá-la com o título da Libertadores?, disse Sidnei, que conversou com a reportagem da Tribuna no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, antes do embarque ao Rio de Janeiro para o jogo contra o Vasco.

Com dois anos e dois meses de Olímpico, Mano é o técnico há mais tempo no emprego nas séries A e B. Ele e Sidnei acumulam três títulos – dois gaúchos e a Série B Nacional – e estão prestes a viver o grande momento da carreira. Para o auxiliar, o Grêmio renasceu rapidamente por saber aliar técnica e disposição.

?Os jogadores não têm salários astronômicos, mas se dedicam no trabalho. Mano é exigente e gosta dos que respeitam o comportamento tático?, explica, sobre a fama de ?durão? do treinador.

A final contra o Boca, para Sidnei, será rigorosamente equilibrada. ?São dois times acostumados a decisões. Mas devemos tomar todo o cuidado com a linha de frente do Boca, que esbanja qualidade com Riquelme, Palacio e Palermo?, alerta o auxiliar, que mantém o espírito brigador da época de volante – foi expulso do banco de reservas por reclamar da arbitragem no segundo jogo das semifinais contra o Santos.

Entrosamento perfeito

Algumas das tabelas nos ?rachões? do Grêmio foram ensaiadas há mais de 10 anos, em Curitiba. Sidnei Lobo, o auxiliar de Mano Menezes, reencontrou em Porto Alegre colegas que vestiram a mesma camisa em clubes paranaenses.

Em 1996 e 97, Sidnei, Tcheco e Sandro Goiano (à época apenas Sandro) disputaram vagas no meio-campo do Paraná Clube – somente o primeiro costumava ser titular. Em 1999, Kelly foi seu companheiro no Atlético. Além deles, o lateral-direito Patrício (ex-Paraná e Coritiba) e o volante Edmílson também jogaram com o auxiliar, mas no Juventude. ?A vantagem é que sei o que eles podem oferecer?, diz Sidnei, que tentou ampliar o rol de contemporâneos da bola no Olímpico – ele convidou o meia Ricardinho, ex-Paraná, para jogar no Grêmio, mas não houve acordo financeiro.

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