Moscou (AE) – Para desolação de Diego Maradona – que viajou a Moscou para transformar-se em torcedor de tênis -, a Rússia está a apenas um ponto de conquistar o título da Copa Davis de 2006. O ex-craque argentino viu um show de Marat Safin e Dmitry Tursunov, que, em apenas 1h38, venceram a partida de duplas diante de David Nalbandian e Agustín Calleri por 6/2, 6/3 e 6/4.
A decisão fica para este domingo e logo na primeira partida do dia, às 8h (de Brasília), Nikolay Davydenko joga com Nalbandian. Caso o russo não vença, a definição cairia nas mãos de Safin e Juan Ignácio Chela, embora estes titulares possam ser mudados pelos capitães dos dois times.
?Safin, você é um fenômeno?, gritou Maradona da arquibancada para o tenista russo, que fala espanhol fluentemente. E depois de amargar caretas de decepção completou: ?O time russo não nos deu uma chance sequer?.
Curiosamente, a decepção ficou justamente para Nalbandian, que no dia anterior havia vencido facilmente Safin e usou de ironias para comentar sua superioridade em quadra. Como que por castigo, nas duplas, o principal tenista do time argentino errou muito e facilitou a vida para os russos.
Além de Maradona, outro ilustre torcedor no ginásio olímpico de Moscou era Boris Yeltsin, ex-presidente russo, figura freqüente nas arquibancadas do tênis. Com seu jeito meio desengonçado, comemorou a vitória com braços erguidos junto a Safin, tenista que ficou surpreso ao ser escalado na dupla no lugar de Mikhail Youzhny.
Na Argentina, o tênis virou febre. E os tenistas, ídolos
Ariel Palacios
Buenos Aires (AE) – Após o fim do jogo no qual a Argentina foi desclassificada na Copa do Mundo da Alemanha, e os comentários de praxe dos locutores esportivos, o primeiro comercial que os entristecidos argentinos viram na seqüência imediata foi o de uma marca de água mineral protagonizado por um dos ídolos do tênis argentino, David Nalbandian. O surgimento do tenista na telinha era um sinal expressivo de que após o futebol a paixão – e esperança – esportiva dos argentinos é o tênis.
Outro sinal do peso do tênis na Argentina foi a presença na sexta do astro do futebol Diego Armando Maradona na arquibancada do Estádio Olímpico em Moscou. Com sua tradicional exuberância, ele torceu – aos gritos, como se estivesse em La Bombonera – pela equipe argentina que tenta arrebatar a Copa Davis contra os russos.
A final da Davis levou à capital russa não somente Maradona, mas também vários artistas argentinos, socialites, modelos, políticos, 60 jornalistas, cinco canais de TV e dez rádios do país. Enquanto isso, em Buenos Aires e nas principais cidades argentinas, centenas de milhares de torcedores acompanharam pela TV, rádio e os sites de internet os jogos que transcorreram na sexta-feira, sonhando com a imagem de ver a equipe de tenistas argentinos trazer para a Argentina a ambicionada ?saladeira?, apelido do troféu da Copa Davis.
Desta forma, 2006 seria encerrado com um trunfo que compensaria – pelo menos parcialmente – a derrota da seleção de José Pekerman em campos da Alemanha durante a Copa do Mundo.
David ?El rei David? Nalbandian, José Acasuso, Agustín Calleri, Juan Ignacio ?El flaco? Chela, liderados pelo capitão Alberto ?Luli? Mancini, foram o foco das atenções dos argentinos nos últimos dias, num país que desde o início do século vive um novo boom do tênis. Os noticiários esportivos, que antes só tinham olhos para o futebol, agora encaram o tênis com atenção. Os analistas afirmam que em poucos anos a Argentina poderia ser o primeiro país no mundo no qual o tênis seria o segundo esporte nacional.
O frisson pelos tenistas reconfigurou o clássico namoro entre modelos e atrizes com jogadores de futebol, já que atualmente elas optam pelos moços da raquete, que possuem um valor agregado de glamour internacional. A disputa pelos tenistas é acirrada, já que o plantel é pequeno, se comparado com a infinidade de jogadores de futebol.