Neste domingo, Daniel Alves atuou pela primeira vez no São Paulo como lateral-direito, sua posição de origem. O time apenas empatou por 1 a 1 contra o CSA no estádio do Morumbi, na capital paulista, pela 19.ª rodada do Campeonato Brasileiro. O jogador da seleção brasileira vinha sendo utilizado pelo técnico Cuca no meio de campo, lugar onde ele acredita ser mais importante à equipe por tocar mais na bola e poder ajudar os seus companheiros. Ele ganhou a camisa 10 de presente de Raí.
Aos 36 anos, Daniel Alves comentou sobre a diferença das posições e alfinetou parte da imprensa ao dizer que a maioria dos jornalistas de São Paulo não joga futebol e, portanto, não entende do riscado. Ele afirmou ter feito uma “lavagem cerebral” antes de retornar ao Brasil no meio desta temporada, depois de 17 anos atuando na Europa.
Na visão do jogador baiano, aqui “só os fortes sobrevivem”. Disse isso para justificar o futebol mostrado pelo São Paulo em casa, empatando contra o CSA nos minutos finais da partida. O resultado, aliado ao que o time mostrou em campo, gerou vaias da torcida.
Daniel Alves é o maior vencedor do futebol mundial, com 40 títulos conquistados desde que deu seus primeiros chutes no futebol profissional. Mesmo com tamanha experiência, ainda não consegue assimilar algumas críticas, como as que vêm das numeradas do estádio. No São Paulo, o jogador cobra mais “equilíbrio” e “estabilidade” para levantar mais um troféu na carreira – o time só disputa o Brasileirão nesta segunda metade da temporada.
Ele acredita que a equipe tricolor precisa definir um padrão de jogo para aspirar objetivos maiores na competição. Atualmente o São Paulo ocupa a sexta colocação, com 32 pontos. Perdeu pontos importantes contra os reservas do Grêmio e do Internacional e agora diante do CSA, em casa.
O que achou do empate contra o CSA e como foi atuar de lateral-direito, sua posição na seleção, pela primeira vez no Morumbi?
Estamos decepcionados com o resultado, é evidente, mas temos de saber o que temos e o que aspiramos na competição. Não adianta ganhar um jogo e achar que vai ser o campeão brasileiro se não conseguir ganhar outros. Tem de ter equilíbrio, que é o que faz você desenvolver um bom trabalho dentro do clube. É para isso que vim aqui ao São Paulo. Sei o quão difícil é construir alguma coisa no futebol brasileiro. Vocês (da mídia) estão sempre para desestabilizar qualquer situação. Temos de ter bastante cautela nos momentos difíceis, senão entramos em situações que não nos beneficiam. A maioria da imprensa nunca jogou futebol e gera desconforto. Se eu jogo de lateral ou de meia, estou aqui para ajudar o São Paulo. Temos de ser bastante conscientes da situação que estamos e do futebol praticado em campo.
O que muda quando você joga na lateral?
Estamos aqui para construir juntos, posso ajudar os meus companheiros a eles serem melhores do que são. Eu jogando de lateral, passo muito tempo sem pegar na bola e é difícil fazer seus companheiros jogarem melhor assim. É evidente que a imprensa nunca vai saber disso porque nunca jogou futebol. Não é uma crítica, quero passar uma mensagem que não temos que nos posicionar sobre o que a imprensa fala. Senão gera uma instabilidade. Normalmente a imprensa está aí para isso, gerar instabilidade. Não estou criticando vocês, estou sendo honesto com vocês. Não podemos entrar nesses debates. Eu sou jogador do São Paulo e vou ajudar o São Paulo. Tudo que construí na minha vida foi sendo sereno e às vezes cego, surdo e mudo. Vou continuar sendo, porque essa é a forma de obter resultados.
Como você analisa esse momento de quatro jogos sem vitórias do São Paulo?
Estamos conscientes e entendemos o desconforto do torcedor. Estamos trabalhando pela vitória, mas precisamos ser estáveis no objetivo. O próprio Flamengo, quando foi eliminado da Copa do Brasil, as pessoas estavam falando que nem o (Jorge) Jesus resolvia. Ainda vão acontecer muitas coisas no Brasileirão. Estamos trabalhando para melhorar e precisamos ser um time estável para conseguir as coisas.
O que o São Paulo precisa fazer para melhorar em campo?
Temos de ter um padrão de jogo e definir esse padrão, ir até o fim confiando que esse padrão é o melhor para o São Paulo. Se começa a mudar muito, nunca vamos ter uma sequência. É um fato. Alternamos muito jogadores, precisamos manter um padrão, que é assim que se constrói as coisas, defendendo os conceitos. Sei o quão difícil é o futebol brasileiro. Nunca pequei por omissão, sempre vou estar na linha de frente. Antes de vir para o futebol brasileiro, fiz uma lavagem cerebral, porque aqui só os fortes sobrevivem.
Como conseguir esse padrão?
Às vezes as pessoas acham que padrão é feito em treinamento e é mais informação teórica do que prática. A galera trabalha bem, se dedica bastante no dia a dia. Vivemos de resultados, não adianta vir aqui contar histórias, mas estamos em busca dos resultados. Temos de continuar fazendo o trabalho, dando nosso melhor, porque é a única forma de conseguir aspirar coisas importantes no São Paulo.