A equipe de ginástica feminina do Brasil nunca esteve tão bem colocada. É a 5.ª no ranking mundial, mas nunca ganhou nenhuma medalha olímpica. O mais perto que chegou de realizar a façanha foi o 5.º lugar de Daiane dos Santos, no solo. Uma frustração que ela promete não guardar por muito tempo.
Para ganhar a tão sonhada medalha olímpica, Daiane está pra lá de motivada. Trancou a faculdade de Educação Física, cortou doces e carboidratos simples da alimentação, e incluiu pilates e musculação nas atividades extra-treino. ?Somando tudo, treino, academia e pilates, estou me dedicando 10 horas por dia?, revela Daiane, em meio ao estica e puxa dos exercícios de pilates no estúdio Equilíbrio, em Curitiba.
A atividade é a nova paixão da atleta. ?Minha postura está melhor, ganhei mais força e mais equilíbrio. Ontem mesmo, o Oleg (Ostapenko, técnico da seleção brasileira) me disse que estava impressionado e me incentivou a continuar?, conta, toda entusiasmada, a musa da ginástica, que trata de incentivar as amigas a entrar em forma com a ajuda dos aparelhos. Laís Souza já começou. ?E eu já indiquei para mais gente. É que para nós, ginastas, ganhar músculo, às vezes, é uma necessidade, até para recuperar uma lesão, só que musculação é muito monótono. Para a gente o pilates é ótimo. É um trabalho intenso que mostra resultados rapidamente?, diz Daiane.
Três vezes por semana, Daiane passa duas horas nos aparelhos, outras duas tardes ela reserva para a musculação e ainda tem o treino diário com Oleg Ostapenko. ?Mas não é só isso. Resolvi procurar ajuda de uma nutricionista para acelerar a recuperação muscular e estou cheia de pique. Sou nove anos mais velha que a maioria das meninas no treino e tenho mais disposição?, orgulha-se a atleta de 25 anos.
Futuro
A dedicação de Daiane tem não uma, mas duas metas: além das medalhas olímpicas (ela acredita que dá para sair de Pequim com medalha por equipe, também), ela quer o tricampeonato mundial. A final da Copa do Mundo de ginástica é em dezembro, Daiane é bicampeã, está em 1.º lugar no ranking e não pretende abrir mão da competição.
?Todo esse meu empenho em buscar atividades fora é para conseguir um diferencial e chegar nessas competições na minha melhor forma. Quero me superar?, planeja. Sorte do Pinheiros, o clube paulista que recebe a atleta depois das Olimpíadas. A mudança não assusta Daiane, que deixará em Curitiba as três irmãs, inclusive a de 15 anos que mora com ela.
?Estou adorando a mudança. Treinar num clube com mais atletas é sempre mais divertido e eu adoro a agitação de São Paulo, mas não vou vender o apartamento aqui. Sei que essa cidade é ótima para ter família, filhos e isso não está fora dos planos?, diz a atleta, confidenciando entre risos, em seguida, que só não dá para pensar nisso agora. ?É como a faculdade. Por enquanto não dá para conciliar, mas um dia chego lá?, anuncia.