Dagoberto proibido de jogar no Rubro-Negro

A interminável divergência entre Atlético e Dagoberto começa a tomar um caminho radical – e aparentemente sem volta. Desde ontem, o jogador está barrado pela diretoria e não entra mais em campo até resolver a pendência contratual com o clube.

Dagoberto participou normalmente do treino tático da manhã de ontem, no CT do Caju. À tarde, fazia aquecimento para o coletivo, no qual seria escalado como titular, quando foi chamado num canto por Givanildo de Oliveira. O técnico abraçou o atacante e disse que não poderia aproveitá-lo. Dagoberto perguntou se iria para o banco, mas o chefe respondeu que não contava mais com ele. Eram ordens ?de cima?. O ataque titular do treino foi formado por Herrera e Pedro Oldoni e o ex-xodó da torcida deixou a atividade.

Até então, Givanildo contava com o atacante para a seqüência do Brasileiro. Dagoberto foi titular em todos os treinos durante a parada da Copa do Mundo. ?Ele é jogador do Atlético. Se ele vai ser vendido ou não é um problema para depois?, afirmou o técnico, no mês passado.

No bojo da guerra está a negativa de Dagoberto e seus representantes em renovar com o Atlético – decisão tomada no começo de junho. A partir de 23 de julho -exatamente um ano antes do final do contrato – , qualquer clube poderá adquirir os direitos federativos do atleta depositando R$ 5,4 milhões na conta do Rubro-Negro. Se o contrato fosse renovado, o clube lucraria muito mais ao estipular multa rescisória, que hoje é de R$ 27 milhões.

Naor Malaquias, um dos empresários que gerenciam a carreira do atleta, considera a decisão do clube uma ?represália?. ?O jogador cumpria com suas obrigações, deu o sangue pelo Atlético e agora querem encostá-lo, sem ao menos explicar? Quem fez isso não pensa no clube, só em dinheiro?, atacou.

Segundo Malaquias, o jogador ficou ?revoltado? ao ser barrado do time sem ter maiores justificativas além das palavras do treinador. ?Queremos saber se o Atlético vai dar férias para ele, deixá-lo treinando com o time B ou encostá-lo até o final do ano. Vamos consultar nosso o departamento jurídico para tomarmos as providências?, disse o empresário, prometendo para hoje uma resposta oficial sobre o caso. Até a noite de ontem o clube não havia se manifestado sobre a pendenga.

Atlético tenta antecipar estréia do xerife César

O xerife que o Atlético buscava para comandar a zaga apareceu. César, 30 anos, foi apresentado oficialmente ontem e começa imediatamente a buscar uma vaga como titular. Isso porque o clube tenta antecipar a liberação contratual do novo reforço para que ele estréie já no dia 12, contra o Fortaleza.

César, que ostenta no currículo o título da Copa América de 1999 pela seleção brasileira, vem com dupla missão: suprir a ausência de Paulo André, negociado com o Le Mans, da França, e proporcionar experiência ao jovem setor defensivo da equipe. ?Posso emprestar esta vivência dentro e fora de campo, mas sempre com humildade e fazendo amigos?, falou. A vinda de um atleta experiente – até com condição de tornar-se líder da equipe – era um pedido do técnico Givanildo de Oliveira.

O zagueiro não viveu grandes momentos em duas temporadas no Tenerife, da 2.ª divisão espanhola. Em 2004-2005, a equipe das Ilhas Canárias terminou em 9.º lugar. A última temporada, quando o zagueiro teve a companhia dos ex-atleticanos William e Cocito, foi ainda pior: o clube terminou em 18.º lugar e por pouco não caiu para a Terceirona. ?Os planos eram maiores. No papel o time era bom, mas em campo não rendeu o esperado?, explicou.

Como o Tenerife jogou pela última vez há 20 dias, a recuperação da forma física não atrasará a estréia de César. O principal empecilho é a norma da CBF que permite o registro de jogadores oriundos do Exterior somente a partir de 3 de agosto. O Atlético e outros times brasileiros tentam abrir uma exceção para os atletas cujos contratos com os antigos clubes já tenham terminado – caso de César e também do goleiro Navarro Montoya. ?Não faz sentido impedir um atleta de trabalhar. Esperamos conseguir a liberação já para reestréia do Brasileiro?, falou o diretor esportivo Marcos Teixeira. (CS)

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