Um dia depois de ?escantear? seu jogador mais valioso, o Atlético obteve uma importante vitória judicial na batalha contra Dagoberto e seus procuradores. A 8.ª Vara do Trabalho de Curitiba determinou ontem a prorrogação do contrato do jogador por mais 250 dias -medida válida até o julgamento do mérito da questão. A decisão é um golpe na pretensão do jogador, que tinha boa perspectiva de deixar o clube a partir de 23 julho.
O Atlético entrou com ação declaratória na Justiça do Trabalho pedindo prorrogação do contrato do atacante por mais 348 dias. Trata-se do período em que ele ficou inativo, desde a contusão no joelho sofrida num clássico contra o Paraná Clube, em 17 de outubro de 2004.
Ao conceder a tutela antecipada – beneficiando o Atlético (autor da ação) até a data do julgamento -, o juiz Amaury Haruo Mori, da 8.ª Vara de Trabalho, considerou que o afastamento do jogador foi de 250 dias. O cálculo para obtenção deste número baseou-se principalmente no período concedido para o recebimento do auxílio-doença acidentário do INSS.
O juiz considerou que a legislação trabalhista à época da lesão reconhecia a suspensão do contrato de trabalho e a conseqüente prorrogação deste pelo mesmo período de afastamento. Ele fundamenta que não ocorreu ?ofensa ao princípio constitucional do livre exercício de qualquer trabalho?, e que o jogador não está obrigado ao cumprimento do contrato, já que pode rescindi-lo a qualquer tempo desde que o novo empregador pague a multa contratual.
O juiz Amaury também levou em consideração o investimento realizado pelo Atlético para recuperação do atleta, ?no exterior, de alto custo e de especial qualidade técnica?.
Uma audiência foi marcada para 10 de agosto, quando Dagoberto poderá apresentar defesa e demais provas. Depois o juiz profere sentença do mérito sobre a ação do clube.
Em nota oficial, o Atlético afirmou que mantém o propósito de ?retomar as tratativas em busca de uma solução consensual entre as partes?. O clube se pronunciará sobre o assunto em entrevista coletiva marcada para a tarde de hoje.
A prorrogação dificulta uma eventual transferência de Dagoberto a partir de 23 de julho – quando faltará exatamente um ano para o fim do contrato original. Qualquer clube poderia adquirir os direitos federativos do atleta depois daquela data, depositando R$ 5,4 milhões na conta do Rubro-Negro -assim o atacante poderia negociar livremente um contrato mais lucrativo. Hoje, a multa é de R$ 27 milhões.
?Será uma sacanagem?
A contratação do goleiro Navarro Montoya causou rebuliço não apenas fora do Atlético. Internamente, a vinda do arqueiro quarentão começa a ser questionada pela parte mais interessada: o atual titular Cléber.
A chegada do colombiano naturalizado argentino pode frustrar o melhor momento do jovem Cléber com a camisa rubro-negra. Depois do empréstimo ao Santa Cruz e de um período de incertezas no início do ano, na época do revezamento com Tiago Cardoso, o prata-da-casa finalmente firmou-se na posição. A chegada do técnico Givanildo de Oliveira – seu ex-comandante na equipe pernambucana – e a obtenção da vaga de titular parecem ter impulsionado Cléber, que manteve a regularidade e conseguiu a aprovação da torcida.
Isso até a contratação do veterano estrangeiro. Ontem, em entrevistas a emissoras de rádio, Cléber disse que a possibilidade de perder a posição seria uma ?injustiça?. Mas com os gravadores desligados soltou uma expressão bem mais contundente. ?Se ele chegar e já jogar seria uma sacanagem. Não só comigo, como com todos os goleiros, pelo trabalho no decorrer do ano. E logo agora, quando o time engrenou depois dos tropeços do começo da temporada?, detonou. (CS)