Futebol

Curitiba festeja escolha para Copa 2014

Curitiba recebeu ontem a confirmação da Fifa de que será uma das 12 sedes da Copa do Mundo de 2014 de uma forma bastante típica da cidade: chuva, clima ruim e uma boa dose de frieza da população.

Tanto no Parque Barigui – local da festa oficial da Prefeitura -, como na Arena da Baixada – estádio que irá receber os jogos -, a concentração das pessoas era pequena e a festa, discreta em sua maioria. Alguns torcedores foram vestidos com as cores do Brasil.

No Barigui, a comemoração foi curta. O prefeito Beto Richa, presente no momento do anúncio, afirmou que “nunca teve dúvidas” de que a capital paranaense seria escolhida, e concentrou mais suas declarações no que precisa ser feito daqui para a frente.

“Com os compromissos que o governo federal terá com as cidades escolhidas, certamente agilizará seus investimentos na implantação do metrô, até para ficar pronto para 2014”, cobrou.

Do lado de fora da Arena, onde torcedores se reuniram para assistir o anúncio das cidades-sede, o clima também era de “eu já sabia”. Mesmo antes do anúncio, a esteticista Eliane Pedroso, torcedora do Atlético, disse estar feliz pela escolha do estádio, porém mais ainda pelo fato de Curitiba ser uma das sedes. “Trará benefícios para o turismo da cidade”, declarou.

O comerciante André Melo, também torcedor do Atlético, acredita que sediar a Copa será bom para todo mundo. “Haverá investimentos do governo federal e da iniciativa privada, e isso beneficiará a todos, independente do time que cada um torce”, lembrou.

Sonho da Copa começou em 1999, na Baixada

Cahuê Miranda

A Arena da Baixada foi um ponto fundamental para a escolha de Curitiba. Desde sua inauguração, em 1999, ela é apontada como modelo para os estádios brasileiros. Não é exagero dizer que a praça esportiva serviu como passaporte para a entrada da capital paranaense na Copa do Mundo de 2014.

Nunca faltaram indícios de que a Arena seria um importante diferencial para Curitiba. Autoridades como o presidente de honra da Fifa, os presidentes da Conmebol e da CBF e o ministro dos esportes destacaram o estádio como o melhor do Brasil e exemplo para as outras cidades.

Mesmo assim, a Arena correu o risco de ficar fora do mundial. No ano passado, uma disputa política e clubística quase fez o estádio mais moderno do País ser preterido pelo moribundo Pinheirão. Mas o bom senso prevaleceu e a Baixada acabou indicada à Fifa pelo governo do Estado.

Com a escolha de seu estádio, o Atlético pode ser um dos clubes mais beneficiados com a vinda da Copa para o Brasil. E não é por acaso. O Furacão é o único grande time do País que ergueu um estádio nos últimos dez anos. Outros projetos foram abundantes, mas nunca saíram do papel.

Hoje, sobra gente tentando capitalizar ganhos políticos com o sucesso da candidatura curitibana. Mas o principal idealizador do projeto, curiosamente, prefere ficar calado.

Procurado pela reportagem da Tribuna, o ex-presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia, disse que não se manifestaria. Desde que rompeu com a diretoria do Atlético, no início do ano, Petraglia parece afastado do processo.

A reportagem também tentou conversar com o atual presidente do Furacão, Marcos Malucelli. Ele, porém, preferiu passar a bola para o vice Ênio Fornea, que não retornou aos telefonemas.

“Em 50, Copa parecia o Paranaense”

Carlos Bório

O jornalista Levi Mulford, da Tribuna do Paraná, teve o privilégio de acompanhar a Copa do Mundo de 1950, que teve dois jogos em Curitiba. Mas ao contrário de hoje, quando a cidade inteira está entusiasmada com os jogos da Copa de 2014, naquela época, o evento não foi nada de excepcional.

“Naquele tempo não era como hoje. Para falar a verdade, até parecia um jogo do Campeonato Paranaense. O estádio estava lotado, mas não foi nenhum espetáculo fora de série. Hoje, não,, é tudo diferente. A cidade está fervilhando desde já e ainda faltam cinco anos para a Copa”, destacou o jornalista.

“Só assisti ao jogo entre Espanha e Estados Unidos, que foi num domingo, pois o outro jogo da Copa, Suécia e Paraguai, aconteceu num dia de semana e à tarde. Estava trabalhando e não pude assistir”, revelou.

Levi conta que pagou 18 cruzeiros pelo ingresso e destaca como lembrança mais marcante, que o time dos Estados Unidos, que tinha um futebol totalmente amador, estava derrotando a Espanha por 1 a 0 até os 30 minutos do 2.º tempo. “Em 15 minutos os espanhóis fizeram três gols e venceram o jogo”, relembra.

Dirigentes e cronistas falam dos benefícios do evento

Edmundo Inagaki

“Fez-se justiça com a escolha de Curitiba para ser uma das subsedes da Copa de 2014. Pelas condições que nossa capital tem, se comparado com as cidades do Norte/Nordeste, não foi nenhum favor.

Para que tudo dê certo no nosso Mundial, basta obedecer o caderno de encargos da Fifa, melhorando a estrutura urbana, como o transporte coletivo, já que várias cidades-sedes não têm metrô, e a questão da segurança pública, que é um ponto nevrálgico. Além da melhoria dos estádios, proporcionando aos torcedores lugares numerados e área para estacionamento.”

* J.B. Faria, 64 anos, comentarista e diretor da Rádio Paiquerê AM (Londrina), se prepara para a cobertura de sua 7.ª Copa do Mundo (México 86, Itália 90, EUA 94, França 98, Coréia/Japão 2002, Alemanha 2006 e África do Sul 2010).

“A Copa representa tudo em termos de visibilidade. Podemos mostrar ao mundo o que Curitiba tem de melhor, como a qualidade de vida, o clima, a culinária, os pontos turísticos.

Precisamos melhorar nosso sistema de transporte, a construção do metrô vai facilitar isso, e organizar o centro de imprensa para facilitar o trabalho de cobertura”.

* Jairo Silva, 54 anos, repórter Rádio Transamérica FM (Curitiba), já participou de 4 Copas do Mundo – México 86 (pool de emissoras brasileiras), Itália 90 e EUA 94 (Rádio Paiquerê AM/Londrina), França 98 (Rádio Clube AM/Curitiba e Rádio Jornal do Commércio AM/Recife) – e 6 Copas América (Chile, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Brasil e Venezuela).

“Não foi surpresa a indicação de Curitiba para subsede da Copa do Mundo. Como uma das capitais mais estruturadas do País, não poderíamos ficar de fora de um evento como esse.

Para 2014, faremos todas as melhorias necessárias em nosso estádio (Janquito Malucelli), visando atender todas as formalidades. E a primeira benfeitoria será a iluminação, para eventualmente abrigar qualquer seleção.”

* Joel Malucelli, presidente de honra do J. Malucelli/Corinthians Paranaense

Curitiba terá Fan fest

Carlos Simon

A Copa do Mundo encanta não apenas pelo que rola nos gramados. O clima festivo que toma conta da sede da competição atrai milhares de turistas – foi pensando nisso que a Fifa criou em 2006 as Fan Fest, grandes eventos com telões gigantescos espalhados pelas cidades do país anfitrião.

O modelo fez enorme sucesso na Copa da Alemanha. Mais de 18 milhões de fãs assistiram às partidas nestes locais, seis vezes o público total nos estádios germânicos. Tanto que, para 2010, o evento será repetido não apenas na África do Sul como em outras cidades espalhadas pelo mundo, com a chancela oficial da Fifa. No Brasil, ela acontece no Rio de Janeiro.

A ideia é seduzir o turista que não comprou ingresso, ou prolongar a permanência daquele que não conseguiu tantos bilhetes quanto desejava. Além de multiplicar o fluxo de visitantes, as Fan Fests representam boa fonte de lucro. Embora o acesso seja gratuito, o acesso com alimentos é proibido. As barracas vendem comida, bebida e um sem-número de produtos oficiais alusivos à Copa.

No projeto enviado à Fifa, a candidatura paranaense sugeriu à entidade três locais que podem abrigar as Fan Fests: o Parque Barigui, a Pedreira Paulo Leminski, e o Jardim Botânico.

Estrutura hoteleira agradece

Carlos Bório

A rede hoteleira de Curitiba está preparada para receber a Copa do Mundo de 2014. Segundo Cláudio José Antunes, presidente da Associação Brasileira de Indústria de Hotéis (ABIH), a capital paranaense possui hoje uma das melhores redes hoteleiras do Brasil. “Atualmente são 25 mil leitos disponíveis. A Fifa nos autorizou a cadastrar hotéis num raio de até 100 quilômetros de Curitiba. Portanto, temos opções em Ponta Grossa e também no litoral, para atender a demanda durante a Copa do Mundo”, assegurou Cláudio José Antunes.

Ele revelou também que até a Copa, mais três ou quatro hotéis serão inaugurados em Curitiba. “Hoje já temos o número de leitos exigidos pela Fifa, mas, mesmo assim, mais hotéis estarão prontos até a Copa. Estamos 100% preparados e bem na frente de outras cidades”, destacou Antunes.

Cirino ainda aposta no Couto

Rodrigo Sell

Não é porque a Arena da Baixada saiu na frente e vem sendo apontada como sub-sede da Copa do Mundo de 2014 que o Coritiba deixará de lutar pelo Couto Pereira. Segundo o presidente alviverde, Jair Cirino dos Santos, o clube ainda está no páreo. “Não me consta que a definição do local já esteja fechada e, sem dúvida, vamos continuar lutando”, afirma o dirigente. Para ele, o Alto da Glória, que tem um projeto travado na Prefeitura de Curitiba, pode muito bem ser o palco do Mundial e o Alviverde lucrar com isso. “Com o local para sediar os jogos da Copa”, destaca.

No mais, ele também concorda que a cidade não poderia ficar de fora da competição de futebol mais importante do mundo. “Seria injustificável a ausência de Curitiba”, aponta. Por isso, ele vê muitas vantagens com a vinda do Mundial. “O torcedor ganha ao poder ver grandes jogos e ganha a cidade com a infra-estrutura”, completa Cirino. Apesar da luta para levar jogos ao Alto da Glória ser bastante ingrata, o clube ainda poderá ceder o CT da Graciosa ou o próprio Couto para treinamentos de alguma seleção, numa espécie de prêmio de consolação que a CBF pretende dar a quem ficou de fora.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo