Expectativa

Curitiba entra hoje na rota da Copa do Mundo

Nassau, Bahamas, 14h30. Curitiba, Brasil, 15h30. Duas cidades, dois fusos horários, uma ligação inusitada, inédita e histórica. Se tudo correr como esperado, neste horário a capital do Paraná será anunciada como uma das doze sedes da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. De quase eliminada a uma das “barbadas” da disputa, Curitiba (e seus representantes) entraram em uma luta renhida, que envolveu projetos, anúncios de obras, tomadas de posição dos poderes Executivos e muita negociação.

O anúncio oficial acontece durante o Congresso da Fifa na ilha do Caribe. Lá estão dirigentes de todas as confederações nacionais, mas a grande estrela da festa é Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Um dos homens mais poderosos do País, o ex-genro do presidente de honra da Fifa, João Havelange, passará a ser um dos lordes do futebol, pelo menos até 2014.

Para se ter uma idéia da força de Teixeira, ele conseguiu definir um horário para o anúncio das cidades que não atrapalhasse o congresso e se adequasse aos interesses da TV Globo. “Eles vão interromper o programa do Faustão às 15h28 para anunciar as sedes”, revelou o prefeito de Curitiba, Beto Richa, em conversa com jornalistas na sexta-feira.

Apesar de não ter poder de decisão na escolha das cidades (a decisão é do Comitê Executivo da Fifa, do qual o presidente da CBF faz parte, mas não comanda), o cartola foi parte integrante da negociação de todas as cidades interessadas – são dezessete: Rio Branco, Manaus, Belém, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza, Goiânia, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. Quem quisesse ficar mais perto de receber os jogos da Copa, tinha que cortejar Teixeira.

Claro que alguns políticos e empresários não precisaram fazer tanta força. As quatro principais praças do futebol brasileiro (São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre) eram escolhas naturais, assim como a capital Brasília. Três cidades nordestinas seriam contempladas (Salvador, Recife e Fortaleza são as favoritas), uma no Centro-Oeste (deve dar Cuiabá), uma no Norte (Manaus). Só aí seriam dez. Sobram duas vagas – uma, para Natal, fecharia o circuito nordestino; a outra seria do Sul.

Até a metade do ano passado, Florianópolis era a favorita para receber os jogos da Copa. Nem tanto por projetos ou interesses políticos, e sim pela total falta de diálogo entre o governo do Paraná e a CBF – e de ambos com a então diretoria do Atlético. A divulgação da possibilidade da não vinda da Copa para o Paraná agitou o cenário político e econômico, e rapidamente foi formado um amplo comitê, hoje intitulado Comitê Executivo do Paraná à Copa do Mundo de 2014.

Apesar de reunido às pressas, o grupo foi habilmente montado pelas duas principais lideranças, o vice-governador Orlando Pessuti e o prefeito de Curitiba, Beto Richa. Com o apoio oficial, ficou fácil agregar empresários, câmaras setoriais e federações de indústrias e do comércio.

Nos últimos dias, prefeitos das principais cidades do Paraná e outras lideranças fizeram o comitê passar de sessenta integrantes. Pessuti e Richa foram à CBF, conversaram com Ricardo Teixeira e fizeram uma reaproximação da entidade com o Estado.

Com um projeto azeitado, uma cidade reconhecida como modelo urbanístico, um estádio à frente dos demais (o Joaquim Américo, já em obras para a Copa) e a união política e econômica, Curitiba saltou de renegada para favorita, e passou a integrar o grupo de cidades que chegam ao “grande dia” como certezas de sede da Copa -sensação reforçada pela bem-sucedida visita dos comissários da Fifa na cidade, no início do ano. Resta apenas saber se, toda esta expectativa vai se confirmar. E qual Copa do Mundo Curitiba vai receber daqui a cinco anos.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo