Cuca é citado nos bastidores do Coritiba há algumas semanas. |
Está tudo se encaminhando para Alexi Stival, o Cuca, ser anunciado hoje como o novo técnico do Coritiba, em substituição a Antônio Lopes, demitido na noite de quarta, após a eliminação na Copa do Brasil para o Treze.
Oficialmente, a diretoria afirma que nenhum nome foi contatado (só seriam esta manhã), mas o ex-treinador de Paraná Clube, São Paulo e Flamengo é o mais próximo do perfil citado pelo presidente Giovani Gionédis – no qual também se encaixam Adílson Batista, Caio Júnior, Péricles Chamusca e até mesmo Agnaldo Liz. Hélio dos Anjos, que tem defensores no departamento de futebol, é outra aposta.
Em entrevista à rádio Banda B, o presidente coxa reiterou que não houve qualquer procura de técnico. "Não vamos conversar com ninguém sem que toda a diretoria executiva possa participar do processo de escolha", contou Gionédis, citando diretamente a ausência do vice-presidente André Ribeiro, que estava com a delegação em Campina Grande – o grupo chegou na noite de ontem a Curitiba.
Se quisesse sondar possíveis nomes, a diretoria alviverde conseguiria conversar com vários profissionais, todos com seus telefones ligados ou assessores de imprensa à disposição, como Giba, técnico da Portuguesa. Candinho, que deixou o Palmeiras no mês passado, nem estava em São Paulo. "Estava na minha fazenda, nem sei se o telefone tocou", afirmou.
Caio Júnior, Adílson Batista e Péricles Chamusca garantiram que não foram procurados, mas todos ficaram satisfeitos com a lembrança. "Só o fato de ter sido citado como um dos possíveis nomes me deixa envaidecido", disse Caio. "Sei da grandeza do clube, e estou à disposição. Mas não posso falar sobre hipóteses", comentou Adílson. "Conheço a estrutura do Coritiba, uma das melhores do Brasil. Seria muito interessante", confessou Chamusca.
Cuca foi o único não encontrado pela reportagem – ele estaria pescando com amigos na tarde de ontem. O nome dele é ventilado há três semanas no Alto da Glória (antes, portanto, de Lopes ser demitido). Em entrevista à rádio Transamérica, Giovani Gionédis negou já ter contatado o profissional. "Não almocei nem jantei com ele. Vamos começar a tratar disso agora", afirmou ele, que confirmou que Ricardo Gomes foi oferecido.
Por morar em Curitiba, o treinador seria mais fácil de ser encontrado, e como a expectativa é do anúncio acontecer ainda hoje, é o nome mais cotado. E está no perfil programado pelo Cori. "Um técnico jovem, da nova geração. Um profissional que saiba trabalhar com as categorias de base e que faça um trabalho a longo prazo. E que não esteja contratado. O Coritiba não vai tirar técnico de ninguém", explicou Gionédis. Além disso, ele é um nome que seria bem recebido pela torcida – e este fator pode ser decisivo para a contratação do novo técnico do Coxa.
Sem comando, Lopes caiu na Paraíba
Passava das 22h20 de quarta-feira na quente Campina Grande. O Coritiba acabara de ser eliminado pelo Treze da Copa do Brasil, perdendo (em cálculos da própria diretoria alviverde) cerca de R$ 500 mil reais em prêmios e rendas futuras. Era o último ato da passagem de Antônio Lopes pelo Coritiba, o último dos 496 dias em que o Delegado comandou o Alviverde. Uma decisão que muitos esperavam (e há tempos), mas que foi surpreendente pela rapidez.
Lopes já demonstrara desânimo em sua coletiva, ainda no Estádio Ernani Sátiro. "Meu interesse era ajudar o Coritiba a ser campeão da Copa do Brasil, mas não foi possível", afirmou. Logo após a entrevista, a delegação voltou para o hotel, quando a tomada de atitude estava prestes a acontecer. O vice-presidente André Ribeiro, que chefiava a delegação coxa, só esperava um telefonema para iniciar a reunião que culminou na queda do Delegado.
O telefonema era de Brasília, era do presidente Giovani Gionédis. Ele conversou com Ribeiro, com o gerente de futebol Oscar Yamato e com o próprio Lopes. Esta foi a conversa mais complicada (ver matéria) – neste um ano e quatro meses em que comandou o Coxa, o Delegado aproximou-se do presidente, que era seu grande fiador. "Se eu não tirei antes, quando a torcida pedia a saída dele, porque demitiria agora?", questionou Gionédis no domingo, após a derrota para o Santos.
Mas todos perceberam, pela entrevista do agora ex-treinador e as críticas abertas dos defensores ao ataque, que não conseguiu marcar em Campina Grande, que se perdera o comando. Para a diretoria, estava claro que o ambiente estava comprometido, que chegara a hora do tal "fato novo". Gionédis também estava convencido, tanto que pessoas próximas a ele já afirmavam que o desgaste era inevitável. E Lopes também, o que acelerou – e facilitou – a saída. O treinador estava isolado, porque ficara sem o respaldo da diretoria e dos jogadores. Sem falar na torcida.
Gionédis, entretanto, mantém o posicionamento em relação a Antônio Lopes, que fez o Delegado ser o técnico com maior longevidade entre as equipes da primeira divisão. "O Lopes é um grande homem. Ajudou muito o clube e merece todo nosso respeito", disse o presidente.
Difícil, mas inevitável
?Foi uma conversa muito difícil. Eu o respeito e o admiro muito como profissional. E sei que o pensamento dele é semelhante. Por isso, foi complicado?. O desabafo é do presidente Giovani Gionédis, que teve a incumbência (como principal responsável pelo clube) de demitir Antônio Lopes, técnico que ele aprendeu a ?respeitar e admirar?. Mas ele reconheceu que a situação do Delegado era insustentável.
Gionédis era o grande defensor de Lopes no Coritiba. Chegou a usar de um megafone para pedir aos torcedores (no jogo de ida com o Treze) que evitassem as críticas e apoiassem o time. Só que não houve como segurar a pressão. ?Por mais que o presidente insista, é necessário ouvir os torcedores, os conselheiros e os outros diretores. E é sabido que havia uma pressão contra o Lopes?, comentou o presidente.
A decisão da demissão surgiu com a eliminação da Copa do Brasil. ?Não dá para esconder que nós jogamos fora uma grande oportunidade de conquistar um campeonato nacional. O Coritiba tinha chances reais de conquistar o título, e era a nossa possibilidade de voltar a uma competição internacional?, afirmou Giovani Gionédis, que com a derrota para o Treze não teve como apoiar o Delegado. ?Não deu para segurar?.
Mas o presidente alviverde fez questão de ressaltar a amizade com o ex-treinador do clube. ?Eu o considero um grande treinador, uma pessoa espetacular?, elogiou Gionédis, que descartou um plano que era comentado no Alto da Glória – a transformação de Lopes em dirigente. ?Ele sempre me disse que era treinador, e que não tem interesse em outras funções?, garantiu.
Presença
Antônio Lopes Júnior, filho do Delegado, deve permanecer como auxiliar técnico do Coritiba – podendo até treinar a equipe contra o Palmeiras, domingo, no Couto Pereira. ?Nós contratamos o Júnior não por ser filho do Lopes, mas por suas qualidades. Queremos que ele continue?, disse Gionédis, que também confirmou a permanência de Eudes Pedro, Róbson Gomes e Sebastião Koslowski (Pardal).