Valquir Aureliano |
Ricardinho só não saiu contra o Santos porque Cuca diz que ia "trocar seis por meia dúzia". |
Hoje será o dia inaugural de uma ?nova ordem? no Coritiba. Após 23 rodadas de inconstância no Campeonato Brasileiro, a comissão técnica e a diretoria não irão mais esperar por respostas do grupo. A lamentável atuação da equipe na derrota para o Santos precipitou a mudança de atitude. E os sinais deste novo momento estavam nas fortes declarações do presidente Giovani Gionédis e do técnico Cuca.
Os dois foram os principais fiadores do elenco até domingo. Apesar de saberem das carências alviverdes, tanto Cuca quanto Gionédis, quando entrevistados, ocupavam os microfones para defender os que já estão no Alto da Glória e reiterar que seria com eles que o Coxa seguiria no Brasileiro. Tinham o mesmo posicionamento e adotavam a mesma estratégia para ?blindar? os jogadores, preferiam se postar à frente deles, deixando que as críticas recaíssem sobre ambos.
Mas a paciência da dupla acabou na Vila Belmiro. ?Da forma como atuamos, talvez tenha chegado a hora de rever algumas coisas. Talvez não tenhamos em mãos tanta qualidade quanto imaginávamos ter?, afirmou Cuca. ?Não podemos jogar desta maneira. Acompanhei a palestra do Cuca antes do jogo e nada do que foi pedido foi feito dentro de campo. Parecia um time desvairado no primeiro tempo. Foi horrível?, atirou Gionédis.
Pela primeira vez, técnico e presidente do Coritiba citaram nominalmente os jogadores que não estavam bem. ?Ninguém jogou bem. O Ricardinho foi mal, o Capixaba foi mal, o Alcimar foi mal?, reclamou Gionédis. ?Eu tinha que mexer. Já ia tirar o Marquinhos quando ele se machucou. E faria a terceira alteração, tirando o Ricardinho, que não estava bem, mas seria trocar seis por meia dúzia?, disse Cuca, criticando indiretamente Rubens Júnior.
E esta é a grande diferença deste momento alviverde. Está claro que, a partir de agora, não se tolerará mais atuações como a de domingo. ?Não posso entender aquele primeiro tempo. Um time que tem a marcação como uma de suas virtudes principais não pode fazer cinco, só cinco faltas, deixando o adversário jogar?, desabafou o treinador. ?Talvez eu precise mudar, quem sabe chegou a hora de apostar na garotada, porque foram eles que melhor responderam no jogo. O time é jovem, mas os mais jovens foram os destaques?, completou.
Voltou um ?fantasma? que a comissão técnica pensava ter afastado após as últimas vitórias – a da falta de motivação. Em conversas, reconhece-se que o time não consegue se entregar por completo às partidas, refletindo uma passividade que é notada nos treinos. Tal situação fez Cuca admitir que está repensando os próprios objetivos do Coxa no Campeonato Brasileiro. ?O nosso limite está ligado com a atitude que o grupo vai ter.?
O plano para a ?intertemporada? é aumentar a carga de trabalho e reforçar as cobranças. ?Vamos ter que treinar mais do que estávamos pensando?, admitiu Cuca. ?Da forma que está, vamos exigir uma resposta mais positiva. Nós estamos fazendo a nossa parte, trabalhando de forma séria e agora é o momento de ver a atitude dos jogadores dentro de campo?, finalizou Giovani Gionédis.
Surpresa de Gionédis é quitar dívidas
Dificilmente a surpresa prometida pelo presidente Giovani Gionédis será relacionada com o dia a dia do futebol. Apesar das críticas abertas ao elenco, o dirigente não deve mudar seu posicionamento, mantendo-se firme na decisão de não contratar mais ninguém para o Brasileiro. As novidades a serem anunciadas envolvem o patrimônio do Coritiba, inclusive o possível desfecho de uma das maiores pendências do clube – a dívida com o Bradesco.
Especula-se que o anúncio de Gionédis (que aconteceria em uma entrevista coletiva, mas esta acabou cancelada, podendo ser marcada para amanhã) será o da renegociação da pendência com o banco, que é o maior credor do Coritiba – tendo, inclusive, o CT da Graciosa penhorado por causa de atrasos antigos. Está sendo costurado um acordo que envolveria o pagamento à vista de boa parte da dívida, com o restante sendo transformado em desconto. Tal iniciativa limparia o nome do Coxa na praça, encaminhando definitivamente o saneamento do clube.
E, principalmente, abriria caminho para o lançamento das obras de conclusão do Couto Pereira. Até o final do ano devem estar prontas a churrascaria e o Memorial, que foram financiados por parceiros e que, portanto, saíram ?de graça? para o Coxa. Faltaria então o fechamento do estádio, construindo o terceiro anel ou transformando o espaço em um setor VIP com camarotes e transferindo o setor de imprensa.