Os convocados do técnico Dunga começam na sexta-feira a preparação para a Copa do Mundo da África do Sul no Centro de Treinamentos Alfredo Gottardi, o CT do Caju. Curitiba receberá apenas o período de adaptação, de exames médicos e treinos físicos (num total de cinco dias), mas mesmo assim uma estrutura monstruosa será colocada à disposição daqueles que têm a responsabilidade de trazer o caneco para o Brasil.

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Não será a primeira passagem da Seleção por Curitiba – e pelo Caju. Em 1984, a seleção olímpica realizou um período de treinamentos na Vila Olímpica do Boqueirão, sob o comando de Jair Picerni (grupo que conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles). Conhecendo a estrutura existente no CT do Atlético desde 1996, Vanderlei Luxemburgo trouxe a seleção principal ao Paraná no início da preparação para a Copa América de 1999, disputada no Paraguai. Dois anos mais tarde, o técnico Luiz Felipe Scolari adotou o CT em 2001, quando a equipe se preparou para o jogo com o Chile, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2002, realizado no estádio Couto Pereira.

Nestas duas últimas passagens, a ideia era aproveitar o espaço do CT para realizar todos os trabalhos sem maiores deslocamentos, e usar o isolamento do local para unir o grupo. Os dois fatores são decisivos para a nova escolha de Curitiba como “sede” da Seleção – somados ao fato de o clima local ser semelhante ao da África do Sul. Ainda mais na comparação do Caju com a Granja Comary, em Teresópolis. Lá, por mais que a CBF tentasse barrar, torcedores e jornalistas ficavam mais perto que o imaginado por Dunga e Jorginho.

Nos cinco dias que ficará em Curitiba, a Seleção só não estará completamente isolada nos momentos – raros – em que terá contato com a imprensa. Dunga sabe que não há, no Brasil, lugar tão preparado e ao mesmo tempo tão reservado para um time de futebol com o CT do Caju. E é por isso que ele apostou em Curitiba como a primeira parada para o hexa.

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Ausentes

Quando a delegação comandada por Dunga aportar no Aeroporto Afonso Pena, vinte jogadores entrarão no ônibus para seguir até o Centro de Treinamentos Alfredo Gottardi. Faltarão três, que na mesma hora estarão concentrados para o jogo interclubes mais importante da temporada: a final da Liga dos Campeões da Europa.

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O goleiro Júlio César, o zagueiro Lúcio e o lateral-direito Maicon serão os ausentes. Na sexta-feira, eles estarão em Madri, na véspera da decisão entre a Internazionale de Milão, clube que defendem, e o Bayern de Munique. Mesmo assim, devem viajar para o Brasil após a partida, pois o grupo vai completo para a África do Sul no dia 26.

Hotel-fazenda virou referência pro futebol

Até 1995, o CT do Caju era um vistoso hotel-fazenda na periferia de Curitiba, mais conhecido como Estância Papa João XXIII. Pela localidade (à época, longe de tudo), e pelo valor da hospedagem, poucos conheciam o local. E só foram realmente conhecê-lo quando o Atlético deu um salto em relação aos adversários e comprou o terreno com tudo que havia nele, em 1996. Se não havia os campos de futebol, havia um hotel com quartos confortáveis, salas de reunião, cozinha industrial e piscina. E um amplo espaço para a construção de vários campos. Rapidamente, o Furacão adaptou a estância e transformou-a em um local de referência no futebol brasileiro. Desde então, o CT do Caju sofreu várias reformas internas. As últimas foram em 2007, com a revitalização de vários setores, e ano passado, com a reforma do departamento médico, que se transformou no Centro de Excelência para a Reabilitação Física de Atletas Profissionais, o CECAP.

Hoje, nos 220 mil metros quadrados, o Centro de Treinamentos Alfredo Gottardi virou uma espécie de “showroom’ de gramados. São nove campos – destes, oito recriam várias dimensões oficiais e tipos de grama que são usados na maioria dos estádios brasileiros e sul-americanos. Outra vantagem é a localização de cada campo no CT do Atlético. Dunga terá total privacidade, caso escolha os campos 3 ou 7, os mais afastados. Eles estão “protegidos’ pela estrutura do CT – que distanciará a Seleção das câmeras – e por muros e árvores – que impedem a visão dos torcedores, caso estes estejam fora do local.

Assim, Dunga terá exatamente o que pretende: a paz e a reclusão que ele e a CBF julgam necessárias para preparar a Seleção, tanto em Curitiba quanto em Johannesburgo.