Mesmo jogando no Morumbi, o São Paulo não foi adversário para o Cruzeiro ontem, perdeu por 4 a 2 e se mantém com apenas 1 ponto no campeonato brasileiro. Os torcedores protestaram, mais uma vez, e pediram a saída do técnico Oswaldo de Oliveira, que não deverá suportar a pressão. “Oswaldo, pede demissão”, gritaram os são-paulinos, inconformados com mais um insucesso da equipe. A rejeição ao treinador aumenta a cada dia. A torcida não aceitou a perda dos títulos brasileiro e paulista e das atuações irregulares na Copa do Brasil. “Não sei o que está acontecendo com o time”, desabafou o atacante Luís Fabiano único jogador da equipe paulista que teve bom desempenho fez dois gols.
A torcida já protestava na chegada da delegação ao estádio. Dezenas de pessoas se dirigiram ao portão de entrada do ônibus para hostilizar Oswaldo. Foram entregues panfletos, por torcedores de uniformizadas, explicando as razões pelas quais estavam pedindo a demissão do técnico, que tem contrato até junho.
A situação de Oswaldo ficou ainda mais difícil após o início da partida. São Paulo x Cruzeiro mais parecia uma partida entre um time amador contra um profissional. O São Paulo atacava de maneira desordenada e o Cruzeiro contra-atacava com competência. Foi assim que, em menos de 15 minutos, já havia praticamente liqüidado a partida. Alex e Deivid, que tiveram excelente participação, abriram a vantagem de 2 a 0 para os mineiros, sem dificuldade. Só tiveram o trabalho de empurrar a bola para o gol, sem marcação, na frente do goleiro Roger, que substituiu Rogério.
Os paulistas estavam perdidos em campo. Só assustavam em chutes de longe. O jovem Kleber, que atuou do lado esquerdo do ataque, esforçou-se bastante, mas penou para concluir as jogadas. É destro e, por isso, sofreu para jogar naquele setor do gramado. Ricardinho desapareceu na forte marcação do meio-de-campo cruzeirense. E Reinaldo nada fez.
O São Paulo até que dificultou um pouco para o rival na segunda etapa. Diminuiu o placar com Luís Fabiano, de cabeça, mas, em nenhum momento, esboçou um empate. O confronto teve ainda mais três gols por erros do árbitro Giuliano Bozzano, todos por meio de cobranças de pênalti que não existiram, dois para os cruzeirenses e um para os são-paulinos.
Deivid ampliou, Luís Fabiano reduziu o placar novamente e Deivid fez o quarto e decisivo gol. Faltando 9 minutos para o fim, Oswaldo tomou uma decisão que aumentou a ira dos torcedores. Fez duas alterações. Mas era tarde demais. O jogo já estava definido. É verdade que não tinha boas opções no banco, mas o que queria ele com substituições naquele momento do confronto, com 4 a 2 para o rival? Entraram os jovens Marco Antônio e Paulo Krauss, que não tinham condições para mudar o panorama da partida.
O técnico cruzeirense, Vanderlei Luxemburgo, elogiou o desempenho de seu time. E fez questão de reafirmar que sonha em trabalhar no São Paulo, “mas não agora, enquanto Oswaldo é o treinador, mas no futuro”. O nome do ex-jogador e comentarista Casagrande é bastante cogitado nos corredores do Morumbi para assumir o time, caso seja confirmada a demissão de Oswaldo neste domingo.
São Paulo 2×4 Cruzeiro
São Paulo: Roger; Gabriel (Marco Antônio), Jean, Gustavo Nery e Fabiano; Fábio Simplício, Júlio Baptista e Ricardinho; Kléber (Paulo Krauss), Reinaldo e Luís Fabiano. Técnico: Oswaldo de Oliveira.
Cruzeiro: Gomes; Maurinho, Edu Dracena, Luisão e Leandro; Augusto Recife, Tiago, Martinez e Alex (Wendell); Deivid (Jussiê) e Aristizábal (Marcelo Ramos). Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Gols: Alex aos 11 e Deivid aos 14 minutos do primeiro tempo; Luís Fabiano aos 4, Deivid (pênalti) aos 8, Luís Fabiano (pênalti) aos 17, Deivid (pênalti) aos 23 do segundo.
Presidente do São Paulo já admite demitir Oswaldo
Cenas inéditas no Morumbi após a derrota de ontem do São Paulo diante do Cruzeiro por 4 a 2. Torcedores do clube paulista e até alguns aplaudiram e imploraram para Vanderlei Luxemburgo assumir o cargo em lugar de Oswaldo Oliveira. E aproveitavam para xingar Jean, Gabriel e o atual treinador do São Paulo que saía protegido por seguranças. “Se num momento eu achar que estou atrapalhando, posso até reverter a minha posição de continuar trabalhando no São Paulo. Hoje depois dessa derrota contra o Cruzeiro não penso isso. Mas amanhã, eu não sei”, dizia Oswaldo que, pela primeira vez, mostrava estar abalado pela pressão para que deixe o clube.
O seu maior apoio já fraqueja. O presidente Marcelo Portugal Govea foi bem claro após o fracasso diante dos mineiros. “A situação do Oswaldo é delicada, complicada. Há grande parte dos conselheiros que já pedem a sua demissão. Mas eu não ajo sob pressão.”
A perseguição a Oswaldo já contaminou dois jogadores da equipe. Jean e Gabriel. Assim como o treinador, ambos foram vaiados do início ao final da derrota contra o Cruzeiro. “Eu queria não ouvir, mas os torcedores ficam gritando um monte de besteira e acabam atrapalhando o time. É péssimo, mas o que eu vou fazer? Eu sei que não sou culpado pela fase ruim em que estamos”, diz o zagueiro, tentando se defender.
Oswaldo já antecipou que vai procurar o jogador e se sentir que ele está mesmo abalado irá afastá-lo do time. “Todo mundo infelizmente me compara ao meu pai. Tenho o meu futebol e ele o dele. Por mais que esteja tudo ruim, não vou abaixar a cabeça como muitos querem”, resumia Gabriel que é filho do ex-lateral-esquerdo corintiano Wladimir.