Cristiano da Matta chuta o balde e Toyota o demite

São Paulo – Os termos do anúncio da substituição de Cristiano da Matta por Ricardo Zonta a partir do GP da Hungria, feito ontem pela Toyota, mascaram uma situação que se tornou insustentável entre o piloto e a equipe depois de uma sessão de testes em Jerez de La Frontera nos dias 13 e 14 de julho. Foi na Espanha que o mineiro chutou definitivamente o balde japonês, ao bater de frente com o projetista do time, Mike Gascoyne.

No comunicado da Toyota, assinado pelo diretor-geral Tsutomu Tomita, a equipe fala em “dar uma chance” a Zonta “em função do bom trabalho que ele tem feito nas sextas-feiras de GP”, colocando o paranaense na lista dos candidatos a companheiro de Ralf Schumacher no ano que vem. É uma meia-verdade. Zonta, de fato, vem andando bem. Mas a segunda vaga da Toyota será de Jarno Trulli ? outro agente que funcionou como estopim no divórcio entre Da Matta e os japoneses.

Cristiano e a Toyota não falam a mesma língua faz tempo. No seu primeiro ano de F-1, o piloto não reclamou muito. Era estreante, e o time estava em sua segunda temporada. Mas, neste ano, a ineficiência do modelo TF104 levou Da Matta a ficar exasperado. “Vocês me tiraram de um lugar onde eu ganhava corridas para me dar isso”, reclamou. A saída do diretor-geral Ove Anderson deixou o piloto órfão no time.

Cristiano e Gascoyne nunca se entenderam. Em Jerez, Da Matta foi obrigado a testar amortecedores e componentes de suspensão que, segundo ele, não funcionariam nunca. “Me deram alguns tipos de amortecedores para experimentar e na segunda volta eu já sabia qual era o melhor. Mas me fizeram ficar andando sem parar com coisas que não íamos usar”, contou o mineiro.

A situação já estava tensa desde a semana do GP do Canadá. Em Montreal, Da Matta avisou ao time que os freios não aguentariam a corrida toda. Mudaram o sistema e lhe disseram para ficar tranqüilo. Os freios aguentaram, mas não resistiram a uma vistoria da FIA. Cristiano, que tinha chegado em oitavo, foi desclassificado.

Depois de discutir asperamente com o staff técnico em Jerez, Da Matta voltou ao Brasil numa viagem não programada. Ali seu futuro foi selado.

As negociações da equipe com Trulli, feitas abertamente no paddock, catalizaram o processo. Cristiano nunca engoliu a maneira como Gascoyne se aproximou do italiano, que já anunciou sua saída da Renault. Em Silverstone, diante de jornalistas italianos, Trulli cruzou com Da Matta no paddock. A um cumprimento de praxe do brasileiro, Jarno, segundo testemunhos, foi irônico e respondeu com um “banzai”. Alguns dias depois, Cristiano e Gascoyne se desentenderam em Jerez. E o divórcio se consumou.

Na surdina, Williams tira Button da BAR

São Paulo – A Williams deu um nó em todo mundo e, na surdina, assinou ontem um contrato de dois anos com Jenson Button. O inglês da BAR, sensação do campeonato que já subiu ao pódio sete vezes na temporada, volta assim ao time que lhe deu a primeira oportunidade na Fórmula 1, em 2000.

O anúncio da Williams se deu no final da noite de ontem, pelo horário europeu. Pegou todos de surpresa. Especula-se que o time aproveitou uma bobeada da BAR, que teria de exercer a opção sobre o contrato de Button para um terceiro ano, e não o fez.

“Estou muito contente por ter a opção de voltar à Williams, onde comecei minha carreira. Por enquanto, a temporada 2004 continua sendo meu foco principal. Mas depois disso, tenho certeza que o talento e os investimentos pesados da Williams e da BMW me darão as melhores condições para ser campeão mundial”, falou o piloto.

“Estou satisfeito pelo fato de um dos pilotos de maior talento na F-1 ter aceitado retornar à equipe”, falou Frank Williams. “Quando assinamos com Jenson, em 2000, ele era um talento emergente. Nas últimas três temporadas vimos sua evolução e agora podemos dizer que, da maneira como a equipe está se reorganizando, veremos renascer a Williams no próximo Mundial”, completou Patrick Head, diretor e sócio da equipe.

Em sua quinta temporada, Button tem 78 GPs disputados na categoria e tem como melhores resultados três segundos lugares, todos este ano – Imola, Mônaco e Alemanha. Já somou 106 pontos, liderou 38 voltas e largou uma vez na pole position, no GP de San Marino.

Jenson terá como companheiro de equipe no ano que vem Mark Webber.

Zonta volta após 3 anos

São Paulo – Piloto de testes da Toyota desde o ano passado, Ricardo Zonta terá mais uma chance de retomar sua carreira na F-1. O brasileiro não corre desde 2001 na Alemanha, onde substituiu Heinz-Harald Frentzen pela Jordan. Naquele ano também o paranaense correu no Canadá.

Na categoria, Zonta estreou pela BAR em 1999. Logo na sua segunda corrida, quebrou o pé num acidente em Interlagos. No ano seguinte, quebrou o pau com Jacques Villeneuve, seu companheiro de equipe, e em 2001 virou piloto de testes da Jordan.

Na temporada seguinte, foi correr na Super Nissan e ganhou o título, para voltar às funções de test-driver em 2003 na Toyota. No total, Zonta disputou 31 GPs e marcou três pontos, com sextos lugares na Austrália, Itália e EUA em 2000.

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