Walter no Athletico: por que não?

Walter
Walter comemora seu último gol no Athletico, diante do Corinthians, em 2016. Talento pra jogar, ele ainda tem. Foto: Hugo Harada/Arquivo

A notícia foi a mais repercutida nesta segunda-feira (4): por desejo expresso do presidente Mário Celso Petraglia, o atacante Walter começou a fazer um trabalho especial de preparação física no Athletico, que vai durar dois meses, até o final de sua suspensão por doping. Se ele se ‘comportar’, assinará um contrato de produtividade até o final desta temporada – que pode não ser necessariamente no final de 2020.

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Aos 30 anos, Walter hoje não pode exigir mais do que isso. E também terá que compreender o olhar desconfiado do torcedor rubro-negro, que se dividiu entre esperança e ceticismo após o anúncio. Alguns lembram da conturbada saída dele em 2016, três meses depois de ser ameaçado por torcedores e em meio a fotos com faixas contra Petraglia e a notória dificuldade de manter o peso. Outros apostam na qualidade técnica do camisa 18 e esperam apenas a posição firme do jogador em acreditar na oportunidade que recebeu.

Eu apenas pergunto: e por que não?

Walter merece essa chance

Usei a palavra comportar entre aspas porque Walter não é um jogador indisciplinado – pelo menos no sentido que ela tem no futebol. Ele é um “menino grande”, contribuição de Milton Mendes ao léxico boleiro. Ele pôde fazer adulto o que não podia como criança, e juntando isso com uma tendência para engordar levou o atacante a ter problemas com o peso durante toda a carreira.

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A ponto de aí sim passar dos limites. Primeiro com a confusão com um funcionário público, inclusive com uma arma de brinquedo na história. Walter acabou preso. E depois o doping com sibutramina – quem precisa emagrecer conhece essa substância de cor e salteado. (E quem precisa emagrecer sabe como isso é complicado). Dois anos de gancho e a sensação de todos que um talento estaria irremediavelmente perdido.

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Sim, porque talento Walter tem e de sobra. E é por isso que ele merece essa chance que o Athletico vai lhe dar. Em forma – ou pelo menos com a forma que ele conseguir -, o atacante é titular do Furacão com um pé nas costas. Com menos peso e com motivação, ele é o centroavante que Dorival Júnior tanto precisa.

Mas depende dele

Só que o camisa 18 não pode esperar mais do que uma mão estendida pelo Athletico. Recebeu de Petraglia uma chance que Washington não desperdiçou, mas que Adriano perdeu. Nos dois casos, a estrutura do Furacão fez tudo que era possível, mas a decisão de querer agarrar a oportunidade era do jogador. O Coração Valente lutou como nunca em sua recuperação e virou exemplo de atleta e artilheiro rubro-negro. Já o Imperador nunca esteve com a cabeça em Curitiba.

Walter terá a seu dispor todo o aparato do Athletico. E também uma equipe médica, física, técnica e psicológica para colocar sua carreira nos trilhos de uma vez. Não há lugar melhor para ele reiniciar. Depende apenas dele.


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