E quando a volta do futebol brasileiro tem seus passos mais claros nota-se que não é tão fácil retomar com os campeonatos. Se a maioria dos clubes e das federações tem pressa – até demais – para esse retorno, os desafios do calendário, da adoção do protocolos médicos e o momento do País no combate ao coronavírus mostram o tamanho do desafio. Ou da insensatez.
Foi só a CBF fechar questão pelo dia 9 de agosto pro início do Brasileirão que começaram as reclamações. Os clubes gaúchos e paulistas perceberam que a data prevista faria com que os campeonatos estaduais ficassem encavalados. E, portanto, a volta do futebol brasileiro teria um nó difícil de ser desatado antes mesmo de se começar tudo de novo.
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O desafio do calendário é complexo. Sem abrir mão de nada, não tem como resolver esse quebra-cabeça. Serão em média quatro meses de interrupção até a volta do futebol brasileiro, e é preciso tentar encaixar tudo até fevereiro de 2021. E não é só Brasileirão, tem também Copa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana. E, claro, as Eliminatórias.
Os atletas na volta do futebol brasileiro
Além disso, é preciso se preocupar com a saúde de quem faz o jogo – e não são os cartolas, mas sim os jogadores, que não foram ouvidos. Nem todos os clubes vão ter elencos grandes o suficiente para a maratona de jogos, e é preciso pensar em um calendário que os proteja. Essa incerteza preocupa alguns clubes, principalmente os que não estão na Série A.
As equipes da Série B já fecharam questão em não aceitar o início da competição em 8 de agosto – querem começar seis dias mais tarde, em 14 de agosto. A volta do futebol brasileiro também pode ter alterações no Brasileirão, apesar da CBF garantir que é preciso começar no dia 9. E não podemos esquecer que tudo isso depende de um OK das autoridades de saúde.
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A ação conjunta dos clubes da Segundona mostra outro ponto importante nesta volta apressada do futebol brasileiro. O foco extremo na primeira divisão faz com que se esqueça da dificuldade que será a implantação do protocolo médico nas outras divisões. Será que a CBF não pensa nisso?
Insensatez e irresponsabilidade
No Campeonato Paranaense, a marcha da insensatez não para. O presidente da FPF, Hélio Cury, disse em entrevista à rádio Banda B que iria falar com as autoridades de saúde para “tentar mostrar que o futebol não é o grande vilão da história”. Até pode não ser, mas parece difícil entender que o problema é de todos, não só de alguns.
Os cartolas parecem não querer compreender que o dono da loja de bairro também não é vilão da história, assim como o diabético que precisa de exercícios físicos na academia, o aluno da escola pública ou o artista que toca nos bares. Mas eles precisaram interromper suas atividades porque é preciso evitar qualquer tipo de aglomeração, é preciso que todos deem sua cota de sacrifício. Por que o futebol se julga diferente?
O que é insensato pode virar irresponsável rapidamente. Como ficou claro na decisão da prefeitura do Rio de Janeiro em permitir jogos com público a partir de 10 de julho. Políticos e cartolas cariocas promovem um circo a olhos vistos e há quem – cego pelo clubismo – ache que isso é correto.
Decepção
E a postura não é só dos engravatados. A desastrada entrevista de René Simões à rádio Central de Campinas, dizendo que o futebol tem que voltar para ajudar pessoas que estão “enlouquecendo”, mostra que a falta de noção não tem profissão definida. Ele disse que se expressou mal, mas o estrago foi feito. Falar de “amigos aqui que já se separaram, outros já bateram na mulher, outros batem nos filhos” como se fosse natural é inacreditável e inaceitável.
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