“Segunda onda”: como o futebol brasileiro voltou a negligenciar a covid-19

Ricardo Oliveira, covid-19
Ricardo Oliveira é um dos jogadores do Coritiba que deram positivo no exame para covid-19. Foto: Albari Rosa/Foto Digital

Nos últimos dias, vimos um aumento expressivo de casos de covid-19 no futebol brasileiro. Na Série A, são quatro equipes com mais de dez ocorrências (entre jogadores e funcionários): Coritiba, Santos, Palmeiras e agora o Atlético-MG. Já eram mais de 40 casos apenas na primeira divisão antes da rodada do último final de semana. Com os novos dados, o número se aproxima de 50. E mostra como o protocolo médico foi sendo deixado de lado por clubes e CBF.

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Muitos dizem que o futebol brasileiro nada mais é do que um reflexo da sociedade. E neste caso da covid-19 – uma pandemia que alerta o mundo mas que pra muita gente aqui é ‘invenção’, é ‘gripezinha’ ou coisas assim – essa relação é ainda mais forte. O aumento de casos no esporte está diretamente ligado aos relaxamentos autorizados pelos governantes e que foram transformados em salvo-conduto pras pessoas.

Largando mão

O que se vê em Curitiba se repete em outras grandes cidades pelo País. Bares lotados com janelas fechadas e ninguém de máscara, pessoas passeando como se estivéssemos em 2019, ônibus lotados sem a fiscalização necessária, a negação coletiva principalmente dos mais jovens. Como já convivemos com a pandemia desde março, há quem ache que já sabe o que fazer, e desrespeita todas as recomendações das autoridades de saúde. E, convenhamos, o poder público deu uma bela largada nos últimos meses.

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O resultado disso é o aumento de casos que vimos recentemente. Tivemos um crescimento de 49% no número de infectados na última semana, pelos dados da prefeitura de Curitiba. É reflexo das aglomerações, da falta de cuidado, do descaso dos agentes públicos. Temos que apontar os erros dos cidadãos, mas não podemos esquecer da negligência de quem manda.

Futebol e covid-19

Essa é a mesma avaliação para os surtos de covid-19 no futebol brasileiro. Houve uma desmobilização das pessoas que vivem o esporte, mas ela veio atrelada às ações de clubes e CBF que relaxaram os protocolos médicos. E é por isso que a gente vê casos da seleção brasileira até equipes da Série D do Campeonato Brasileiro. Apenas agora, com quatro times da primeira divisão em situação alarmante, é que ‘acordamos’.

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Digo assim porque a imprensa também voltou ao seu normal e parou de acompanhar a execução do protocolo médico. Mas ressalto aqui que clubes e CBF foram negligentes, porque mais uma vez quiseram se posicionar como ‘exemplos’ da sociedade, enquanto os cuidados para evitar o contágio pelo novo coronavírus foram sendo deixados de lado. A pandemia não acabou, a vacina ainda não veio, ainda temos a obrigação de cuidar de nós mesmos e de quem amamos.

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