Brasília – Não é preciso dizer que o Flamengo é um time fora da curva no futebol brasileiro. Em grau de investimento, em qualidade de elenco, em superioridade técnica, o time carioca tá bem à frente dos outros clubes. O Athletico sentiu isso na carne na Supercopa do Brasil, vencida pelo Fla por 3×0, na manhã deste domingo, no Mané Garrincha, em Brasília. Jogando como se estivesse em casa, o time de Jorge Jesus levou vantagem diante do Furacão, que apostou na surpresa e não se deu bem.
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Desde o sábado (15), a sensação era de que estávamos em um bairro do Rio de Janeiro. Ou até mesmo em uma capital do Nordeste, onde a torcida flamenguista é tão grande quanto na sua sede. No hotel em que estamos, estava uma loucura – nos hotéis em que nossos colegas estão, também. Aqui no estádio a mesma coisa, mesmo que não fosse o público alardeado oficialmente. O Furacão estava em minoria, e era preciso transformar isso em vantagem.
Dorival Júnior fez sua aposta. A escalação sem um jogador de referência trazia uma expectativa e um recado. A expectativa era de fazer da movimentação ofensiva uma resposta à tentativa de domínio dos ‘donos da casa’. Por isso o treinador atleticano colocou as suas fichas em Marquinhos Gabriel, Nikão e Rony. E também porque ele não tem confiança absoluta em Guilherme Bissoli. Aí vem o recado, acima do resultado, de que é preciso contratar. Mas o técnico errou em não trazer Pedrinho para Brasília.
Quando a bola rolou
O Athletico estava disposto em um 4-1-4-1. Marquinhos Gabriel era o jogador mais avançado, com Erick e Léo Cittadini avançando na saída de bola do Flamengo. Mas como Marquinhos também voltava, o jogo ficou mais no campo de defesa do Furacão. E aí mora o grande perigo desse sistema. Diante de um adversário como o Flamengo, é preciso ameaçar, criar risco. Se ficar só se defendendo, os caras vão chegar. Depois de cinco investidas, saiu o gol de Bruno Henrique, aparecendo entre os zagueiros e fazendo de cabeça.
O passe foi de Gabriel, pela direita, um ajuste tático de Jorge Jesus que o Athletico demorou a assimilar. Márcio Azevedo e Thiago Heleno tinham dificuldade para acompanhar. E foi numa falha inacreditável do lateral-esquerdo que Gabigol fez o segundo.
A arapuca pensada por Dorival Júnior se voltou contra o próprio Furacão. O time não tinha ataque, dependendo exclusivamente de Rony para conseguir alguma coisa. Nikão se movimentava tentando ajudar, mas o espaço era pouco. No primeiro tempo, só depois dos 40 minutos, uma vez com Marquinhos Gabriel e outra com Rony. Apesar da melhora nos instantes finais, o treinador teria que mudar, inclusive apostando no antes barrado Bissoli.
O segundo tempo
No intervalo, Rony falou pra Nadja Mauad que era preciso “dar a cara a tapa”. Em resumo, era para querer mais, tentar mais, atacar mais. O placar estava 0x2, não havia outra opção senão ir para cima. Dando mais um recado, Dorival Júnior sacou Khellven e Márcio Azevedo para colocar Fernando Canesin e Abner Vinícius. E realmente o Athletico voltou com outra intensidade.
Mas rapidamente o Flamengo voltou a dominar. Jogando em cima de Erick, improvisado na lateral-direita, Filipe Luís e Everton Ribeiro construíam as principais jogadas. Bissoli entrou aos 18 do segundo tempo – apesar de tudo, uma mudança cantada desde o apito inicial. Aí ele já não podia fazer nada, ainda mais depois do gol de Arrascaeta. E mesmo assim ele botou uma bola na trave e obrigou Diego Alves a fazer boa defesa.
Foi o golpe de misericórdia de um Flamengo superior não só ao Athletico, mas também aos outros times. Vitória merecida e que reflete um domínio que pode ser longo no futebol brasileiro. Ao Furacão, ficou o amargo gosto da goleada e a clara indicação que para ter sucesso na Libertadores é preciso contratar. E rápido.
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