Na vice-liderança da Série B e com a campanha mais regular entre os times paranaenses que disputam o Campeonato Brasileiro, o Paraná Clube é um exemplo de como o futebol é rico em possibilidades. Com mais ou menos dinheiro, com mais ou menos craques, com mais ou menos jogadores no ataque, há várias maneiras de vencer no esporte. E nem sempre é do jeito que nós queremos.
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Falando em nós, jornalistas. Somos pessoas difíceis, geralmente teimosos quando se fala em futebol. Cada analista tem um jeito de atuar que lhe agrada. Brinco falando que não posso ficar querendo ditar regra porque o time que me fez amar o esporte perdeu – a seleção brasileira de Telê Santana na Copa do Mundo de 1982. Que tinha um desenho tático moderno pra época (o 4-2-3-1 que muita gente usa hoje), mas que não era exatamente uma equipe equilibrada.
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Futebol é equilíbrio. Se você tiver um time extremamente defensivo, a tendência é que você até avance algumas casas, mas pare pelo caminho nas competições – quando for preciso fazer gols. Vide a Suíça nas Copas. E se você tiver um time extremamente ofensivo, numa noite ruim tudo pode desandar e uma conquista virar frustração. Lembrem do Santos contra o Barcelona no Mundial de Clubes de 2011.
O exemplo do Paraná Clube
Vejam o que o Paraná Clube vem fazendo. Sem os mesmos recursos financeiros de alguns times da Série B e sem tantos jogadores ‘conhecidos’, o Tricolor faz uma campanha notável – o melhor de todos os inícios de Segundona do clube. Passou de uma equipe que nos preocupava para um postulante real ao acesso. Pratica um futebol pragmático, que tem a essência da forte marcação, da compactação defensiva e da saída em velocidade baseada em um centro técnico, Renan Bressan.
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Se compararmos o time de 2017, que subiu pra primeira divisão, com o deste ano, vamos concluir que aquele time de Cristovam, Eduardo Brock, Iago Maidana, Renatinho, João Pedro e Robson jogava mais bonito. As vitórias eram empolgantes, o Tricolor era corajoso. Mas em 2020 os resultados estão vindo e as atuações são de boa qualidade – algumas, como a vitória sobre o Juventude, superam essa definição.
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Podemos dizer que o América-MG é mais vistoso, a Ponte Preta tem mais condições, que o Operário tem mais força física. Mas sem ser um grande destaque, o Paraná Clube é equilibrado. Usa ao máximo as suas virtudes e tenta reduzir o impacto de suas carências. Allan Aal faz o grande trabalho de um treinador no futebol paranaense nesta temporada. E ressalta que o futebol pode ter variações – que podem não ser as dos nossos sonhos, mas que dão certo.