Uma derrota previsível e desanimadora – este é o resumo de Fluminense x Coritiba. A goleada do tricolor carioca por 4×0, na noite desta segunda-feira (28), no Engenhão, mostrou que há muita coisa errada no Coxa. O elenco tem poucas opções de qualidade. O técnico Jorginho aposta numa tática extremamente defensiva e sem proposição de jogo. E a diretoria demorou um tempão para perceber as falhas que cometeu. Será que caiu a ficha agora?
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Na quarta-feira (30), qualquer resultado de Botafogo x Bahia coloca o Coritiba de novo na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. E, infelizmente, não há nada de surpreendente nisso. Com problemas estruturais, o Coxa está entre a cruz e a espada. Para trazer jogadores de qualidade, será preciso investir. Só que não há de onde tirar dinheiro pra fazer isso.
Os times
O Coritiba vinha de novo com mudanças. Jorginho deu nova oportunidade para Gabriel começar jogando. Ele e Giovanni Augusto eram fundamentais para uma boa produção ofensiva alviverde. Novamente sem armadores – meio-campo com Hugo Moura, Matheus Sales e Matheus Bueno -, o Coxa precisava que os dois jogadores mais ofensivos aparecessem. Gabriel, em especial, teria que apresentar a dinâmica de jogo que ainda não tinha apresentado no clube.
De resto, nada de mudanças em relação à vitória sobre o Vasco, porque por ora as opções do elenco ficaram mais restritas. Sassá foi dispensado, Neílton está machucado, Giovanni e Igor Jesus foram negociados, Cerutti e Mattheus Oliveira só podem jogar a partir de 13 de outubro… Por isso o Coritiba segue procurando jogadores no mercado. E só agora é que se fala em “reforços de Série A”, termo usado por Jorginho para definir a busca por contratações. O tempo perdido em oito meses teria que ser recuperado com rapidez e eficiência.
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Do lado do Fluminense, um time repleto de desfalques. Mesmo Fred, que tem toda uma história no clube, admitia que o técnico Odair Hellmann estava escalando “quem podia jogar” – e aí poderia se incluir o próprio centroavante. A atenção, claro, deveria estar em Fred mas principalmente em Nenê, aos 37 anos ainda decisivo no futebol brasileiro, pela capacidade de resolver partidas que ele tem.
Fluminense x Coritiba: o jogo
A estratégia do Coritiba não mudava muito. O plano era explorar os espaços dados pelo Fluminense para tentar contra-atacar. Mas havia um furo tático que foi decisivo já aos sete minutos, quando Michel Araújo teve espaço para arrumar o corpo e chutar na gaveta para abrir o placar.
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E que furo tático era esse? Como Giovanni Augusto não é um jogador com fôlego pra voltar até a linha defensiva e depois se projetar pela extrema, havia toda uma engenharia. No ataque, o camisa 90 flutuava, inclusive trocando de posição com Robson. E na marcação, era Matheus Bueno quem fechava o setor esquerdo. Só que o volante tinha um latifúndio pra marcar, porque havia um buraco no meio-campo, onde Giovanni não retornava. Por ali Michel Araujo trafegou na hora do gol. E por ali o tricolor carioca dominava.
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Atrás no placar, o Coxa continuou todo recuado. Wilson ou Sabino chutavam para a frente e logo a bola voltava para o campo alviverde. A sensação era que Jorginho não tinha soluções para propor o jogo. E, para complicar, a meia-cancha estava aberta e os donos da casa jogavam sem serem ameaçados.
Poucas opções
Só parecia haver uma opção confiável, que era o avanço de William Matheus. Os garotos, pelo menos, tentavam, tanto que o primeiro chute a gol foi de Matheus Bueno após o passe de Natanael. Já era 30 do primeiro tempo e aí o Coritiba resolveu jogar no campo do Fluminense. Tanto que com um pouco de presença ofensiva Robson perdeu um gol feito, num passe justamente de William Matheus.
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Jorginho decidiu mudar, colocando Thiago Lopes e Nathan nos lugares de Matheus Bueno e Giovanni Augusto. Mas só Robson realmente ameaçava o gol de Muriel. A bola na trave do camisa 30 apontava que era possível empatar. Só que era preciso querer e preciso jogar. E o Fluminense não precisou ir muito ao ataque para marcar o segundo, com Felippe Cardoso, que tinha acabado de entrar – Sabino falhou na marcação.
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Só com 18 minutos da etapa final que o treinador alviverde colocou Sarrafiore, no lugar de Gabriel. E depois, de forma inacreditável, fez uma troca de volantes – Ramón Martínez no lugar de Hugo Moura. Como castigo, logo depois Nino fez 3×0. E ainda levaria o quarto, no pênalti cobrado por Ganso. O Coritiba estava derrotado. E de forma muito justa. O resultado precisa servir como aviso a Jorginho e aos dirigentes. Aos cartolas, que é preciso contratar com extrema urgência. E ao treinador, que não dá pra jogar Série A só pensando em se defender.