Falar do Flamengo, pra mim, é falar de Zico. Foi a primeira palavra que escrevi, com quatro anos. Maior ídolo de uma geração de torcedores, o Galinho representa, além do futebol extraordinário, uma postura cidadã do atleta de futebol. Parte dele uma grande parte da ‘marca Flamengo’, hoje a de maior visibilidade do Brasil.
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O clube carioca é o mais nacional de nossos representantes. Ver o frenesi em cima do Flamengo em cidades mais distantes e diferentes é sempre impressionante – em 2001, vi Maceió parada por causa do time. O atual sucesso em campo só reforça essa realidade. E é uma relação que sempre precisa ser bem cuidada, o que os atuais dirigentes rubro-negros não estão fazendo.
Beira a irresponsabilidade a conduta dos principais cartolas do Flamengo. No período mais complexo do combate à pandemia do novo coronavírus, os dirigentes bancam uma volta aos treinos em campo como se fossem os únicos certos – e o resto do mundo errado.
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Enquanto o Flamengo treinava no Ninho do Urubu na quinta-feira (21), o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, admitia pela primeira vez o cancelamento definitivo da Olimpíada de Tóquio, marcada para julho do ano que vem. Será que o COI está errando em seu diagnóstico e Rodolfo Landim está certo?
E quem lembra que Atlético-MG, Cruzeiro, Grêmio e Internacional estão treinando, talvez não recorde que, além de estarem liberados pelas autoridades de saúde, os clubes mineiros e gaúchos não estão ostensivamente brigando pela volta quase que imediata das competições, como ficou evidente na reunião com o presidente Jair Bolsonaro.
Retrato do Brasil
A diretoria do Flamengo – e sou explícito nessa definição porque a instituição e seus torcedores não fazem parte dessa postura – reflete um Brasil profundo e triste. Quando perguntada sobre a decisão de treinar em campo, que fere o decreto de isolamento social do Rio de Janeiro, a posição é de que cabem interpretações sobre a quarentena. Em resumo, buscou-de uma brecha para furar o isolamento.
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Muitos dos nossos problemas têm essa origem – em vez de respeitarmos a lei, dizemos que ela “não pegou” ou vamos atrás de jeitinhos para burlá-la. E o recado que os dirigentes do Flamengo passam para a sociedade. Será esse o ‘exemplo’ que os cartolas do futebol dizem que o esporte precisa dar?
Uma vez, o saudoso Alexandre Zraik definiu um empresário de comunicação como alguém que “não se preocupava com o ser humano”. Os dirigentes do Flamengo parece que querem ser definidos dessa forma. O clube com a maior torcida do Brasil tem que ser mais Zico e menos Landim.
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