A manchete pode dar uma interpretação errada, mas o que CSA x Paraná Clube mostrou foi que o Tricolor precisa fazer as coisas de outra maneira. O time, o pensamento do técnico Allan Aal e a ação da diretoria deram certo por determinado período – por 14 rodadas da Série B do Campeonato Brasileiro. A goleada imposta pelos alagoanos, o 4×0 da noite deste sábado (10) no Rei Pelé, mostra que aquele trabalho já não dá mais resultado.
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E não quero dizer – repito – que isso signifique que seja o caso de trocar o comando técnico. Longe disso. É que do jeito que está, não vai dar mais. Chegou a hora de pensar em novas opções, nova tática, novo foco e, se possível, novas contratações. Esse Paraná Clube que chegou à liderança da Segundona chegou ao seu limite. Se não mudar nada, o G4 corre o risco de ir ficando mais distante.
CSA x Paraná: os times
Allan Aal tem convicções, e não as mudou. O time titular da partida do Rei Pelé mostrava isso. Mesmo com Andrey fisicamente inteiro e com Vitinho já incorporado ao elenco, o treinador queria um Paraná Clube organizado e competitivo – e isso significava ter Gabriel Pires e Marcelo nas extremas, indo para o ataque e voltando para marcar com o mesmo empenho. Assim, Renan Bressan precisaria de novo se desdobrar na criação ofensiva, e ainda contar com a ajuda de Jean Victor.
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Só falei do lateral-esquerdo tricolor porque Paulo Henrique, que também ajuda na articulação, estava suspenso. Toninho, sem ritmo de jogo, não poderia ser tão exigido. E Léo Castro novamente seria o centroavante, ganhando espaço em relação a Bruno Gomes. A boa nova era a volta de Salazar – que estava fazendo falta na defesa. Do outro lado, o CSA era um grande “revival” do nosso futebol: Cleberson, Luciano Castan, Rodrigo Pimpão, Nadson, Paulo Sérgio, Mozart e Rodrigo Pastana.
Bola rolando
Talvez até para dar confiança ao jogador – e também porque com PH suspenso o lado esquerdo era o mais forte do Tricolor -, Marcelo foi muito acionado no início da partida. O Paraná marcava adiantado, mas não era uma organização completa. Tanto que na primeira avançada do CSA, Rodrigo Pimpão teve espaço para cruzar e Paulo Sérgio apareceu entre Salazar e Hurtado para abrir o placar para os donos da casa.
Participando muito do jogo, Marcelo errava bastante. E numa dessas falhas começou o segundo gol alagoano. O mesmo Paulo Sérgio chutou, a bola bateu no braço de Salazar e o pênalti foi marcado e convertido. Com 2×0 contra, ficava evidente o descompasso tático do Tricolor. Ao mesmo tempo em que havia espaço para Higor Jhony e Higor Meritão apoiarem, o Paraná Clube tinha uma atuação péssima na defesa. Nas costas de Toninho, Andrigo fez o terceiro do CSA.
CSA x Paraná já estava resolvido com 23 minutos do primeiro tempo. Antes de pensar na improvável recuperação no jogo, o Tricolor tentava colocar ordem na casa – o que já não tinha acontecido contra o Náutico. Os donos da casa diminuíram bastante o ritmo, mas toda vez que chegavam à frente levavam perigo para Alisson, que estava muito irritado (na verdade a definição era outra, mas não dá pra escrever aqui).
Mudança radical
Do técnico muito conservador para alterar o time, Allan Aal foi ao extremo inverso. Fez quatro alterações no intervalo – algumas inclusive já poderiam ter sido feitas para o time titular. Com Vitinho, Andrey, Bruno Gomes e Bruno Xavier, o Tricolor só tinha Renan Bressan mantido do meio para frente. Uma ação do treinador que gerava surpresa, por ser completamente diferente de tudo que havia sido feito desde o início da temporada.
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Só que a porta já estava arrombada e o Paraná estava totalmente desorganizado. E por isso outra falha de Toninho deu a chance para Paulo Sérgio fazer 4×0. O duríssimo golpe sofrido em Maceió mostra que chegou a hora de rever os conceitos. O campeonato mudou, os adversários evoluíram e o Tricolor estagnou. Há oito dias para a próxima partida e Allan, os dirigentes e os jogadores terão esse tempo para entender que é preciso agir imediatamente.