Covid-19 assombra o Brasileirão; segunda rodada será jogada sob o domínio do medo

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E tivemos neste domingo (9) o primeiro jogo do Brasileirão suspenso por conta da covid-19, Goiás x São Paulo. Foto: Carlos Costa/Futura Press/Folhapress

Ninguém ficava falando à toa sobre os riscos de contaminação por covid-19 em atletas depois da volta do futebol. Foi preciso um dia para o protocolo da CBF fazer água. E três para que os primeiros jogos fossem cancelados. E hoje, no quarto dia desde a largada do Brasileirão, há um clima de pavor por conta do que pode acontecer nas próximas rodadas. Os times entrarão em campo sob o domínio do medo.

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O Campeonato Brasileiro começou oficialmente às 19h15 de sexta (7) com o jogo entre Cuiabá e Brasil de Pelotas. A Série B teve outro jogo, o do Paraná Clube contra o Confiança, em Aracaju. Aí surgiu a primeira bomba – o lateral Paulo Henrique testou positivo para covid-19. E veio o primeiro questionamento sobre os testes bancados pela CBF, e feitos pelo hospital Albert Einstein ou por laboratórios parceiros. Isso porque o jogador tricolor já tivera a doença.

Estávamos ali diante de um caso perturbador de segundo contágio? Ainda na sexta veio a discussão se o teste não teria dado o “falso positivo“. Mesmo assim, com testagem positiva para coronavírus, Paulo Henrique saiu de Curitiba, foi até Aracaju e conviveu com colegas em treinos, avião e hotel. Caso realmente contaminado, acabaria sendo um vetor. E o furo do protocolo? O lateral testou em Curitiba e o resultado saiu três dias depois, horas antes da partida, quando a delegação já estava a 2500 km de distância.

Covid-19 no futebol goiano

O sábado (8) trouxe um caso semelhante no Vila Nova, que iria enfrentar o Manaus pela Série C no Amazonas. O jogador com covid-19 é Pelezinho, destaque do Cianorte no Campeonato Paranaense. Só que ele passou pela mesma situação de Paulo Henrique. “Futebol deve estar vivendo num mundo surreal! Não se tem público, mas avião está lotado! Eita mundão da hipocrisia”, atacou o presidente Hugo Jorge Bravo, no Twitter.

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Pelezinho (10) cobrando falta em Coritiba x Cianorte, semifinal do Paranaense. Foi ele o jogador do Vila Nova diagnosticado com covid-19. Foto: Albari Rosa/Foto Digital

Mas ainda haveria o caso mais assombroso. No domingo (9), poucas horas do jogo contra o São Paulo, pela Série A, veio a notícia de que dez jogadores do Goiás – oito titulares – deram positivo nos testes encomendados pela CBF. O futebol brasileiro viveu horas de pandemônio até que, quase ao mesmo tempo, a entidade e o STJD decidirem pelo adiamento da partida.

Também neste domingo a CBF cancelou a realização de Treze x Imperatriz, também pela Terceirona. A razão era que doze atletas do time maranhense estavam com covid-19 segundo os exames. E claro que a delegação estava já em Campina Grande para o jogo, tendo passado por aeroportos e hotel.

E agora?

Ficou claro que o protocolo médico da CBF, escrito por alguns dos principais especialistas do País em infectologia, pode ser até perfeito no papel, mas não é possível de ser executado no nosso futebol. Até eu notei isso e escrevi sobre o assunto em 9 de junho. Há vários buracos, mas um ponto crucial – não há como transformar o esporte em uma bolha, “há tanta vida lá fora” e todos os envolvidos estão passíveis de contaminação.

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A manifestação indignada de Breno Calixto, zagueiro do Treze, que enfrentaria o Imperatriz neste domingo (9). Foto: Reprodução/Twitter

Mesmo que carregássemos o otimismo de acreditar que ninguém se contaminaria com o coronavírus nos estádios, ainda temos os ônibus alugados, os hotéis, os aeroportos, os centros de treinamento, as ruas, os mercados, os shoppings, os restaurantes, os elevadores… E, ainda pra piorar, temos testes inconfiáveis, como já havia sido mostrado com as trapalhadas dos exames do Bragantino no Campeonato Paulista.

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E como será a segunda rodada do Brasileirão? Como estão os jogadores do Goiás? O que pensam os jogadores do Athletico, que recebem (recebem?) o Esmeraldino na quarta-feira (12) na Arena da Baixada? E o Vila Nova? E o Manaus? E o Paraná Clube? E o Imperatriz? E os testes com resultados em cima da hora, serão revistos de verdade ou vai ser só papo? Os testes de outros laboratórios serão bancados pela CBF? As dúvidas só aumentam, e há poucas coisas mais angustiantes do que a incerteza.


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