Como numa partida, é o momento do contra-ataque. Para manter o calendário da volta do futebol, clubes e Federação Paranaense preparam uma ação coordenada nesta segunda-feira (15). O objetivo é convencer as autoridades de saúde de Curitiba, da Região Metropolitana e do governo estadual de que é possível manter os treinamentos. Os argumentos já estão preparados.
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Neste domingo (14), falei sobre o pandemônio causado pela decisão da prefeitura de Curitiba em ‘ativar’ o alerta laranja, suspendendo atividades não-essenciais e com isso parando com os clubes, desde os sociais até o Athletico, que treina na cidade. Apesar de ser apenas um clube atingido, o impacto é gigante, porque deixa a volta do futebol paranaense em suspense.
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Coritiba e Paraná Clube, que começam esta segunda sem impeditivos para treinar em seus CTs em Colombo e Quatro Barras, sabem que um posicionamento de Curitiba faz diferença para a Região Metropolitana. Por isso, a estratégia é manter contatos com as secretarias de Saúde das duas cidades, reforçando o protocolo médico e garantindo que não haja mudança no entendimento.
Cumprindo o decreto
Não há no Athletico nenhum interesse em peitar a prefeitura. Já está decidido que o clube vai acatar a decisão das autoridades de saúde e os treinos estão neste momento suspensos. Mas jogadores, comissão técnica e funcionários irão passar por novos testes de covid-19, que já estavam marcados e não serão cancelados. Integrado ao lobby que defende a volta do futebol, o Furacão quer mostrar que está tudo certo e retomar os treinos assim que houver uma autorização.
(Atualização das 7h30: em entrevista à RPC, a secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, disse que a prefeitura está aberta para conversar.)
E aí o plano é fazer a prefeitura de Curitiba compreender que os clubes profissionais são diferentes do que chamamos de ‘clubes sociais’. E por este caminho obter uma autorização para que o Athletico mantenha sua agenda – uma liberação que daria fôlego para os outros clubes negociarem com as prefeituras.
Pelo Estado
Há também uma forte expectativa sobre o que será dito pelo governo estadual. O aumento exponencial de casos é uma realidade não só em Curitiba – em Cascavel, por exemplo, a situação já está dramática por conta do alto índice de ocupação dos leitos de UTI. E a Federação Paranaense acompanha com atenção para tentar a defesa da volta do futebol.
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E aí haverá um apelo ‘humanitário’. Com um recuo nas medidas de isolamento social, é natural que o retorno do Campeonato Paranaense vá lá pra frente. Até porque os especialistas em infectologia preveem quatro semanas delicadas no combate ao coronavírus no Paraná. Contando que isso aconteça, o futebol só voltaria em agosto. O que pode inviabilizar alguns clubes.
Não será fácil
Os argumentos dos clubes e da FPF, somando à incoerência das autoridades, podem levar a uma manutenção dos treinamentos, com um cuidado redobrado – até porque há muita preocupação com excessos sociais da porta dos CTs para fora. Mas o alerta laranja de Curitiba e as manifestações preocupantes dos médicos deixam a volta do futebol na marca do pênalti.
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A mensagem do médico curitibano Clóvis Arns, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia – que era a favor do retorno das competições -, é de ficar de cabelo em pé.
Se conseguirmos convencer a população a seguir as medidas de isolamento social, provavelmente, conseguiremos voltar a ter a epidemia ‘sob controle’ em 4 a 6 semanas.
É em cima desse panorama que os cartolas vão tentar contra-atacar.
Opinião
Os dirigentes estão no seu direito de defender a volta do futebol. Claro que a volta foi apressada, isso foi dito lá atrás. Só que tenho certeza que pelo menos os seis times mais estruturados do Estado (Athletico, Cascavel, Coritiba, Londrina, Operário e Paraná) podem realizar seus treinamentos com todos os cuidados necessários.
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Mas, repito, o problema está da porta para fora. A falta de conscientização de muita gente – inclusive ligada ao futebol – provocou um crescimento dramático de casos de covid-19 e de óbitos registrados.
Foi esse clima de férias que tomou conta do Paraná que alarmou as autoridades. Neste contexto, o futebol corre risco de não ser visto como solução, mas como parte do problema.
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