A gente vive uma época de extremos. Não pode fazer nada que se é alvo de crítica. Somos errados se fazemos algo, se não fazemos, se fazemos diferente do que pensam. É um ódio tão estúpido por situações às vezes tão pequenas que eu, por mais que tente, não consigo entender. Nessa crise humanitária por conta da pandemia do novo coronavírus, as ditas ‘celebridades’ estão nos holofotes.
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Espera-se que elas contribuam de forma incessante, sempre mais do que se faz. Se fulano distribuiu 100 cestas básicas, é um safado porque doou pouco. Se ele entrega 1000, é um safado porque quer aparecer. Se não anuncia que distribuiu cestas básicas, é um safado porque não fez (em tese) nada. Em resumo, estamos sempre com o dedo apontado pra criticar.
Dito tudo isso aí em cima, o certo é que tem gente que ainda não percebeu o espírito da coisa.
Vemos alguns atletas – são essas as celebridades que nos dizem respeito – esbanjando e se comportando de forma estranha para o momento de extrema gravidade que vivemos. Não quero que ninguém só fique sofrendo e chorando por causa do coronavírus, precisamos manter a saúde mental, mas temos que dar a medida do que acontece. E não postar fotos de churrascos, stories de futevôlei, turmas reunidas e tal.
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Referências
O exemplo dado por Cristiano Ronaldo e principalmente Messi ecoa pouco por aqui – fizemos matéria sobre isso, inclusive. Os dois, principais jogadores do planeta e estrelas que avançam na cultura pop, agem sem alarde, estão colaborando com entidades e servindo como referências a muita gente que respeita e acompanha tudo que eles fazem.
Fico feliz de ver que meus ídolos no futebol estão engajados na luta contra o coronavírus. A geração da Copa do Mundo de 1982 tinha um diferencial para as seleções brasileiras de antes e de depois. Era um grupo de cidadãos. De gente mais preparada. Todos? Certamente não, mas você tinha homens conscientes de suas posições na sociedade.
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Além de brilhantes em campo, Oscar, Júnior, Falcão, Zico e Sócrates eram cidadãos de caráter. Sócrates é uma ausência muito sentida nesses tempos de Brasil polarizado e sem consciência. Os outros quatro seguem firmes e fortes. Foram exemplos pra jogadores da mesma época, como Leandro, Cerezo e Éder, e pra outras gerações de craques.
O que fica?
Tive três momentos na carreira em que a emoção superou a razão. Trabalhar com Júnior numa transmissão da Rede Globo, receber um abraço virtual de Leandro (graças ao irmãozinho André Pessôa) e conhecer Zico pessoalmente – e ainda com ele explicando a forma de jogar do Flamengo de 1981!
São momentos que ficam, e são pessoas que você passa a respeitar ainda mais. Eles estão no vídeo abaixo, junto com outros jogadores daquela seleção de 1982. A presença deles nessa iniciativa tão relevante da CUFA só aumenta a admiração a esses jogadores, que fizeram com que eu me apaixonasse pelo futebol.
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