Coritiba x São Paulo teve o resultado que os dois times poderiam oferecer, o empate. Só que o Coxa saiu na frente e perdeu dois pontos com o 1×1 da tarde deste domingo (4) no Couto Pereira. E isso aconteceu porque o técnico Jorginho parece não ter nenhuma solução no futebol que não seja jogar na retranca. Um esquema que pode impedir o Alviverde de perder algumas partidas, mas que deixa as vitórias muito distantes.
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E desse jeito é difícil sair das últimas posições do Campeonato Brasileiro. A forma covarde como o Coritiba se apresentou impediu que o triunfo acontecesse. E é só jogando para ganhar que se mude o cenário de luta contra o rebaixamento. Neste domingo, se o adversário fosse minimamente organizado, seria difícil escapar de uma derrota. Como era o time de Fernando Diniz, foi possível o empate.
Mudando sem mudar
Havia uma grande expectativa para o time que Jorginho iria escalar. Mas, quando veio a confirmação, as alterações promovidas chegaram a decepcionar a torcida. Matheus Bueno, o único dos volantes que conseguia sair para o jogo, tinha sido barrado. Eram três marcadores natos no meio-campo: Matheus Sales, Ramón Martínez e Hugo Moura. Em resumo, era novamente um Coritiba bastante defensivo, porque quem tem que levar a bola para o ataque eram os volantes.
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Na frente, o treinador apostou no jovem Guilherme Biro, da base alviverde, para jogar em uma das extremas. Pelo menos era um jogador de mais velocidade. Mas Ricardo Oliveira não tinha sido nem relacionado, Neílton ficava no banco e a única opção ofensiva em campo era Robson. Entre os reservas, inclusive, havia uma situação simbólica: dos doze jogadores, dez atuavam do meio para frente. Já no time titular…
O São Paulo, também sob pressão, vinha com um time mais ofensivo. Fernando Diniz decidira deixar apenas Tchê Tchê à frente da defesa, com Daniel Alves, Gabriel Sara e Igor Gomes tentando criar as jogadas para Pablo e Luciano. Apesar de ter jogadores de grande qualidade, o tricolor paulista não conseguia fugir do ‘dinizismo’ de ficar trocando passes sem objetividade – o que ajudou a tirar o time precocemente da Libertadores.
Coritiba x São Paulo: o jogo
O primeiro lance ofensivo do Coritiba foi o do gol, após minutos de jogo apenas no campo do São Paulo. E outra vez Robson, como sempre, resolveu – cobrando falta com muita qualidade. Se o Coxa tinha começado num posicionamento defensivo, aí era ficar todo mundo atrás da linha da bola. O time de Fernando Diniz, desarrumado como só ele sabe fazer, dava muito espaço entre o meio e a defesa, e era por ali que o contra-ataque poderia sair.
A vantagem no placar permitia ao Coritiba se posicionar mais da forma que Jorginho gosta. Como tem problemas sérios de construção ofensiva, o São Paulo parava na barreira de marcação. Só que é aquela coisa – os paulistas iriam ficar rondando mais o campo alviverde. Eram 21 jogadores no setor defensivo coxa, os onze do Coritiba e os dez de linha dos visitantes. Seria preciso ser 100% eficiente na marcação.
A sorte alviverde era a imensa dificuldade tática do São Paulo. A ponto de Daniel Alves, um dos melhores jogadores do mundo, virar um meio-campista comum. Só que mesmo assim era só o time de Diniz que jogava. O primeiro tempo terminava com o Coritiba tendo apenas uma finalização a gol, a falta que Robson cobrou. E Tiago Volpi jogando quase no meio-campo.
Etapa final
Vítor Bueno e Brenner foram as apostas são-paulinas para tentar furar o bloqueio alviverde. O panorama tático não iria mudar, com o jogo dentro do campo do Coritiba. E seguia sendo muito arriscado, apesar da incrível desorganização dos visitantes. Em um lance o cruzamento era cortado por Rodolfo, em outro por Sabino, mais tarde Luciano estava impedido. E a bola seguia lá perto do gol de Wilson.
É uma estratégia arriscada demais, porque qualquer deslize pode ser fatal. Foi o desvio no braço de Hugo Moura que acabou virando pênalti a favor do time paulista. Reinaldo cobrou e empatou. E agora, o que faria o Coxa? Claro, ficaria na retranca. E Wilson tendo que se virar no chute de Daniel Alves. Só aos 27 minutos Jorginho pareceu tentar equilibrar o time, colocando Neílton no lugar de Hugo Moura.
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Mas não adiantava só trocar – Neílton ficou lá de secretário de lateral, marcando Reinaldo. E aí a culpa não é do jogador, mas de quem organiza o time, orienta os jogadores, implanta sua filosofia. O Coritiba chutou apenas três bolas em todo o jogo, ficou todo na defesa e acabou a partida como começou, retrancado para evitar um gol do São Paulo. Será que Jorginho só sabe fazer isso?