Quando se olhou para a tabela do Campeonato Brasileiro, o jogo Coritiba x Flamengo era um daqueles que mesmo os torcedores alviverdes olhavam sem muita confiança. Afinal, a diferença técnica entre os times é muito grande. Então, não foi fora do normal a derrota por 1×0 na noite deste sábado (15), no Couto Pereira. Mas, sem pontos e sem gols no Brasileirão, o Coxa precisa agir de uma vez.
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Não é por perder para os atuais campeões. É pelo imobilismo da diretoria, principalmente do presidente Samir Namur e do gestor do futebol Rodrigo Pastana. Todos sabem que a situação do clube não é fácil. Mas é preciso reagir, e não achar que o problema é fruto do imponderável: a falta não marcada, a lesão no treino, a bola que não entra. Além da preocupação exagerada nas coisas erradas, como a trapalhada de Pastana ao falar de Jadson. Eu, por sinal, não me surpreenderei com a saída do cartola.
Apesar de não ser o principal responsável, Eduardo Barroca precisa ser cobrado por algumas decisões erradas – táticas e técnicas. Os jogadores também, porque a produção pode ser melhor, mesmo com as carências conhecidas. E os dirigentes precisam assumir a responsabilidade, porque o Coritiba perdeu três jogos (são cinco derrotas seguidas) e parece que nada aconteceu, tá tudo bem.
Mais mudanças
O Coritiba entrava em campo diferente. Como ficara evidente que o grande problema estava no meio-campo, e do outro lado estava o Flamengo, Eduardo Barroca fez alterações. Apesar de manter Nathan Silva, seu homem de confiança, escalou Renê Júnior ao lado de Matheus Galdezani para tentar fortalecer o setor. E Yan Sasse, também pronto para ajudar na marcação, era um dos extremas. Com a volta de Rhodolfo e a efetivação de Jonathan na lateral-direita, o plano era ser ‘agressivo’, prometia o treinador em entrevista ao Premiere.
O Flamengo tinha César no gol e João Lucas na lateral. De resto, o time campeão brasileiro, e se esperava como Domènec Torrent posicionaria a equipe. Será que exigiria mais estrutura do seu ataque? Ou daria liberdade para que Everton Ribeiro, Arrascaeta, Gabriel e Bruno Henrique pudessem fazer a troca de posições que notabilizou a equipe?
Coritiba x Flamengo: o jogo
E o time carioca começou com o tal ‘jogo posicional’: um 4-2-3-1 com Bruno Henrique centralizado e atrás de Gabigol. Sem movimentação, nem Gerson e William Arão conseguiam fazer a bola chegar. E o Coxa mais uma vez iniciava marcando à frente. A linha de meio-campo tinha trocas de posição, com Renê Júnior tendo liberdade para chegar à frente e Matheus Galdezani mais à direita. Desta vez, Robson era atacante mesmo, ao lado de Igor.
O Coritiba conseguia impedir os avanços adversários, mas de uma hora para outra a turma de frente flamenguista resolveu se soltar. Assim surgiu a primeira oportunidade dos visitantes, quando Gabriel foi para a esquerda e abriu espaço para Arrascaeta assustar. Antes, Robson teve ótima oportunidade, vindo pelo meio e aproveitando que Gerson é menos combativo.
A movimentação do Flamengo era uma ameaça real para o Coxa. E como ela continuou, os donos da casa passaram a ser dominados. Os espaços apareciam, os jogadores trocavam de posição, Wilson fazia seu milagre de cada jogo. Os bons 15 minutos alviverdes ficaram no caminho – coincidência ou não, o fato que já acontecera nas outras partidas deste Campeonato se repetia em Coritiba x Flamengo.
Missão impossível
A mudança de perfil do confronto tinha a marca do jogo funcional que o Flamengo imprimiu na era Jorge Jesus, mas podia ser personificada em Arrascaeta. Quando ele se soltou das amarras de jogar só na esquerda, o uruguaio tomou conta do jogo. Não foi à toa o primeiro gol ter sido dele. E explica bem como os cariocas envolvem os adversários – Bruno sai do centro para a esquerda, faz o cruzamento, Gabriel e Arrascaeta atacam a bola, o camisa 14 abre o placar.
Era aquela sensação de ‘missão impossível‘ que se tinha desde que a tabela do Brasileirão foi divulgada. Juntando a isso a dificuldade de jogar, principalmente porque a saída de bola alviverde era toda quebrada, o Coritiba não passava a confiança de que conseguiria buscar o empate – o que, dentro do atual contexto, seria um bom resultado mesmo jogando no Couto Pereira.
As chances seriam raras, e sempre faltava um toque de qualidade – o passe de Robson que não chegava em Igor, Galdezani tentava um drible em vez de chutar, Jonathan adiantava a bola o suficiente para não ter controle do arremate, Igor perdia o domínio na arrancada. Apenas pela esquerda, com Sabino e William Matheus, surgia uma possibilidade de acerto. Era pouco para ameaçar o Flamengo.
Segundo tempo
Na base da luta, o Coritiba tentou pressionar na volta do intervalo. Mas Renê Júnior foi expulso infantilmente – hoje não me arrisco a dizer sobre o futuro do volante no Alto da Glória. Eduardo Barroca arriscou e colocou Neílton e Sassá nos lugares de Yan Sasse e Robson. Com um a menos, o Coxa se abriu todo. E além de não conseguir chegar no ataque, dava todo o espaço para o Flamengo. Em minutos, os visitantes tiveram quatro chances de ampliar.
Era o momento “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Mas não dava para ser tão assim, e Matheus Bueno entrou no lugar de Igor Jesus. E como a fase é complicada, quando acontece o lance maluco, a bola não entra, como foi o chute de Galdezani que bateu em Léo Pereira, explodiu na cabeça de Sassá e foi mansinha até a trave. Naqueles minutos de desespero, Bueno e Neílton mostraram que são titulares neste Coritiba.
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Não se podia mais uma vez reclamar de falta de luta. Era a dificuldade técnica que já se fizera presente contra o Internacional e contra o Bahia – e que ficava mais evidente contra o Flamengo. A cartada final de Barroca foi a entrada de Ruy, para tentar arriscar um chute de média distância. Mas não era suficiente. O Coritiba perdia a terceira no Brasileirão. E a torcida espera por atitudes.
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