Nos próximos dias acontecerá – online, claro – a Assembleia Geral dos sócios do Coritiba. Na pauta, o adiamento ou não das eleições para a presidência do clube de 12 de dezembro deste ano para 6 de março de 2021. De forma mais simples, vai se decidir se o pleito alviverde ocorre durante ou depois do Campeonato Brasileiro. Só que essa discussão, no final das contas, vai se tornar em um plebiscito sobre a gestão do presidente Samir Namur. E o primeiro ato de uma eleição que vai pegar fogo.
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Foi uma surpresa o pedido de adiamento das eleições feito por um grupo de 39 conselheiros do Coritiba – tanto que dias depois surgiu um termo assinado por 46 outros conselheiros pedindo a manutenção da data. Diante dos dois pedidos, o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Marcelo Licheski, preferiu submeter o assunto a todos os sócios, em vez de convocar uma reunião extraordinária.
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O pedido de adiamento era polêmico e a decisão em convocar os sócios também foi. Para quem quer que a eleição seja só em março, havia a sensação que a proposta passaria no conselhão, e que talvez não seja tão simples aprová-la através dos votos dos associados. Há também quem diga que o estatuto do Coritiba não está sendo seguido. Mas, no âmago da questão, tudo é política.
Cenário tumultuado
As eleições no Coritiba normalmente não são tranquilas. Já tivemos casos inacreditáveis, pleitos decididos por um voto e reviravoltas. Mesmo quem possa parecer favorito não pode achar que está tudo decidido. Pelo menos três das últimas votações tiveram candidatos considerados eleitos e que acabaram derrotas. Além disso, o período eleitoral reabre feridas que pareciam fechadas.
E é o que se apresenta neste momento também. A tentativa do ex-presidente Giovani Gionédis em costurar um candidato de consenso parou no desejo de Renato Follador e João Carlos Vialle em serem o cabeça da chapa. Uma peça importante nesse quebra-cabeça, o ex-presidente Vílson Ribeiro de Andrade, está entrando de maneira espetacular na disputa se unindo a Namur e Gionédis – e talvez até com Vialle. E há também Paulinho Mago, que garante que vai ser candidato.
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Então, o que tentou-se fazer consenso pode virar um bate-chapa histórico. E que começa pra valer com a Assembleia Geral que acontecerá nos próximos dias. Porque a oposição à diretoria quer que a eleição aconteça de uma vez – se pudesse, até antes de dezembro. Já a situação prefere aguardar o final do Campeonato Brasileiro.
Razões e emoções no Coritiba
A preocupação de todos – eu imagino – é com a situação do Coxa no Brasileirão. Em momento difícil e tentando reforçar o time (Sarrafiore está chegando, Cerutti vem em outubro, Felipe Vizeu está no radar), a alegação oficial pelo adiamento é para que a disputa política não atrapalhe o futebol. Mas aí eu pergunto, aqui de longe: marcando a eleição para março, a corrida eleitoral não vai rolar em cima das rodadas finais do campeonato?
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No final das contas, a decisão dos sócios sobre o adiamento ou não se tornou um referendo sobre a gestão de Samir Namur. Se apenas a diretoria – através de sua base no Conselho – apoiar a transferência para março, a Assembleia Geral dará o primeiro panorama sobre as eleições no Coritiba: se uma candidatura do presidente terá ou não força para disputar a reeleição.