O Campeonato Paranaense voltou no final de semana tentando manter um cenário de normalidade diante do possível. A bola rolou em meio a uma série de desobediências de decretos municipais, da falta de empatia de muita gente, à falta de coerência dos governantes e uma pandemia que só se espalha pelo estado. E o que ficou dessa ida das quartas de final?
Certezas
Queda do poder dos mandantes
Como já se vem notando nas ligas que retomaram suas atividades, o fator casa é um elemento que perdeu muita força. Na primeira impressão do Campeonato Paranaense, nenhum mandante venceu – Paraná Clube (Coritiba), Cianorte (Operário) e Rio Branco (FC Cascavel) perderam, e o Londrina empatou com o Athletico.
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Jogos com portões fechados normalmente já equilibram as coisas. E acabam gerando mais lógica aos resultados, porque quem tem mais time não tem obstáculos emocionais para se impor. E aí nem com alto-falante tocando grito de torcida vai fazer diferença.
Rendimento físico
Não houve, como na Europa e até no Rio de Janeiro, o processo todo de readaptação física dos jogadores. Por mais que você possa pensar “ah, mas é o que eles fazem a vida inteira“, ficar quatro meses sem jogos dificulta o retorno em alto nível. Além disso, nem mesmo quem treinava há mais tempo teve treinos coletivos.
A dificuldade física gera um efeito dominó – cai a intensidade, diminui a movimentação, afeta o jogo coletivo, influencia o rendimento técnico. E aumenta o risco de lesões, como foi a de Renan Bressan. Então, os jogos do Campeonato Paranaense foram ruins, mas é preciso ter o espírito desarmado para não achar tudo horrível.
Diferença técnica
Em um cenário como o apontado acima, claro que o talento fica mais decisivo ainda. Mesmo que tenha sido melhor que o Londrina no todo do jogo, o Athletico correu risco de perder a partida – e, numa análise fria, isso só não aconteceu porque Santos pegou um pênalti. No clássico Paratiba, uma jogada bem executada de Rafinha terminou no gol de Robson, o suficiente para o Coritiba vencer o Paraná.
FC Cascavel e Operário também são superiores tecnicamente a Rio Branco e Cianorte. E por isso encaminharam a classificação para a semifinal.
Dúvidas
Pandemia não acabou
Do jeito que o final de semana foi encarado pela população, parecia que a vacina contra o coronavírus tinha chegado e era hora de festejar. Em Curitiba, o desrespeito à bandeira laranja foi agressivo – nem mesmo as barreiras no Parque Barigui foram suficientes para impedir que o local ficasse lotado.
Só que os números continuam subindo, há um receio enorme das autoridades com o que vem por aí e na prefeitura de Curitiba fala-se claramente em possibilidade de lockdown. Temos cinco clubes com infectados – Athletico, Coritiba, Paraná, Operário e FC Cascavel. O pós-rodada é decisivo pra continuidade do Campeonato Paranaense.
Adoção do protocolo
“Tem lugar que não dá pra jogar“. Foi assim que um funcionário ligado ao futebol do Athletico resumiu o fato do jogo com o Londrina ter passado para Cornélio Procópio. Escolhido em cima da hora, o estádio Ubirajara Medeiros teve que ser adaptado às pressas para receber uma partida com o novo protocolo médico.
Foi lá também que os torcedores fizeram pequenas aglomerações para assistir à partida, em lajes de casas próximas ao estádio. Os clubes vêm fazendo apelos para que ninguém vá para o entorno dos campos, mas tem gente que não tem noção do perigo – ou simplesmente não tem noção.
Evolução dos times
A pressa em voltar com o Campeonato Paranaense tinha duas razões decisivas: a necessidade da maioria dos clubes receber o dinheiro dos direitos de transmissão e a proximidade do Campeonato Brasileiro. Só que esse retorno todo atribulado não ajuda em absolutamente nada – pior, pode atrapalhar ainda mais.
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Em casos como os de Athletico e Paraná, ainda há a certeza de que o time titular do Paranaense não vai ser o do Brasileirão, pelas contratações já realizadas. Além de tudo isso, existe ainda o fato de que esse retorno, pra pelo menos quatro equipes, só terá dois jogos. Aí não tem ritmo de jogo que se conquiste.
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