Na surdina – à sorrelfa, como diziam os antigos -, a CBF divulgou o calendário 2021 do futebol brasileiro. E o anúncio mostrou que a entidade fez o que se julgava impossível: colocou a girafa na casa do cachorro. Com onze datas a menos que o habitual para a realização de partidas, simplesmente foi pego o mesmo plano de 2020 e enfiado (me perdoem o termo) no ano que vem. Tudo para atender aos anseios comerciais da CBF e das federações.
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Não houve redução de datas nos campeonatos estaduais, vamos ter jogos dos campeonatos nacionais durante Copa América e Jogos Olímpicos e nem mesmo a parada das datas Fifa vai acontecer. Em resumo, vai ser uma zona maior que a deste ano – só que tivemos uma pandemia agora, e tudo leva a crer que a situação estará menos pior em 2021.
É uma vergonha. CBF e federações estão sapateando na cara da sociedade, pensando apenas nos seus benefícios e jogando clubes e atletas às feras. E a entidade maior (?) do futebol brasileiro aproveita uma noite de rodada cheia do Campeonato Brasileiro pra lançar o calendário 2021, para tentar ‘diluir’ o assunto. Mas não deu certo.
Calendário 2021 é insano
A primeira barbaridade do calendário 2021 do futebol brasileiro é iniciar os campeonatos estaduais apenas quatro dias depois do final do Brasileirão de 2020, que tem a última rodada marcada para o dia 24 de fevereiro. Usando a alegação de que os atletas já tiveram férias, vão enfiar (perdão de novo pelo termo) goela abaixo dos clubes essa insanidade.
Isso quer dizer que os vinte times que jogam a Série A vão largar os estaduais. Quem for bem e garantir título ou vaga na Libertadores vai com certeza dar férias aos jogadores. E quem for mal não terá tempo algum para reformular seu elenco. Portanto, não podemos exigir que estes clubes entrem nos seus campeonatos regionais com interesse total. Pelo contrário, a decisão só vai tirar ainda mais os principais times (incluo aí os da Série B) pelo menos das rodadas iniciais.
E nada, absolutamente nada justifica a manutenção das 16 datas dos estaduais – no caso do Paranaense, ainda pior, pois são 17 datas. Tenham certeza que não é por nenhum motivo nobre, de defesa dos clubes do interior. É por causa, na maioria dos estados, por conta do quinhão dos direitos de transmissão recebidos pelas federações. E como são elas que elegem o presidente da CBF, tá fechado o círculo.
Um jogo atrás do outro
Aí, vamos ter partidas praticamente todos os dias mais uma vez, porque a temporada precisa acabar em 6 de dezembro. O motivo é simples: 2022 é ano de Copa do Mundo, então o tempo para as competições de clubes fica reduzido. Mas isso será feito à custa do desgaste dos atletas. Estamos apenas na quarta rodada do Campeonato Brasileiro e as lesões musculares já assustam. E a previsão é que sigamos nessa rotina doida por mais 15 meses, sem parar.
Agora espero para saber a reação dos clubes. Alguns andam gritando sobre vários temas, mas não se debruçam sobre os problemas básicos do futebol, que afetam diretamente a qualidade do jogo. Sem tempo para treinar, sem descanso para os jogadores, o nível do nosso futebol vai cair, e isso afasta investidores. Impacto para os clubes, porque a CBF se garante com a seleção e as federações com seus tostões dos estaduais.
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Que a união dos clubes, tão propalada nos últimos meses, exista para contestar esse calendário 2021. É abusivo para os atletas, ofensivo aos clubes. E só agrada aos cartolas do ar condicionado. Eles, que não vão para o front enquanto o mundo do futebol luta contra a covid-19, dão mais um passo pra apequenar o futebol brasileiro.
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