Às vésperas de voltar a defender a liderança da Série B, os jogadores do Paraná Clube admitem: estão no limite. Os sucessivos atrasos de salários têm minado não só suas contas bancárias como a paciência do elenco.

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Resta saber se a série de promessas não cumpridas cobrará seu preço ou não a partir de terça-feira, quando o Tricolor volta a campo para enfrentar o Icasa. “Já tivemos umas quatro ou cinco promessas nesses seis meses, mas não temos outra alternativa senão acreditar”, afirma o goleiro Juninho, que ontem foi o porta-voz do grupo, para transmitir o sentimento dos jogadores.

Eles não escondem que a falta de dinheiro atrapalha e muito no dia a dia. “No jogo, a gente até deixa isso de lado. Mas, é difícil trabalhar sem uma perspectiva, sem saber se o salário virá ou não”, disse um jogador, resumindo o sentimento que move o grupo.

Alguns têm recebido ajuda daqueles que possuem uma maior reserva financeira. Situação que se estente também aos funcionários. “Já tive até que me empenhar com um empréstimo no banco. Está difícil”, completou o mesmo jogador, que pediu resguardar seu nome para não sofrer represálias.

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Na prática, faz um ano que o Paraná não consegue manter salários em dia. Os que mais sentem essa questão são os remanescentes, como Murilo, João Paulo e Luís Henrique.

“É ruim, porque no fundo a gente acaba cobrando os dirigentes e deveria ser o contrário. No papel, a diretoria é quem deve cobrar dos atletas e aqui ocorre o oposto. Mas vamos lá”, desabafa Juninho.

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Ao lado de Luís Henrique, o goleiro assume uma posição de liderança e sabe que terá função decisiva não apenas dentro de campo. “Nesta hora, a gente serve também como conselheiro. Já orientei, por exemplo, um dos garotos a não buscar a Justiça. Isso é uma questão que devemos resolver aqui. E vencendo os jogos”, disparou o camisa 1 do Paraná.

Há mais de um mês sem jogar, e com algumas “baixas” momentâneas, como os zagueiros Irineu e Luís Henrique – lesionados , o Paraná vive momentos de turbulência, com direito a greve e promessas de que os salários atrasados serão pagos até o fim do mês.

Até a data limite estabelecida pelo presidente Aquilino Romani, o Tricolor fará quatro jogos, contra Icasa-CE e Brasiliense-DF, fora, e Guaratinguetá-SP e Nático-PE, na Vila Capanema.

E é aí que entra o técnico Marcelo Oliveira. Afinal, o desempenho da equipe, até aqui, se deve muito à ação do treinador, que soube aglutinar o grupo e dissipar focos de insatisfação.

Com a liderança de Marcelo Oliveira, o Tricolor vai buscar a paz, terça-feira, na terra de Padre Cícero – Juazeiro do Norte-CE. “No futebol, só há uma verdade: resultado. Então, vamos buscar uma vitória para seguir na ponta da tabela. O resto, a gente deixa para o presidente”, disse Juninho.